O aumento da percepção de risco fiscal, diante da resistência do Congresso ao novo decreto do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), tirou força do real na sessão desta quinta-feira (12). Apesar da onda global de desvalorização da moeda americana, após leitura benigna da inflação ao produtor nos Estados Unidos, o dólar apresentou leve alta no mercado local e voltou a fechar na casa de R$ 5,54.O governo publicou na quarta-feira à noite a Medida Provisória com alterações como taxação de letras financeiras imobiliárias e do agronegócio e aumento da tributação de bets e do setor financeiro, além do novo decreto a respeito do IOF, com recalibragem de alíquotas. O dólar até ensaiou uma queda, embora bem limitada, na abertura do pregão, mas trocou de sinal ainda na primeira hora de negócios e renovou máximas no início da tarde, quando começaram a pipocar notícias dando conta da ofensiva de parlamentares contra as alterações no IOF.Com máxima a R$ 5,5585, o dólar à vista encerrou o pregão a R$ 5,5426, alta de 0,09%. A divisa apresenta queda de 0,49% na semana. No mês, as perdas são de 3,09%, o que leva a desvalorização acumulada em 2025 a 10,35%. O caldo entornou assim que o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), informou, em seu perfil no X, que o colégio de líderes da Casa decidiu pautar a urgência do projeto de decreto legislativo (PDL) que susta efeitos do novo decreto do governo que trata do aumento do IOF, publicado na quarta-feira.Mais tarde, o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante, disse que iria verificar a possibilidade de os deputados aprovarem, ao mesmo tempo, a derrubada dos dois decretos do governo relacionados ao IOF. Caso apenas o decreto da quarta, com a recalibragem das alíquotas, seja derrubado, o decreto anterior, que foi alvo de muitas críticas, passaria a valer. Siga o canal da Jovem Pan News e receba as principais notícias no seu WhatsApp! WhatsApp Em seguida, durante discurso em Mariana (MG), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu que existe um “clima muito ruim” na Câmara dos Deputados. Lula criticou o debate sobre a desindexação de benefícios sociais do salário mínimo e defendeu as medidas propostas pelo Ministério da Fazenda, ressaltando que não foi eleito para “fazer benefício para rico”.O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), defendeu o decreto do IOF, que considera “emergencial para fazer frente a contingenciamentos e bloqueios”, e afirmou que o presidente da Câmara vai pautar a urgência do PDL que suspende o novo IOF somente na segunda-feira (16).No exterior, o índice DXY – termômetro do dólar ante uma cesta de seis divisas fortes – apresentou queda firme e furou o piso dos 98,000 pontos, com mínima em 97,602 pontos. Moedas vistas como refúgio em momentos de aversão ao risco, o franco suíço e a coroa sueca subiram mais de 1% com o aumento das tensões no Oriente Médio, após a retirada de funcionários americanos da região.Depois da leitura benigna da inflação ao consumidor nos EUA, divulgada na quarta, o índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) e seu núcleo vieram abaixo das expectativas, reforçando o quadro de moderação do ritmo de aumento dos preços. O PPI subiu 0,1% no mês passado, enquanto analistas esperavam avanço de 0,2%.BolsaO Ibovespa emendou terceiro dia de gradual recuperação – em ajustes diários de cerca de meio por cento -, reaproximando-se dos 138 mil pontos. Nesta quinta-feira (12), escorou-se em Petrobras (ON +2,76%, PN +2,25%) mesmo sem o apoio do petróleo, sem direção única na sessão e em baixa no encerramento de Londres e Nova York, em realização de lucros na commodity após o salto da véspera, quando as cotações do Brent e do WTI haviam subido mais de 4%. Os papéis da estatal foram estimulados, na sessão, pela perspectiva de dividendos extraordinários.Aqui, o índice da B3 oscilou dos 136.175,43 até os 137.931,05 pontos (+0,59%), saindo de abertura aos 137.127,23 pontos. E fechou aos 137.799,74 pontos, em alta de 0,49%. O giro financeiro subiu a R$ 28,6 bilhões nesta quinta-feira. Na semana, o Ibovespa acumula ganho de 1,25% e, no mês, avança 0,56% – no ano, tem alta de 14,56%, com o índice tendo convergido hoje para o maior nível de fechamento desde 29 de maio, então aos 138,5 mil pontos.Entre os maiores bancos, as variações ficaram entre -0,86% (Santander Unit) e +1,42% (Bradesco ON) no fechamento. Na ponta ganhadora do Ibovespa, Embraer (+4,29%), Marcopolo (+2,84%), BTG (+2,56%) e Hypera (+2,53%), além dos dois papéis de Petrobras. No lado contrário, MRV (-4,68%), BRF (-3,14%) e Yduqs (-3,06%). Entre as blue chips, Vale ON, a principal ação do Ibovespa, caiu 0,66%.*Com informações do Estadão ConteúdoPublicado por Carolina Ferreira Leia também Governo Federal pede ao STF que suspenda ações contra União por fraude no INSS Motta pauta urgência para derrubar decreto do IOF e diz que 'clima não é favorável a aumento de impostos'