As estrelas estão a alguns anos-luz da Terra, mas algumas podem passar "rapidamente" pelo Sistema Solar. Agora, um estudo sugere que essas passagens estelares podem provocar distúrbios gravitacionais capazes de alterar a órbita da Terra, causar colisões com outros planetas ou até empurrar nosso planeta em direção ao Sol.Em um estudo publicado na revista científica Icarus, um grupo de astrônomos realizou simulações computacionais para analisar os efeitos que a passagem de uma estrela pelo Sistema Solar poderia causar na Terra.Saiba também: Planeta do tamanho da Terra vaga pelo espaço sem uma estrelaAo analisar os dados, eles descobriram que essas estrelas não precisam chegar muito perto para provocar catástrofes; basta que se aproximem o suficiente para desequilibrar a dinâmica orbital dos planetas.Se esse cenário se concretizasse, a culpa do distúrbio seria de Mercúrio. Por ser o planeta mais próximo do Sol, sua órbita já tende a ser instável devido à influência gravitacional de Júpiter.O problema é que essa instabilidade pode se agravar com a passagem de estrelas pelo Sistema Solar. O resultado seria como um efeito dominó, desencadeando a desestabilização da órbita dos planetas no nosso sistema.“O futuro dinâmico de longo prazo dos planetas do Sol já foi simulado e analisado estatisticamente em grande detalhe, mas a maioria dos estudos anteriores considera o Sistema Solar como completamente isolado, desconsiderando a possível influência da passagem de estrelas próximas”, é descrito na introdução do estudo.Se isso realmente acontecesse, Mercúrio seria o principal responsável por que sua órbita se tornaria mais elíptica, entrando em uma espiral de desordem que faria o planeta colidir com o Sol ou com Vênus. Na continuação desse efeito dominó, a Terra também seria afetada.Estrelas passageiras e a TerraApós a passagem de uma estrela capaz de provocar a colisão de Mercúrio com o Sol ou Vênus, a órbita dos demais planetas seria desestabilizada. Isso poderia afetar diretamente a Terra, que poderia ser arremessada em direção ao Sol ou expulsa para fora do Sistema Solar. Assim, ela se tornaria um planeta gelado pela falta de radiação solar.Além disso, as simulações sugerem que as órbitas de Urano, Netuno e Plutão são menos estáveis do que os cientistas imaginavam.Quando estrelas de fora do Sistema Solar se aproximam, sua força gravitacional pode afetar as órbitas dos planetas. (Fonte: Getty Images)Ou seja, a influência de estrelas em passagem poderia causar uma catástrofe capaz de comprometer a dinâmica do Sistema Solar, ameaçando a vida na Terra e até a existência do planeta como o conhecemos.Segundo o estudo, nos próximos cinco bilhões de anos, Plutão tem 4% de chance de ser desestabilizado. Já entre os planetas rochosos, a chance de desestabilização é de apenas 1%. No total, os pesquisadores estimam que existe cerca de 1 chance em 200 de esse fenômeno comprometer a estabilidade do Sistema Solar nesse período.Quais as chances disso acontecer?Ao todo, os cientistas realizaram mais de duas mil simulações com dados sobre o Sistema Solar, passagens de estrelas, perturbações planetárias, entre outros. Em metade delas, foi possível identificar os efeitos que essas estrelas causariam no sistema.Em seguida, os resultados foram comparados com as outras mil simulações em que esses efeitos não foram observados. Com base nessa comparação, os pesquisadores conseguiram entender melhor os cenários de distúrbios na dinâmica orbital dos planetas.Descubra: Nova formação de ‘planetas errantes’ é descoberta pelo Telescópio James WebbApesar das previsões alarmantes, os cientistas afirmam que nenhum desses cenários é realmente provável de ocorrer nos próximos cinco bilhões de anos. A chance de algo assim acontecer com a Terra é de apenas 0,2%. Ou seja, pode ficar tranquilo: mesmo que isso aconteça, nenhum ser vivo estará aqui para presenciar esse evento.Algumas estrelas podem cruzar o Sistema Solar e alterar a órbita dos planetas ou até os expulsar para fora dele. Mas será que o contrário poderia acontecer? Entenda como o Sistema Solar poderia "capturar um planeta interestelar". Até a próxima!