O deputado estadual Lucas Bove (PL-SP) fez um pedido à Justiça para que seja cumprido o sigilo sobre as acusações de violência doméstica feitas por sua ex-esposa, Cíntia Chagas.Por meio de seus advogados, o parlamentar afirma que a influenciadora teria descumprido uma ordem judicial que proíbe a divulgação de informações do processo.“A implicada constantemente publica em suas redes sociais informações sigilosas vinculadas aos fatos mentirosos em apuração, desobedecendo a ordem judicial.”Os advogados acrescentam, ainda, que estão “buscando apenas a isonomia no processo”. Leia Mais Governo sanciona lei que criminaliza tatuagens e piercings em pets Moraes nega pedido de Bolsonaro para anular delação de Mauro Cid Trama do golpe, joias e Abin Paralela: os processos de Bolsonaro Procurada pela CNN, a defesa de Chagas alega que a solicitação de sigilo do deputado “revela-se absolutamente descabida e juridicamente aberrante”.“Trata-se de mais um capítulo da revitimização processual, em que se busca colocar no banco dos réus a mulher que teve coragem de denunciar, enquanto o verdadeiro investigado tenta, por vias tortas, se esquivar das imputações que contra si recaem.”Cíntia denunciou o ex-marido ainda no ano passado por violência doméstica ocorrida durante o relacionamento.O caso levou a abertura de um processo de cassação de mandato de Bove na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) por quebra de decoro parlamentar.Veja as notas de defesa na íntegra:Defesa de Lucas BoveO Deputado Lucas Diez Bove, através de seus advogados Daniel Leon Bialski e Mauricio Felberg, reestabelecendo a verdade, esclarece que a Justiça impôs, corretamente, à influenciadora Cintia Maria Chagas, a proibição de divulgar informações constantes em processo sigiloso.No entanto, mesmo após a ordem judicial, a implicada constantemente publica em suas redes sociais informações sigilosas vinculadas aos fatos mentirosos em apuração, desobedecendo a ordem judicial, razão pela qual a Defesa requereu única e exclusivamente a instauração de inquérito policial para apurar o delito de desobediência, bem como que fosse formulada ressalva de expressa proibição de novas publicações, e não a decretação de prisão preventiva.Por fim, esclarece que o procedimento tramita sob segredo de justiça, de modo que a informação acerca da petição desta defesa não poderia e nem deveria ter sido divulgada publicamente, vez que tal atitude caracteriza os delitos previstos nos artigos 153, §1º-A, do Código Penal e 10 da Lei 9.296/96, e que será alvo de novo requerimento visando buscar a autoria e participação nesse criminoso vazamento.Defesa de Cíntia ChagasA pretensão de Lucas Bove de que Cintia Chagas seja privada de sua liberdade com base em meras ilações e pela manifestação do pensamento, revela-se absolutamente descabida — e juridicamente aberrante. O que se constata, com perplexidade, é o uso indevido do processo penal para fins de intimidação, em nítida tentativa de inverter os papéis entre agressor e vítima. Trata-se de mais um capítulo da revitimização processual, em que se busca colocar no banco dos réus a mulher que teve coragem de denunciar, enquanto o verdadeiro investigado tenta, por vias tortas, se esquivar das imputações que contra si recaem. É inadmissível que o sistema de justiça se preste a esse tipo de manipulação, sob pena de se transformar em instrumento de perpetuação da violência de gênero.*Sob supervisão de Renata Souza