O Centro de Estudos, Pesquisas e Ambiente em Zoonoses (CEPAZ) Professor José Rodrigues Coura/IOC, a ser inaugurado nesta terça-feira (17), às 14h30, em Campos, será o primeiro em todo o estado do Rio de Janeiro. O local é parte da estratégia de descentralização das atividades do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e servirá como um espaço físico para encontros e pesquisas sobre zoonoses e outros temas relevantes para a região. A diretora do IOC, médica e pesquisadora titular em Saúde Pública, Tania Araújo Jorge, destaca que esse Centro é um passo significativo para melhorar a pesquisa científica e a saúde pública no município e áreas adjacentes.Além disso, o local terá cooperações com a Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF), a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e a Faculdade de Medicina de Campos/Fundação Benedito Pereira Nunes (FMC/FBPN). “A criação do Centro foi proposta por dois pesquisadores: Elba Lemos, do Laboratório de Hantaviroses e Rickettsioses do Instituto Oswaldo Cruz, Fiocruz, e Edwards Frazão Teixeira, do Laboratório de Sanidade Animal da UENF, que estão envolvidos em projetos na região. O Instituto Oswaldo Cruz, que em maio último celebrou seu Jubileu Secular de Prata (125 anos), funcionará como colaborador, contribuindo com suas competências científicas, enquanto os pesquisadores locais coordenarão os projetos”, informou a diretora, pontuando que a Fiocruz é a instituição mais antiga de pesquisa biomédica da América Latina.A médica e pesquisadora da Fiocruz, Elba Lemos, menciona a importância da descentralização das pesquisas e a integração de diferentes instituições como a UENF e a FMC, além do poder municipal. “O objetivo é criar um espaço colaborativo que beneficie não apenas Campos, mas toda a região, promovendo o desenvolvimento de projetos e a formação de novos profissionais na área da medicina tropical e doenças infecciosas”, enfatizou a médica, salientando que o pioneirismo de Campos é uma grande conquista.Como uma das responsáveis por atrair mais médicos para o curso de Medicina Tropical da Fiocruz, cujo patrono é o Professor José Rodrigues Coura, Elba sinalizou a importância de promover essa cooperação entre as instituições, Prefeitura e a Fiocruz com o compromisso de formar recursos humanos e colaborar com a melhoria da saúde na região. Elba, na condição de pesquisadora e coordenadora do Laboratório de Referência para Rickettsioses, pelo Ministério da Saúde, cita que, neste primeiro momento, o foco inicial será na febre maculosa, considerando o aumento da ocorrência desta zoonose em Campos dos Goytacazes e em outros municípios das regiões Norte e Noroeste Fluminense. Dessa forma, está sendo programada uma reunião com os membros da equipe técnica, incluindo colaboradores da Secretaria de Estado de Saúde (SES), com data a ser definida, com o objetivo de conhecer o espaço, os profissionais envolvidos e as demandas antes de se desenvolver ações, a curto e médio prazo.“Apesar de ser natural de Petrópolis, eu me mudei para Campos ainda muito pequena e acabei cursando medicina na FMC. Como egressa da Faculdade de Medicina de Campos, pesquisadora médica que conseguiu construir o Laboratório de Hantaviroses e Rickettsioses, há muito tempo queria dar essa devolutiva para a cidade, o que já está sendo vivenciada, a partir dessa cooperação, além de ser mais uma oportunidade de homenagear o meu querido professor Coura”, comemorou.ATUAÇÃO DA UENF NO CEPAZGraduado em medicina veterinária pela Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF), o doutor em Ciência Animal, Edwards Frazão Teixeira, disse que a instituição desempenhará um papel fundamental no CEPAZ, contribuindo significativamente para o enfrentamento das zoonoses que afetam a saúde pública na região. Com uma equipe diversificada de especialistas, a universidade não apenas irá fortalecer as ações de vigilância e diagnóstico, mas também se envolverá em pesquisas e na formação de novos profissionais.“Mais do que somar esforços isolados, o CEPAZ inaugura um espaço permanente de diálogo entre áreas distintas: medicina veterinária, medicina humana, biologia, epidemiologia e ciências ambientais, promovendo uma verdadeira abordagem em Saúde Única. Pesquisadores da UENF contribuirão em interação constante com os demais membros da proposta, como a Fiocruz, a Faculdade de Medicina de Campos e a Secretaria Municipal de Saúde, ampliando a capacidade científica, tecnológica e assistencial do município. O CEPAZ será também um catalisador para novos projetos interinstitucionais, servindo como espaço de articulação para docentes e discentes da UENF interessados em atuar em temas como zoonoses emergentes, ecologia de vetores e doenças febris agudas de etiologia indefinida”, realçou Edwards, que é pesquisador em Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz, lotado no Instituto Oswaldo Cruz – Laboratório de Biologia Estrutural (LBE), e cedido à Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, atuando no laboratório de Sanidade Animal (LSA/CCTA/UENF).CENTRO COMO ESPAÇO DE PESQUISAO diretor da Faculdade de Medicina de Campos, o médico Edilbert Pellegrini, apontou que o CEPAZ será um espaço físico para a pesquisa e o atendimento, além de destacar a cooperação entre a FMC, a Fiocruz e a Prefeitura. “O objetivo é integrar os alunos à realidade da pesquisa, mesmo que ainda não estejam concorrendo a prêmios Nobel”, brincou. A abertura do Centro é vista como uma oportunidade para iniciar novas pesquisas e envolver os estudantes em diferentes tipos de investigação científica.O diretor da subsecretaria de Vigilância em Saúde, vinculada à SMS, o infectologista Rodrigo Carneiro, elogiou o professor José Rodrigues Coura, que será homenageado por sua contribuição na Medicina Tropical na Fiocruz. Carneiro, que também é docente da instituição e está desenvolvendo uma pesquisa sobre febre maculosa, destacou a importância do novo Centro para fortalecer a formação acadêmica dos alunos e ressaltou a relevância das pesquisas de Coura tanto no Brasil quanto internacionalmente. “O professor José Coura, ex-professor da Faculdade de Medicina de Campos, destacou-se em Medicina Tropical na Fiocruz, com pesquisas de relevância nacional e internacional. Sua trajetória demonstra a capacidade da FMC em formar profissionais qualificados”, declarou. Coura morreu no Rio de Janeiro em 3 de abril de 2021, aos 93 anos.