Por Folha de São Paulo 11/06/2025 1h00 — emArte e CulturaSÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A 36ª Bienal de São Paulo será composta de forma predominante por artistas da América Latina e África.Ao todo, 120 artistas apresentarão trabalhos no parque Ibirapuera e outros cinco na Casa do Povo, região central da cidade. Dos 125 participantes, 28% são africanos, 25% são sul-americanos e 16% são asiáticos, grupo que está empatado com os europeus em termos de representação.Entre os nomes de origem europeia, a reportagem incluiu dois artistas de Guadalupe, ilha caribenha que faz parte da França, e um artista nascido na Turquia, país localizado entre a Ásia e a EuropaA prevalência de artistas de países emergentes dialoga com um movimento mais amplo. Nos últimos anos, museus, galerias e exposições ao redor do mundo têm feito esforços em direção ao aumento da diversidade racial, sexual e geográfica. Foi o que aconteceu, por exemplo, na edição de 2023 da Bienal, quando o evento foi composto, majoritariamente, por artistas não brancos.A última edição da Bienal de Veneza, a mais prestigiada do mundo, também fez acenos à inclusão. O evento escolheu como curador Adriano Pedrosa, diretor artístico do Masp que se tornou o primeiro latino-americano a ocupar o cargo em mais de um século. Sob o título "Foreigners Everywhere", a mostra deu destaque a migrantes, expatriados e refugiados, posicionando no centro quem ocupava as margens do circuito artístico.Embora os sul-americanos e africanos predominem nesta edição da Bienal de São Paulo, a curadoria diz que a seleção não foi feita com isso em mente. "Eu não pensei em artistas de partes sub-representadas do mundo, e sim nos nomes mais brilhantes do mundo", diz Bonaventure Soh Bejeng Ndikung, curador geral desta edição e diretor do Haus der Kulturen der Welt, em Berlim. "Não é a Bienal dos artistas sub-representados."É uma afirmação alinhada com aquilo que ele já havia dito em outubro do ano passado, quando o conceito da exposição foi anunciado. Sob o título "Nem Todo Viandante Anda Estradas - Da Humanidade como Prática", a edição pretende imaginar novas formas de humanidade, pautadas no encontro e no diálogo entre diferentes grupos sociais e culturais. À época, o curador disse que não iria transformar raça e gênero em mercadoria.Desta vez, reafirmou esse pensamento e acrescentou que não escolheu os artistas por cota. "Não se trata de tentar apenas preencher certas lacunas históricas, mas sim de olhar para o mundo de forma realista e ver quem está fazendo o quê e como", diz ele. "Se houver mais mulheres ou mais pessoas de uma região, é porque essas pessoas estão fazendo um bom trabalho."Um dos destaques da seleção é a nigeriana Otobong Nkanga, artista que já participou da Bienal de Veneza e da Documenta de Kassel -as duas exposições de arte mais importantes do mundo.Além disso, ela tem obras em acervos de instituições como o Museu de Arte Moderna de Nova York, o MoMA, Centre Pompidou, em Paris, e o Tate Modern, em Londres.Em sua prática artística, Nkanga recorre a instalações, fotografias e esculturas para pensar a relação do ser humano com o meio ambiente.A natureza, inclusive, é um dos eixos centrais desta edição. Evidência disso é a metodologia usada para a seleção dos artistas. Cada um dos membros da equipe curatorial escolheu uma ave, como trinta-réis-ártico e gavião-de-cauda-vermelha. Depois, os curadores estudaram o fluxo migratório delas, selecionando artistas usando como referência as regiões que os pássaros atravessam.A água é outro elemento importante, e inspirou o projeto arquitetônico. Assinado por Gisele de Paula e Tiago Guimarães, o espaço expositivo deve trazer a sinuosidade dos rios para o pavilhão desenhado por Oscar Niemeyer no parque Ibirapuera.Movimentos fluviais, aliás, são a base do trabalho de Rebeca Carapiá, uma das 30 artistas brasileiras selecionadas. No ano passado, ela criou sobre um lago de Inhotim uma escultura inspirada nas marcas de água da Serra da Capivara, sítio arqueológico do Piauí."O serpentear das águas é como o movimento da vida", diz Ndikung, o curador. "A água passou a significar divisão, mas o Atlântico não separa a África da América. Ele, na verdade, une esses dois continentes."A ideia de encontro estará presente em uma obra do colombiano Oscar Murillo feita de forma coletiva durante uma ação na avenida Paulista, em abril.A celebração da coletividade pode ser vista também nas telas de Heitor dos Prazeres, artista que pintou o Brasil do samba, do carnaval e da negritude. Para o curador, as obras do carioca dialogam com a proposta curatorial deste ano, que é imaginar novas formas de humanidade."Se nos engajamos em um projeto que pensa nas múltiplas facetas da humanidade, é preciso olhar para a vida cotidiana", diz Ndikung. "Apesar de todos os problemas, como o racismo, as pessoas nas telas de Heitor estão dançando e fazendo música. É um pintor que nos mostra a poética e a política da beleza."VEJA QUAIS ARTISTAS PARTICIPARÃO DA BIENAL- Adama Delphine Fawundu- Adjani Okpu-Egbe- Aislan Pankararu- Akinbode Akinbiyi- Alain Padeau- Alberto Pitta- Aline Baiana- Amina Agueznay- Ana Raylander Mártis dos Anjos- Andrew Roberts- Antonio Társis- Benjat Sadr- Berenice Olmedo- Bertina Lopes- Camille Turner- Carla Gueye- Cevdet Erek- Chaïbia Talal- Christopher Cozier- Cici Wu- Cynthia Hawkins- Edival Ramosa- Emeka Ogboh- Ernest Cole- Ernest Mancoba- Farid Belkahia- Firelei Báez- Forensic Architecture- Forugh Farrokhzad- Frank Bowling- Frankétienne- Gê Viana- Gervane de Paula- Gōzō Yoshimasu- Hajra Waheed- Hamedine Kane- Hamid Zénati- Hao Jingban- Heitor dos Prazeres- Helena Uambembe- Hessie (Carmen Lydia Đurić)- Huguette Caland- I Gusti Ayu Kadek Murniasih (Murni)- Imran Mir- Isa Genzken- Joar Nango com a equipe de Girjegumpi- Joséfa Nijam- Juliana dos Santos- Julianknxx- Kader Attia- Kamala Ibrahim Ishag- Kenzi Shiokava- Korakrit Arunanondchai- Laila Hida- Laure Prouvost- Leiko Ikemura- Leila Alaoui- Leo Asemota- Leonel Vásquez- Lidia Lisbôa- Lynn Hershman Leeson- Madame Zo- Madiha Umar- Malika Agueznay- Manauara Clandestina- Mansour Ciss Kanakassy- Mao Ishikawa- Márcia Falcão- Maria Auxiliadora- Maria Magdalena Campos-Pons- Marlene Almeida- Maxwell Alexandre- Meriem Bennani- Metta Pracrutti- Michele Ciacciofera- Ming Smith- Minia Biabiany- Moffat Takadiwa- Mohamed Melehi- Moisés Patrício- Myriam Omar Awadi- Myrlande Constant- Nádia Taquary- Nari Ward- Nguyễn Trinh Thi- Noor Abed- Nzante Spee- Olivier Marboeuf- Olu Oguibe- Oscar Murillo- Otobong Nkanga- Pélagie Gbaguidi- Pol Taburet- Precious Okoyomon- Raukura Turei- Raven Chacon com Iggor Cavalera & Laima Leyton- Rebeca Carapiá- Richianny Ratovo- Ruth Ige- Sadikou Oukpedjo- Sallisa Rosa- Sara Sejin Chang (Sara van der Heide)- Sérgio Soarez- Sertão Negro- Sharon Hayes- Shuvinai Ashoona- Simnikiwe Buhlungu- Song Dong- Suchitra Mattai- Tanka Fonta- Thania Petersen- Theo Eshetu- Théodore Diouf- Theresah Ankomah- Trương Công Tùng- Tuần Andrew Nguyễn- Vilanismo- Werewere Liking- Wolfgang Tillmans- Zózimo Bulbul- Alexandre Paulikevitch- Boxe Autônomo- Dorothée Munyaneza- Marcelo Evelin- MEXABastidores da PolíticaPara onde vai a riqueza que a indústria da ZFM produz ?"; // imagens[1] = // ""; // imagens[4] = // ' source src = "/sites/all/themes/v5/banners/videos/vt-garcia-07-2023.mp4" type = "video/mp4" >'; // imagens[2] = // ""; // imagens[4] = // ""; // imagens[3] = // ""; // imagens[4] = // ""; index = Math.floor(Math.random() * imagens.length); document.write(imagens[index]);//]]>