As ações da Eletrobras (ELET6) seguem no radar dos investidores após o Bradesco BBI revisar suas estimativas e elevar o preço-alvo para R$ 65, o que representa um potencial de valorização de 40% em relação aos níveis atuais. A recomendação dos analistas do banco permanece em outperform, equivalente a desempenho acima da média. A revisão, divulgada nesta terça-feira (17) em relatório, leva em consideração três atualizações: a decisão final da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) sobre o reembolso da Rede Básica Sistema Existente (RBSE), ajustes nas premissas hidrológicas do setor e dados macroeconômicos mais recentes.A RBSE é o valor que as transmissoras têm direito a receber pela indenização de ativos de transmissão não depreciados, após a renovação de concessões realizada pela Medida Provisória 579, de 2012. No dia 10 de junho, a Aneel bateu o martelo sobre a redução da parcela financeira do RBSE, que passa a ser de R$ 5,5 bilhões por ano entre 2025 e 2028.A proposta inicial previa um corte mais acentuado, para R$ 6,9 bilhões anuais. A Eletrobras, que detém cerca de 73% desse montante, e a Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista (CTEEP), com 16%, são as principais afetadas. A decisão foi recebida de forma positiva pelo mercado, uma vez que o corte ficou abaixo do esperado, o que preserva parte relevante da receita projetada.O Bradesco BBI também revisou suas premissas para o GSF (Generation Scaling Factor), indicador que mede a relação entre a energia gerada e a garantia física do sistema hidrelétrico. De acordo com dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), as projeções de GSF foram ajustadas para baixo, por causa de uma expectativa de menor disponibilidade hídrica no segundo trimestre deste ano, com índice estimado em 0,95, ante 1,01 anteriormente. As estimativas para o terceiro e quarto trimestres de 2024 também foram ajustadas de 0,66 para 0,65 e de 0,73 para 0,72, respectivamente.Esses ajustes indicam que a Eletrobras deverá atuar como vendedora líquida no mercado de curto prazo (spot), com uma posição de 2,2 gigawatts médios no segundo trimestre deste ano, 1,1 GW médios no terceiro trimestre e 3,2 GW médios no quarto trimestre. Essa exposição ocorre tanto no mercado regulado quanto no mercado livre, considerando ainda os efeitos dos contratos de seguro contra GSF e das perdas associadas.A dinâmica dos preços spot de energia, calculados com base no Preço de Liquidação das Diferenças (PLD), também foi levada em conta. Por ora, o Bradesco BBI mantém uma projeção conservadora de preço para o segundo semestre deste ano, fixada em R$ 200 por megawatt-hora (MWh), válida para todas as regiões do país.Apesar das curvas futuras indicarem um preço mais elevado, em torno de R$ 300/MWh, o banco prefere adotar cautela diante de três fatores: a incerteza sobre o comportamento da próxima estação de chuvas, que se inicia em outubro; a possibilidade de revisão para baixo das projeções de demanda pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) em agosto; e a perspectiva de o próprio ONS operar a malha de transmissão com menos restrições, o que tende a favorecer o escoamento de energia e reduzir pressões sobre o preço spot.Efeito negativoOs analistas do Bradesco BBI estimam que, no segundo trimestre deste ano, a Eletrobras deve registrar um efeito negativo de aproximadamente R$ 200 milhões com a exposição ao mercado spot, valor bem inferior ao prejuízo projetado para o primeiro trimestre, que varia entre R$ 700 milhões e R$ 900 milhões.Essa diferença, diz o BBI, ocorre devido a uma menor participação da companhia nas vendas de energia no mercado livre da região Sudeste, além de uma diferença menor entre os preços do PLD nas regiões Sudeste/Sul e Norte/Nordeste no segundo trimestre, com delta médio de R$ 73/MWh, frente aos R$ 103/MWh registrados no primeiro trimestre.Outro ponto relevante é a contabilização de uma provisão não caixa de aproximadamente R$ 3,4 bilhões no segundo trimestre de 2025, relacionada ao ajuste do RBSE. Esse lançamento contábil, segundo os analistas, deve afetar o resultado sob as regras do IFRS (International Financial Reporting Standards), padrão contábil internacional, mas não terá efeito sobre os números reportados pelo padrão brasileiro (BR Gaap).Segundo o BBI, embora esse ajuste deva zerar o lucro líquido IFRS da companhia neste ano, a distribuição de dividendos não deve ser comprometida, já que a administração pode utilizar tanto o lucro regulatório como os lucros acumulados, atualmente em torno de R$ 43 bilhões.Novas projeções de EbitdaCom todos esses ajustes, o Bradesco BBI revisou suas projeções de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) para a Eletrobras. A expectativa é de R$ 5,2 bilhões no segundo trimestre deste ano, R$ 5,3 bilhões no terceiro trimestre e R$ 5,9 bilhões no quarto trimestre.Para o ano, a projeção é de R$ 21,4 bilhões, cifra que fica levemente abaixo do consenso do mercado, que está em R$ 21,8 bilhões, segundo dados da Bloomberg.Entenda o preço-alvoO preço-alvo das ações ON (ELET3), que são ações ordinárias com direito a voto, passou de R$ 57 para R$ 59, enquanto o preço-alvo das ações PNB (ELET6), que são ações preferenciais classe B e priorizam o recebimento de dividendos, foi elevado de R$ 63 para R$ 65.Na avaliação dos analistas, a Eletrobras negocia atualmente com uma Taxa Interna de Retorno (TIR) real implícita de 12,4%, o que representa um spread — diferença de rentabilidade — de 510 pontos-base em relação às Notas do Tesouro Nacional série B (NTN-B) de longo prazo, título público atrelado à inflação.The post BBI eleva preço-alvo da Eletrobras e vê ações da ELET6 com espaço para saltar 40% appeared first on InfoMoney.