Novas máximas do Ibovespa estão por vir – mas no meio do caminho estão os desdobramentos das tarifas de Donald Trump. O quanto isso pode afetar os ânimos com o mercado brasileiro?Na esteira de um prazo perto de se esgotar em 9 de julho para os países voltarem a ser tarifados de forma diferentes por EUA, esse tema será acompanhado de perto na próxima semana pelo mercado – e pode gerar aversão global ao risco. Mesmo com Wall Street fechada por conta do feriado de 4 de julho nos EUA, os futuros das ações dos EUA recuaram nesta sexta-feira (4), enquanto os parceiros comerciais americanos pressionavam por concessões antes do prazo para finalizar acordos comerciais com a administração Trump.O presidente dos EUA, Donald Trump, aumentou as tensões comerciais após o fechamento de quinta-feira, alertando os parceiros de que pode começar a impor tarifas de até 70% unilateralmente.Faltando menos de uma semana para o prazo, montadoras da União Europeia pressionavam por um acordo que permitiria alívio tarifário em troca do aumento de investimentos nos EUA, informou a Bloomberg News. Enquanto isso, um rascunho de acordo comercial entre EUA e Suíça continha garantias sobre tarifas para exportações farmacêuticas, segundo pessoas familiarizadas com o assunto ouvidas pela Bloomberg.Leia tambémIbovespa Ao Vivo: Bolsa avança e renova recorde, aos 141,5 mil pontosBolsa brasileira opera ser referência dos EUA, que não opera hoje por feriado nacionalDólar cairá mais? Bancos revisam projeções com moeda nas mínimas em mais de um anoNos últimos dias, XP, Santander e Bradesco revisaram projeções para 2025 e 2026; analistas também veem mudanças no curto prazoOs mercados acionários globais se recuperaram fortemente desde a volatilidade causada pelas tarifas em abril, impulsionados em parte pela força contínua da economia dos EUA. Ainda assim, alguma cautela dos investidores persiste, já que a guerra comercial continua a obscurecer as perspectivas para a inflação e a lucratividade das empresas.“Há um pouco de dúvida surgindo, especialmente após a alta desta semana”, quando as ações voltaram às máximas, disse Neil Wilson, estrategista de investimentos da Saxo UK. “É um bom dia para reduzir um pouco o risco. Mas não acho que haja uma mudança de fundamentos”, complementou. Thiago Calestine, economista e sócio da Dom Investimentos, aponta que as novas tarifas poderiam gerar uma aversão aos ativos de risco, não só para os brasileiros, mas para os globais.“Com certeza a bolsa americana observaria uma realização de lucros caso essas tarifas entrassem (ou voltassem a entrar) em vigor de novo no dia 9. E obviamente a bolsa americana em queda puxa para baixo outras bolsas, tanto europeias, asiáticas quanto de países emergentes”, avalia.Para o economista, esse cenário deixaria a visão de médio e longo prazo mais opaca, o que o investidor não gosta. Nesses momentos, o investidor prefere realizar as posições que tem em ativos de risco e correr para a renda fixa. “Com certeza, os ativos de risco brasileiros sentiriam isso. Mas indo muito mais na onda das bolsas globais”, aponta.Cabe ressaltar que, no “Liberation Day”, no último dia 2 de abril, os mercados ficaram abalados com as tarifas anunciadas por Trump. Contudo, Dias depois, mais precisamente em 9 de abril, Trump deu uma janela de três meses para os países negociarem acordos comerciais com os Estados Unidos ou enfrentarem tarifas “recíprocas” mais altas. Isso gerou alívio nos mercados pelo tempo ganho, mas também gerou apreensão sobre os próximos passos já que a suspensão seria temporária.Quase noventa dias depois, Calestine vê que pode haver um efeito similar nos ativos ao ocorrido durante o Liberation Day, mas em escala bem menor, porque já é algo que o mercado coloca no preço. “O mercado já sabe ou já tem alguma noção do que vai acontecer no dia 9, já está no radar”, avalia.Como um ponto a favor dos ativos domésticos, vale ressaltar que o Brasil foi visto como uma espécie de “vencedor” pós Liberation Day antes da pausa estabelecida por Trump do dia 9 de abril. Isso porque, enquanto produtos brasileiros receberam uma tarifa de 10%, outros países, principalmente na Ásia, sofreram com alíquotas entre 25% e 49%. Desta forma, a tarifa-base de 10% estabelecida para o Brasil (a mínima estabelecida para os mais diversos países) foi vista como positiva em termos relativos para o país. Isso fez com que o Ibovespa registrasse variações tímidas nas sessões seguintes ao pós-Liberation Day e subisse forte (mais precisamente 2,26%) no dia 9 de abril de interrupção das tarifas por Trump. Nos quase três meses seguintes, a injeção de capital estrangeiro na B3 foi um dos fatores por trás de um forte ganho para o Ibovespa e fez o índice ultrapassar recordes além dos 141 mil pontos – e com projeções seguindo otimistas à frente. Dólar mais fracoJá para o dólar, Calestine tem a projeção de que ele fique ainda mais fraco, após atingir a mínima de mais de um ano, a R$ 5,40, na véspera. “Quanto mais tarifas tivermos, ou quanto mais mudanças de política fiscal o presidente Trump fizer, mais ele indica que a moeda norte-americana, o país como um todo e o mercado norte-americano não é mais aquele lugar com uma altíssima previsibilidade sobre o que vai acontecer a médio e longo prazo”, avalia. Com isso, o investidor pode partir para ativos não tão atrelados ao dólar para mitigar esse risco.Neste sentido, também avalia que, com a moeda se enfraquecendo, o fato do Brasil ser agroexportador pode torná-lo mais competitivo no cenário global. Isso, eventualmente, a pode levar a um aumento de receitas nas empresas brasileiras e nas empresas listadas, o que impulsionaria a Bolsa. (com Bloomberg)The post 9 de julho vem aí: tarifas de Trump podem frustrar novas máximas do Ibovespa? appeared first on InfoMoney.