A reunião da Opep+, marcada para este sábado (5), pode trazer novos elementos para o mercado de petróleo — e, com isso, impactar as ações da Petrobras (PETR4). O grupo deve anunciar um novo aumento de produção de 411 mil barris por dia (bpd) para agosto, o quarto mês seguido de alta na oferta global.Para Ruy Hungria, analista da Empiricus Research, o movimento já está amplamente precificado. “O mercado vai ficar atento ao que será sinalizado para a próxima reunião, em agosto: se vai aumentar novamente (o que seria ruim) ou não (o que seria positivo). O que tenho lido é que devemos ter outro aumento, que é ruim, mas também não é tão inesperado assim.”LEIA MAIS: Em quais ações vale a pena investir? Veja as recomendações do BTG Pactual como cortesia do Money TimesJeff Patzlaff, planejador financeiro CFP e especialista em investimentos, concorda que o acréscimo de 411 mil bpd já está “amplamente antecipado” e incorporado nos preços atuais do petróleo.“Mesmo com rumores de que esse volume pudesse ser maior, não houve anúncio oficial nesse sentido. Ainda assim, fatores como tensões internas na Opep+, com países como Rússia, Argélia e Omã defendendo moderação nos aumentos, podem influenciar a reação do mercado”, explica.Patzlaff avalia que, se essa ala mais cautelosa prevalecer, os preços podem até subir. Por outro lado, um aumento inesperado acima dos 411 mil bpd — ainda que improvável — poderia provocar nova pressão de baixa nas cotações.“O ambiente geopolítico, especialmente após o cessar-fogo entre Israel e Irã, ainda contribui para a manutenção de um certo prêmio de risco, sustentando o Brent em torno de US$ 75 por barril no curto prazo”, completa.Impactos na Petrobras A possível ampliação da oferta global exerce pressão direta sobre os preços do petróleo, o que afeta as margens da Petrobras. “Se o mercado entender que os 411 mil bpd já estão acomodados, o impacto pode ser limitado. Mas um aumento maior ou sinalizações de aceleração na produção tendem a intensificar o viés negativo para a ação”, aponta Patzlaff.Ele destaca, no entanto, que fatores domésticos como câmbio, política de preços, carga tributária e eventuais intervenções do governo também podem interferir no desempenho da companhia. “O principal driver de curto prazo, porém, continuará sendo o comportamento dos preços internacionais do petróleo.”Cenários possíveisPatzlaff traça três cenários possíveis para o mercado:Positivo: Aumento mantido em 411 mil bpd e foco do mercado nas tensões geopolíticas ou na resiliência da demanda global. Isso sustentaria os preços ou até provocaria leve alta, favorecendo PETR4.Negativo: Indicação de avanço mais forte na produção ou sinais de fraqueza da demanda (por exemplo, recessão na Europa). Nesse caso, os preços cairiam e pressionariam ainda mais a ação da estatal.Mais provável: Manutenção do aumento já esperado, com o mercado equilibrando preocupações com a oferta e tensões regionais. “Esse cenário deve manter o Brent entre US$ 68 e US$ 72 por barril, e PETR4 em uma faixa neutra até o fim do terceiro trimestre, a menos que haja algum choque externo relevante”, afirma.Com o petróleo cotado a US$ 65 por barril em 2025, o Santander estima que a estatal poderá distribuir US$ 7,3 bilhões em dividendos, o que representa um dividend yield de aproximadamente 9%, em linha com os pares globais.Petróleo hojeOs preços futuros do petróleo caíram ligeiramente nas negociações de feriado dos Estados Unidos nesta sexta-feira, com o mercado aguardando a reunião da Opep+ deste fim de semana.Os preços futuros do petróleo Brent caíram 0,7%, a US$ 68,30 por barril, enquanto o petróleo West Texas Intermediate dos EUA caiu 0,75%, a US$ 66,50, por volta de 16h20 (horário de Brasília). O comércio foi escasso devido ao feriado do Dia da Independência dos EUA.O Brent ficou cerca de 0,8% mais alto do que o fechamento da última sexta-feira e o WTI ficou cerca de 1,5% mais alto.*Com informações da Reuters