Tom ameno de Bolsonaro é elogiado no PL; governistas avaliam que nada muda

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O tom ameno adotado pelo ex-presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), em interrogatório nesta terça-feira (10), no Supremo Tribunal Federal (STF), foi elogiado por correligionários do Partido Liberal (PL) na Câmara dos Deputados. Avaliam que ele fez bem em tentar colocar certa leveza ou naturalidade no depoimento.Bolsonaro adotou um tom sereno, não se exaltou, não confrontou Moraes, pediu desculpas por excessos e até buscou dar uma pitada de humor. Num momento de tentativa de descontração, ele disse que queria convidar Moraes a ser o vice dele na campanha presidencial de 2026, o que fez as pessoas presentes rirem. Bolsonaro está inelegível, mas se coloca como candidato à Presidência.No depoimento, Bolsonaro pediu desculpas a Moraes por ter acusado o ministro de receber dinheiro sem provas e negou ter tratado de golpe. Disse que um golpe é “abominável”, que é “até fácil de começar”, mas que o depois é “simplesmente imprevisível e danoso para todo mundo”. Ele ainda defendeu que os atos do 8 de janeiro de 2023 não preenchem os pré-requisitos para um golpe de Estado.Apesar da postura, tanto membros da oposição quanto governistas avaliam que não deverá haver uma reviravolta no andamento da ação penal sobre a suposta trama golpista.Esta foi a primeira vez de Bolsonaro frente a frente com Moraes dentro do inquérito da trama golpista.Na oposição, há uma avaliação de que Moraes foi inteligente em se mostrar ponderado, paciente e até sorridente em certos momentos na condução dos depoimentos.Pelos governistas, existe uma avaliação de que tudo seguiu o script esperado, sem maiores surpresas ou fatos que possam causar grandes mudanças jurídicas. Leia Mais Waack: Interrogado por Moraes, Bolsonaro mostra-se ameno Entenda em 8 pontos o depoimento de Bolsonaro ao STF STF encerra interrogatórios de "núcleo crucial"; veja próximos passos Bolsonaro e outros cinco réus foram interrogados nesta terça na Primeira Turma do Supremo. Pela manhã, foram ouvidos o ex-comandante da Marinha, Almirante Almir Garnier; o ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres, e o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno. Já depois de Bolsonaro, que falou no início da tarde, foi a vez do ex-ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, e do ex-ministro da Casa Civil e candidato a candidato na chapa de Bolsonaro em 2022, Walter Braga Netto.Na segunda-feira (9), já tinham sido interrogados Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Com os depoimentos desta terça, Alexandre de Moraes encerra a fase de interrogatórios desta ação penal.Todos os réus negaram qualquer envolvimento na suposta tentativa de golpe de Estado.Um dos depoimentos mais esperados era o do Braga Netto, preso desde dezembro. Por isso, foi o único ouvido por videoconferência. Ele disse que jamais ordenou algum ataque aos chefes militares, e negou ter dado dinheiro a Mauro Cid para bancar os acampamentos em frente ao Quartel-General do Exército em Brasília. Disse que Mauro Cid o teria procurado, mas sem dizer a finalidade do dinheiro.