Foto: DivulgaçãoNascido em Mirandópolis e com uma trajetória musical rica e diversificada, o violeiro e compositor Miltinho Edilberto carrega consigo as influências de suas origens e a paixão pela música que o acompanha desde a infância. Ao longo de sua vida, ele não apenas se destacou no cenário musical brasileiro, compartilhando o palco com artistas renomados, mas também dedicou-se a preservar as tradições culturais que moldaram sua identidade. Em uma entrevista, ele nos leva a uma jornada por memórias, desafios e o desejo de reconectar-se com suas raízes enquanto busca inserir a viola no coração do sertanejo universitário. Você nasceu em Mirandópolis?Sim, nasci e cresci em Mirandópolis. Posteriormente, morei também em Pacaembu, e posso dizer que fiz inumeráveis trajeto entre as duas cidades, passando pelo Rio Feio (risos). Meu pai, Milton dos Santos, trabalhou muitos anos na área rural, lidando com gado e cereais. Minha mãe é Dona Terezinha, da Família Corseti. Meus avós italianos, Seu Giuseppi e Dona Josefina, também moraram em Mirandópolis.Em que ano você se mudou?Meus pais mudaram para o Mato Grosso na década de 1970, mas nunca perdi a ligação com a cidade, em grande parte devido aos muitos amigos e parentes que ainda residem em Mirandópolis.A música sempre fez parte da sua vida?Comecei a cantar nas festas cívicas da escola por volta dos seis anos e já esboçava algumas composições, estimulado pela minha mãe. Em Mirandópolis e Andradina, toquei em bandas de baile por alguns anos. Por volta dos 14 anos, passei a integrar uma orquestra, de Catanduva, se não me engano, com um repertório que variava do jazz ao samba. Aos 15 anos, comecei a tocar violão e, aos 18, a viola.A viola é a sua paixão?Quando peguei uma viola pela primeira vez, fiquei fascinado com a sonoridade e o desafio que a nova afinação e técnica representavam. Antes mesmo de aprender a tocá-la, percebi que ela já me “tocava”. Acredito que os violonistas deveriam “brincar com a viola” para ampliar seus horizontes e abrir novas perspectivas sonoras e estéticas dentro do universo musical. Quando comecei a tocar a viola como minha arma e bandeira, ela estava quase em extinção. Hoje em dia, temos dezenas de grandes violeiros em atividade, e a cada dia surge um novo colega disposto a levar essa tradição adiante.Você já cantou com músicos reconhecidos nacionalmente. Isso é algo que lhe deixa feliz pelo reconhecimento?Sem dúvida, isso me faz muito feliz. Já tive a oportunidade de me apresentar ao lado de Almir Sater, Dominguinhos, Renato Teixeira, Beth Carvalho e outros grandes nomes. Fui gravado por artistas como Maria Bethânia, Maria Gadú e Sérgio Reis. Além disso, algumas de minhas composições integram trilhas sonoras de novelas, como “O Clone”, e de programas, como “Globo Repórter”. Preciso lembrar que também me apresentei no programa do Rolando Boldrin e no “Viola, Minha Viola”, com Inesita Barroso, na TV Cultura. Podemos dizer que tudo isso me levou a tocar viola brasileira em sete países da Europa: Alemanha, Espanha, França, Holanda, Inglaterra, Suíça e Portugal.Qual é a sua relação atual com Mirandópolis?Recentemente, estive em Mirandópolis para visitar alguns amigos e parentes e fiz questão de ir até o prefeito para me apresentar e expressar meu interesse em me reconectar com o público local. Precisamos incorporar mais viola no meio do sertanejo universitário que tanto toca em Mirandópolis e região. Aproveito a oportunidade para mencionar um projeto documentário que estou desenvolvendo, intitulado “Alma Paulista”, que visa resgatar, em áudio e vídeo, as tradições culturais como a Folia de Reis, o trabalho dos violeiros, as rezadeiras e os artesãos, com objetivo de resgatar o patrimônio histórico.O post As raízes da música e da cultura: uma viagem pela vida do violeiro Miltinho Edilberto apareceu primeiro em AGORA NA REGIÃO.