Homem com câncer relata insônia e para na UTI após erro médico em SP

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Carlos Alberto Clemente dos Santos tem 68 anos e está internado em um hospital de Indaiatuba, no interior de São Paulo, desde a última segunda-feira (9/6), para tratar de um câncer de fígado em estágio avançado. Na madrugada deste domingo (15/6), o paciente foi parar na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) da unidade de saúde, após a equipe médica confundir e aplicar uma dose 20 vezes maior do que o normal para um medicamento para insônia.O caso foi denunciado pela filha de Carlos Alberto, Juliana Carletti, enfermeira há 20 anos. Ela registrou um boletim de ocorrência ao ficar sabendo do ocorrido.De acordo com o registro policial, o paciente estava recebendo a visita de um amigo próximo quando relatou a insônia. Posteriormente, uma enfermeira entrou no quarto e entregou seis comprimidos a Carlos, quando a dose correta do medicamento seria seis gotas.O homem de 68 anos percebeu o aumento exagerado da dose e questionou a funcionária, porém ouviu da enfermeira que a quantidade de comprimidos era uma orientação médica e que devia ser seguida. Leia também São Paulo Como fica a temperatura nesta segunda-feira em SP? Veja a previsão São Paulo Polícia recupera mais de 200 celulares roubados em SP e vendidos na BA São Paulo Quem é a jornalista presa por chamar homem de “bicha nojenta” em SP São Paulo Jornalista é presa após ataque homofóbico em shopping de SP. Vídeo Carlos Alberto então tomou a medicação e a enfermeira saiu. Entretanto, segundo o boletim de ocorrência, algum tempo depois, dois enfermeiros entraram no quarto aparentando preocupação. Eles estavam com um monitor cardíaco em maõs e questionaram a dose elevada do medicamento, contando para o amigo que acompanhava o paciente que tinha acontecido um erro médico.Neste momento, os funcionários contaram que precisavam aguardar o médico que prescreveu a receita sair de uma cirurgia para que Carlos Alberto fosse atendido. O amigo ligou imediatamente para Juliana, contando que o paciente começou a enrolar a língua para falar, apresentou confusão mental e que teria perdido a consciência na sequência. Juliana e o amigo do pai começaram a exigir por apoio médico imediato.O amigo de Carlos Alberto contou à polícia que demorou cerca de 25 minutos para que o paciente fosse atendido por uma médica do hospital em que estava. De acordo com o relatado no registro policial, a médica afirmou que estava fazendo um favor para a família, visto que o caso não era de sua responsabilidade.Diante disso, Juliana acionou a Guarda Civil Municipal e foi ao hospital junto com os agentes. Ao ser questionada, a médica afirmou que não poderia fazer nada naquele momento, apenas monitorar o paciente.Os médicos que estavam em cirurgia voltaram e Juliana então começou a pedir por um leito de UTI. A equipe médica contou que não havia leito disponível e, nesse meio tempo, Carlos Alberto continuava inconsciente.Segundo a filha do paciente, foi só após o registro do boletim de ocorrência que a equipe médica conseguiu, às 2h da manhã deste domingo (15/6), um leito de UTI para o pai.Prescrição errada para insôniaJuliana contou em um vídeo divulgado nas redes sociais, que já encontrou o pai inconsciente quando chegou no hospital.Ela, que é enfermeira há 20 anos, pediu para ver a prescrição médica, mas teve o pedido negado por uma funcionária. Essa ação viola o artigo 88 do Código de Ética Médica, que proíbe o médico de negar ao paciente, acesso ao seu prontuário, salvo quando ocasionarem riscos ao próprio paciente ou a terceiros.Juliana sabia disso e continuou insistindo até a médica permitir que ela visualizasse a prescrição. Ao ler o documento, ela confirmou o erro e viu que a dose dada ao próprio pai era 20 vezes maior do que a dose segura.“O que representa uma superdosagem incompatível com o quadro clínico hepático do meu pai”, contou Juliana.A mulher acusa a equipe do hospital de erro médico, na questão da superdosagem do medicamento, e imprudência ou negligência, nos casos de demora para socorrer Carlos Alberto inconsciente e de ter negado o acesso ao prontuário, entre outros relatos.Segundo ela, existem outras denúncias de outros pacientes contra a unidade de saúde.Carlos Alberto segue instávelJuliana contou ao Metrópoles, na noite deste domingo (15/6), que o pai continua na UTI e está com o nível de consciência “oscilando muito”.Segundo ela, quando Carlos Alberto é chacoalhado, ele mexe e abre os olhos, mas está desorientado, não fala “coisa com coisa” e acaba apagando novamente. O paciente segue sob efeito de medicação.“O médico tinha falado que, assim que ele melhorasse, iria entrar com a alimentação, mas neste momento não há condições de se alimentar. [Carlos Alberto] está só no soro mesmo, porque ele não consegue ficar acordado e o pouco que ele tenta, ele não sabe nem onde ele está”.A mulher ainda conta que o pai estava bem antes do erro médico: “Ele estava consciente, orientado, feliz de receber a visita do amigo dele, que veio de Paraty. Ele estava bem. E agora o estado atual dele é esse. Acabei de sair do hospital”, explica Juliana.O caso está sendo investigado pelo 1° DP de Indaiatuba.