Na contramão da tendência nacional, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) subiu de posição em um ranking de qualidade do ensino superior em todo o mundo. O levantamento realizado pelo Center for World University Rankings (CWUR) incluiu 53 instituições brasileiras entre as 2.000 mil melhores do mundo. No Brasil, 87% das universidades brasileiras perderam posição na lista que elenca as melhores do planeta. A UFRJ, no entanto, apesar da crise de financiamento, saiu do 401º lugar para o 331º.De acordo com o estudo, a UFRJ superou a Universidade de São Paulo, a melhor do Brasil, no quesito de qualidade da educação, que mede o número de ex-alunos que receberam distinções acadêmicas importantes, em relação ao tamanho da instituição. A federal fluminense alcançou o 504º lugar no ranking mundial, em comparação à posição 538ª da USP.Leia mais: Governo anuncia repasse de R$ 300 mi a universidades e retoma orçamentoSTF suspende repasses a universidades em oito estados por falta de transparênciaTambém saiu na frente no indicador de qualificação do corpo docente, com professores com alto nível de qualificação e que receberam distinções acadêmicas de alto prestígio, chegando à 176ª posição, em relação à 190ª posição da paulista.Em empregabilidade, índice que mede a taxa de ex-alunos que ocuparam cargos de topo nas 2000 maiores empresas públicas do mundo desde 2011, a universidade federal ficou em 489º lugar no ranking mundial, quase 100 pontos atrás da USP, que está em 390º no ranking. A federal do Rio também ficou abaixo em pesquisa, o indicador que tem o maior peso na avaliação (40%). Enquanto a USP posicionou em 81º lugar, a UFRJ ficou em 393º — 312 posições abaixo.A CWUR analisou 74 milhões de dados baseados em resultados para classificar universidades de todo o mundo de acordo com quatro fatores: qualidade da educação (25%), empregabilidade (25%), qualidade do corpo docente (10%) e pesquisa (40%). Este ano, 21.462 universidades foram classificadas, e as que ficaram no topo integraram a lista Global 2.000 – que inclui instituições de 94 países.— Com 53 universidades brasileiras no ranking, o Brasil está bem representado entre as melhores universidades do mundo. No entanto, o que é alarmante é a queda das instituições acadêmicas do país devido ao enfraquecimento do desempenho da pesquisa e ao limitado apoio financeiro do governo — afirmou Nadim Mahassen, presidente do Center for World University Rankings.A primeira universidade do Brasil, criada oficialmente em 1920, resiste. Problemas estruturais que vão desde goteiras em salas de aula, elevadores quebrados, até riscos de desabamento em alguns prédios, fazem parte da rotina dos estudantes da segunda maior universidade do país.O reitor da UFRJ, Roberto Medronho, disse que recebeu com satisfação o resultado do ranking, mas fez questão de destacar o esforço da comunidade acadêmica para manter a qualidade da educação em um cenário de crise e poucos recursos.— A minha pergunta é como seria se a gente tivesse o orçamento adequado, não digo nem maior, mas o mínimo adequado. Certamente teríamos muito mais possibilidade de estar ainda mais à frente neste ranking. A carência de recursos faz com que a gente tenha uma dedicação redobrada para devolver para a sociedade o melhor que a gente pode. Aqui se ensina porque se pesquisa, esse é o lema da UFRJ. E é assim que o conhecimento avança e soluciona os problemas que surgem — afirma Medronho.Segundo ele, o custeio que chega para as atividades acadêmicas tem sido insuficiente para financiar projetos de pesquisa, além do auxílio a estudantes e pesquisadores. Ao contrário de São Paulo, que destina recursos do ICMS para as universidades do estado, grande parte do orçamento da federal, não chega diretamente para a universidade.— É nosso sonho de consumo ter o orçamento e investimentos que elas têm (universidades de São Paulo). O nosso, federal, é engessado. Grande parte do orçamento é para pagar o corpo de servidores, de pensionistas e aposentados. A gente não tem governabilidade nisso. Só recebemos mesmo o orçamento do nosso custeio, ainda assim, aquém do que necessitamos. Como temos um corpo discente de excelência, conseguimos financiamento de fora — explica o reitor, que busca articulações com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação: — A proposta é que o Ministério ajude as universidades federais para conseguir manter as pesquisas, através do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.Mauro Osório, professor da UFRJ e representante do Fórum de Reitores das Instituições Públicas de Educação do Rio de Janeiro (Friperj), defende a prioridade orçamentária para as universidades.— Não faz sentido ter R$ 800 bilhões de incentivos fiscais a empresas e as universidades deste jeito. O Rio de Janeiro tem uma história de tradição em pesquisa e ainda é referência internacional do Brasil. Somos recordistas em águas profundas, a Coppe teve um papel decisivo para a existência da Petrobras, a pesquisa em extremamente forte, com hospitais universitários de excelência. O país corre um risco muito sério em ter uma instituição dessa magnitude, que construiu esse nível de robustez, sem o devido suporte — afirma Osório.Aluna do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (Ifics) da UFRJ, e representante estudantil do Conselho Universitário (Consuni), Arthura dos Santos, de 23 anos, explica que as principais carências são a estrutura, antiga e precária, em diversos campi. Questões de elétrica, falta de climatização e conexão de internet são comuns à rotina. Ainda assim, ela se orgulha da colocação da universidade.— Acho que a UFRJ merece estar nessa posição, que bom que estamos. Os professores de todas as áreas são super especializados, dominam todos os assuntos. Mas falta orçamento. A gente precisa que o governo recomponha o orçamento do ensino superior. Principalmente ao que é oferecido para os estudantes, com assistência a quem estuda e pesquisa. Melhoramos no acesso, mas ainda são poucos os que conseguem se manter na universidade — afirma Arthura.Das 53 universidades brasileiras que constam no estudo, seis são do estado do Rio. Veja as universidades do Rio que entraram na lista – [posição no Brasil], [posição global em 2025] e [posição global em 2024]:Universidade Federal do Rio de Janeiro [2] [▲331] [401]Fundação Oswaldo Cruz [8] [▼668] [654]Universidade do Estado do Rio de Janeiro [12] [▼870] [857]Fundação Getúlio Vargas [13] [▼880] [846]Universidade Federal Fluminense [18] [▼982] [967]Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro [44] [▼1.774] [1.717]The post UFRJ sobe em ranking global de universidades e alcança 2º lugar do Brasil appeared first on InfoMoney.