Em trabalho passei nos últimos meses por duas cidades muito diferentes: San José (Costa Rica) e Dubrovnik (Croácia). A estadia em ambas foi curta e as impressões necessariamente superficiais. Partilho as impressões sobre ambas sem querer aconselhar nenhuma (isso fica a cargo do gosto pessoal); mas retiro uma lição.San José pareceu-me uma cidade turisticamente irrelevante. O resto, de que tão apreciativamente me falaram (praias e vulcões) não vi – exceto o vislumbre de um vulcão. San José não tem grandes avenidas, belos monumentos, luxo impressionante. Mas tem um maravilhoso mercado para os locais – e, sim, também para os visitantes. E tem gente e vida e comida local – embora nos sítios mais turísticos, com uma certa propensão para a “cozinha” americana.Dubrovnik é o contrário: uma joia bem mantida e brilhante; a cidade onde foram rodadas as cenas de King’s Landing em Game of Thrones. É uma cidade instagram, para admirar e fotografar. No centro não me parece sítio para viver. É como me dizia um amigo, fake e autêntica ao mesmo tempo.O mal da transformação das nossas cidades é que, se os locais forem tirados das casas, ficamos como conchas lindas sem nada dentro, cidades sem alma nem gente. É por isso que importa preservar o equilíbrio, quanto mais não seja porque as nossas cidades sem a vida própria são como um franchise do turismo global: limpas, perfumadas, iguais e irrelevantes.O conteúdo O elogio das cidades feias aparece primeiro em Revista Líder.