Vitória brasileira sobre os EUA, em 1994, foi suada e teve ‘climão’ nos vestiários

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Se existe uma nação em que o patriotismo sempre foi muito aflorado, essa nação são os Estados Unidos da América. E se existe um momento em que o nacionalismo fica ainda mais exacerbado é no quatro de julho, dia da independência norte-americana. A cultura futebolística até pode não ser grande no país, mas enfrentar a seleção local em data tão simbólica é desafiador e tem um peso diferente. Naquele dia, em 1994, a seleção brasileira, comandada por Carlos Alberto Parreira, enfrentou os americanos pelas oitavas de final da Copa. Debaixo de um sol escaldante, a partida se complicou. O relógio marcava 41 minutos do primeiro tempo quando houve o lance mais polêmico do jogo e que talvez tenha interferido no futuro da seleção na Copa. Em uma disputa desnecessária de bola na lateral esquerda, Leonardo tentou se desvencilhar de Tab Ramos. Sem olhar para o adversário, o jogador brasileiro desferiu uma cotovelada que acertou o rosto do americano. Leonardo não agiu por maldade, mas foi imprudente em uma ação por reflexo. A cena impressiona pela violência. O árbitro não tinha outra alternativa a não ser mostrar o cartão vermelho a ele que vinha fazendo uma boa Copa. O jogador ficou atônito ao ser expulso. Tab Ramos teve uma fratura na cabeça e foi levado para o centro médico da Universidade de Stanford. O substituto foi Wynalda. Mazinho atuou improvisado na lateral esquerda até Parreira colocar Cafu no lugar de Zinho. A torcida e a imprensa esperavam que Branco entrasse na partida.  Siga o canal da Jovem Pan Esportes e receba as principais notícias no seu WhatsApp! WhatsApp O clima esquentou no vestiário, conforme relato de Branco: “Eu já estava pronto depois de tudo que passei para voltar [o atleta se refere à recuperação pelos problemas físicos]. Então, imagine como fiquei? Muita gente não sabe, mas, nas três Copas que disputei, sempre estive entre os atletas com melhor condicionamento físico. Quando não entrei no jogo, eu fiquei transtornado. Deu confusão. Criei tumulto. Uma reação natural no momento. Eu queria muito jogar. Vinha sofrendo até com piada de jornalista dizendo que eu iria morrer na praia. Ronaldão me acalmou no vestiário. Depois, o Parreira foi até meu quarto e disse que eu jogaria contra a Holanda”.A torcida estava apreensiva e com razão, pois mesmo com boas chances e a doação da equipe para superar a ausência de Leonardo, as redes ainda não tinham balançado. A jogada que evitou a prorrogação e até mesmo uma eventual disputa por pênaltis começou nos pés de Romário, aos 28 minutos da etapa final. Ele recebeu a bola no círculo central, já no campo de ataque, foi em direção à área, passando com habilidade pelos adversários e tocou para Bebeto que chutou cruzado no canto direito de Meola: 1 a 0.BRASIL 1 × 0 Estados Unidos – Palo Alto – 04.07.94Brasil: Taffarel; Jorginho, Aldair, Márcio Santos e Leonardo; Mauro Silva, Dunga, Mazinho e Zinho (Cafu); Bebeto e RomárioTécnico: Carlos Alberto ParreiraEstados Unidos: Meola; Clavijo, Balboa, Lalas e Caligiuri; Tab Ramos (Wynalda), Dooley, Hugo Perez (Wegerle) e Sorber; Cobi Jones e StewartTécnico: Bora MilutinovićÁrbitro: Joel Quiniou (França)Gol: Bebeto (27) no segundo tempoPúblico: 84.147A vitória contra os Estados Unidos garantiu a classificação brasileira para as quartas de final, contra a Holanda. Branco foi o substituto de Leonardo na partida  e, quis o destino, que ele marcasse o gol da vitória por 3 a 2. A seleção seguia rumo ao tetra e o fim do jejum de 24 anos sem títulos mundiais se aproximava. Ouça a íntegra da partida contra os americanos com a narração de José Carlos Araújo: