Nas primeiras horas da manhã desta terça-feira (3/6), a Polícia Civil do Rio de Janeiro (PCRJ) cumpre 35 mandados de busca e apreensão no estado e em São Paulo (SP). Entre os envolvidos nas investigações estão o cantor MC Poze do Rodo; a esposa dele, Vivi Noronha; e um terrorista da Al-Qaeda identificado como Mohamed Farah de Almeida.9 imagensFechar modal.1 de 9Vivi Noronha e MC PozeReprodução2 de 9MC Poze e Vivi NoronhaReprodução3 de 9MC Poze do RodoReprodução4 de 9Em 2024, MC Poze teve bens apreendidos durante uma operação da PCERJReprodução5 de 9MC Poze chegando em um showReprodução6 de 9O sábio, primeiro álbum gravado de estúdioReprodução7 de 9Spotify não soube explicar "sumiço" de músicas de Poze do RodoInstagram/Reprodução8 de 9Dois fuzis aparecem em dado momento da filmagemReprodução9 de 9Recentemente, a Justiça havia liberado bens apreendidos do cantotO objetivo da operação policial é desarticular um esquema de lavagem de dinheiro controlado pelo Comando Vermelho (CV). Durante as investigações conduzidas pelas delegacias de Roubos e Furtos (DRF) e de Repressão a Entorpecentes (DRE), a PCRJ descobriu que Mohamed seria um dos suspeitos que atuam em um esquema de empresas, eventos e restaurantes de fachada.Além de ter um histórico relevante no sistema financeiro informal ligado ao CV, ele é procurado pela polícia federal dos Estados Unidos, o FBI, por supostamente ser operador de valores para a Al-Qaeda, segundo dados obtidos por meio de cooperação internacional.Saiba mais sobre a operaçãoA megaoperação da PCRJ visa desarticular um esquema usado pelo Comando Vermelho para lavar fortunas provenientes do tráfico de drogas e de outras atividades criminosas.A facção teria usado empresas em nome de Vivi Noronha, esposa de MC Poze do Rodo, para “passar a limpo” R$ 250 milhões, dinheiro sujo acumulado pelo CV.Além das buscas na casa do cantor, a Justiça autorizou o bloqueio e a indisponibilidade de bens e valores de mais de 35 contas bancárias.O esquema usava pessoas físicas e jurídicas para dissimular a origem ilícita dos valores, supostamente investidos em fuzis, cocaína e na consolidação territorial da facção.O dinheiro que entrava no caixa das empresas de Vivi Noronha teria sido depositado nas contas por criminosos do CV, que, posteriormente, recebiam os valores “limpos”.Nos últimos dias, a esposa de Poze usou as mídias sociais para acusar policiais civis de furto, supostamente ocorrido durante as buscas no âmbito da operação que levou o MC à prisão.Para a PCRJ, a “narcocultura” tem fortalecido a influência do tráfico no país e ajudado a inspirar na juventude uma imagem glamourizada da vida criminosa.“O que se vende como liberdade de expressão ou arte da ‘periferia’ é, muitas vezes, narcocultura financiada pelo Comando Vermelho, usada para recrutar, dominar e iludir”, divulgou a corporação.Picanha do JuscelinoAs investigações também apontam que o restaurante Picanha do Juscelino, situado estrategicamente em frente à Praça do Campo do Seu Zé, onde ocorre o baile Escolinha do Professor, no Complexo do Alemão, funcionava como ponto de lavagem de dinheiro, para movimentação de recursos provenientes do tráfico sob a fachada de atividade empresarial lícita.A PCRJ divulgou que o local era usado como polo logístico e símbolo de poder da facção, de modo a conectar a vida noturna da comunidade à engrenagem financeira do Comando Vermelho. Leia também Na Mira Empresas em nome de mulher de Poze do Rodo lavaram R$ 250 mi para o CV Na Mira CV despejou milhões em contas bancárias ligadas a mulher de MC Poze Na Mira Em menos de 5 anos, três traficantes da cúpula do CV se mataram; veja Outra empresa com papel relevante no esquema, segundo as investigações, é a Leleco Produções, identificada como operadora de lavagem de dinheiro e fomentadora de bailes funk promovidos por integrantes do CV. As festas teriam ocorrido para promover a venda de drogas e a “difusão da narcocultura”.As investigações também revelaram que Leonardo dos Santos Oliveira, responsável pela Leleco Produções, e a empresa dele figuram como destinatários diretos de recursos financeiros oriundos de operadores do Comando Vermelho. Ambos teriam recebido valores de pessoas físicas e jurídicas interpostas, para ocultação da origem ilícita dos lucros do tráfico.Entre os remetentes identificados nas análises financeiras destacam-se:Nikolas Fernandes Soares, vulgo MK, segurança pessoal de Doca, chefe do tráfico no Complexo do Alemão, já preso por envolvimento direto com a venda de drogas.Também foram identificadas transferências da empresa – GM de Jesus Produções Ltda., cujo sócio, Gustavo Miranda de Jesus, apontado como operador financeiro do “Professor”, já havia sido comunicado a órgãos de controle por movimentações suspeitas em espécie — reforçando a suspeita de simulação contratual e dissimulação patrimonial.