O leilão de blocos exploratórios de petróleo no Brasil, marcado para esta terça-feira (17), tornou-se ainda mais atrativo após o conflito mais recente entre Israel e Irã lembrar investidores que o setor tem no país da América do Sul um ambiente seguro para negócios, disse o presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP) à Reuters na véspera.Roberto Ardenghy explicou que além de elevar os preços do petróleo às vésperas do certame, a escalada dos conflitos no Oriente Médio ocorre enquanto o Brasil tem se mostrado um país bastante estável, no cumprimento aos contratos, e se colocado como uma boa alternativa como supridor do mercado global.O leilão, organizado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), prevê a oferta de 172 novos blocos para exploração de petróleo e gás para uma indústria brasileira ávida por novas reservas, uma vez que já projeta o pico da curva de produção para o início da próxima década.VEJA TAMBÉM: A Super Quarta acontece amanhã: qual será a decisão de Gabriel Galípolo? Confira a cobertura completa do Copom com análises exclusivas“Há uma natural tendência de que o leilão amanhã seja bem-sucedido por essa questão também, de que nós estamos longe daquela confusão (do Oriente Médio), somos uma região que tem petróleo”, afirmou Ardenghy, pontuando que a situação naquela região não deve se resolver a curto prazo.Segundo ele, o posicionamento geográfico do Brasil permite ainda o acesso a diversos mercados importantes.“Você vê que saindo um petroleiro daqui do Brasil, ele pode ir para a Ásia, ele pode ir para a Europa, ele pode ir para os Estados Unidos, sem nenhum problema, sem nenhuma restrição, não é como no Estreito de Ormuz, com o qual está todo mundo preocupado”, adicionou.Ardenghy ressaltou que o cenário no Oriente Médio também mostra a importância de um país como o Brasil ter independência e segurança energética, já que em sua avaliação o petróleo permanecerá sendo importante, apesar do cenário de transição energética.“Nós precisamos urgente identificar novas reservas. A partir da oferta do leilão, a gente levaria de 11 a 12 anos para começar a produzir petróleo (considerando fazer) a descoberta, depois fazer toda a instalação do equipamento, começar a produzir. E o Brasil hoje tem uma independência, uma relação reserva-produção de 14 anos”, afirmou.“Então, uma matemática de padaria já mostra que esse leilão e os outros que a ANP está planejando são muito importantes.”O leilão, sob modelo de concessão, ofertará áreas nas bacias marítimas de Foz do Rio Amazonas, Santos, Pelotas e Potiguar, além da bacia terrestre de Parecis.Ardenghy disse acreditar que ações na Justiça que pedem a suspensão do leilão, inclusive por questões ambientais, não devem prosperar. Ele defendeu que a ANP cumpriu todos os requisitos legais necessários para o certame.Ao todo, 12 empresas apresentaram declarações de interesse e garantias de oferta para os setores em oferta. Além disso, há 31 empresas inscritas aptas a apresentar ofertas na sessão pública, incluindo grandes petroleiras como Petrobras, Exxon Mobil, Shell, BP e TotalEnergies.Petróleo: Atratividade das áreasEspecialistas apontam grande potencial para ofertas para áreas em Santos, atualmente responsável por 78% da produção de petróleo do Brasil e com ampla infraestrutura instalada, e na Bacia de Pelotas, após descobertas feitas na Namíbia, na África, e que compartilham geologia semelhante.“Naquela área (Namíbia), já foram identificadas várias reservas excelentes de petróleo… é a mesma formação geológica, então, a probabilidade de uma empresa começar a perfurar em Pelotas e encontrar uma quantidade muito grande de óleo, e de boa qualidade, é muito grande”, disse o economista e consultor no setor de óleo e gás, Aldren Vernersbach, à Reuters.Enquanto isso, o interesse na Foz do Amazonas é vista como incerto, diante de dificuldades de petroleiras obterem licença ambiental para perfurar a região, apesar de já terem direitos exploratórios adquiridos.“Acreditamos que as operadoras só voltarão seus interesses para a Bacia da Foz do Amazonas somente após a Petrobras obter a aprovação final de seu pedido de perfuração”, disse a analista sênior da Wood Mackenzie Glauce Santos.O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que o governo espera arrecadar ao menos R$ 150 milhões em bônus de assinatura com áreas a serem negociadas no certame.“Esse é o valor de referência da ANP”, explicou Silveira à Reuters. Ele explicou ainda que, como é um leilão, o montante previsto “pode subir”, mas não detalhou eventuais expectativas de alta.A concorrência ocorre ainda após o Brasil não ter ofertado novas áreas em 2024, quando a ANP se dedicou em fazer uma revisão dos blocos exploratórios disponíveis e das cláusulas dos editais. Antes disso, o último ano sem leilão no Brasil foi em 2016.