Ataques de Israel matam 516 palestinos em busca por comida em Gaza

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O número de palestinos mortos enquanto aguardavam por ajuda humanitária na Faixa de Gaza chegou a 516, segundo a Defesa Civil local. A cifra foi atualizada nesta terça-feira (24/6) após um novo ataque das Forças de Defesa de Israel, que atingiu pontos de distribuição de alimentos na região central de Gaza. Ao menos 49 pessoas morreram e 197 ficaram feridas somente neste último episódio.Desde o fim de maio, a população enfrenta um sistema de distribuição controlado pela Gaza Humanitarian Foundation (GHF), que é apoiada por Israel e pelos Estados Unidos. A estrutura, no entanto, vem sendo denunciada como uma “armadilha mortal”.“As pessoas estão morrendo em Gaza simplesmente tentando conseguir comida. Tentar sobreviver se tornou uma sentença de morte”, disse Jonathan Whittall, coordenador da Agência das Nações Unidas para Assuntos Humanitários (OCHA).Segundo Whittall, os locais de entrega de alimentos se transformaram em zonas de tiro, sob controle militar e sem garantias de segurança.5 imagensFechar modal.1 de 5Reprodução/X2 de 5Palestinos recebem refeições distribuídas por organizações humanitárias na área de al-Mawasi, em Khan Yunis, GazaAbed Rahim Khatib/Anadolu via Getty Images3 de 5Palestinos recebem refeições distribuídas por organizações humanitárias na área de al-Mawasi, em Khan Yunis, GazaAbed Rahim Khatib/Anadolu via Getty Images4 de 5Moradores palestinos fazem busca e resgate após o exército israelense atacar uma barraca usada como ponto de carregamento de celulares no Campo de Refugiados de Al-Shati, na Cidade de GazaAli Jadallah/Anadolu via Getty Images5 de 5KHAN YUNIS, GAZA – 15 DE JUNHO: Palestinos fazem fila com seus recipientes para receber refeições quentes distribuídas por organizações humanitárias em Mewasi, enquanto a crise alimentar se agrava devido aos ataques contínuos de Israel em Khan Yunis, Gaza, em 15 de junho de 2025Getty Images 410 mortes em menos de um mêsO Escritório do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos confirmou que 410 civis morreram nas filas da GHF somente desde o dia 26 de maio, ou seja, em menos de um mês. Para o órgão, a prática pode configurar crime de guerra.A ONU e outras organizações humanitárias se recusam a atuar em parceria com o modelo adotado por Israel, alegando que o processo viola os princípios de neutralidade e segurança.“Observamos um padrão assustador de forças israelenses abrindo fogo contra multidões que se aglomeram para obter alimentos”, afirmou Philippe Lazzarini, comissário da Agência da ONU para Refugiados Palestinos (UNRWA). Leia também Mundo Após cessar-fogo com Irã, Israel diz que vai focar em Gaza Mundo “Filme de terror”: latinos contam como era viver entre Israel e Gaza Mundo Forças israelenses matam 51 palestinos que aguardavam ajuda em Gaza Mundo Palestinos famintos saqueiam centro de ajuda da ONU em Gaza Fome extremaA situação alimentar na Faixa de Gaza é crítica. A ONU estima que mais da metade da população enfrenta níveis extremos de fome. Desde o início da guerra, em outubro de 2023, a escassez se agravou com o bloqueio à entrada de insumos e com o cerco militar à região.Organizações internacionais acusam Israel de usar a fome como arma de guerra. Além das mortes em filas, os bombardeios israelenses já deixaram mais de 56 mil civis mortos e outros 130 mil feridos ao longo dos últimos nove meses.Apesar das denúncias, Tel Aviv afirma que os pontos de distribuição visam garantir o fornecimento seguro de alimentos à população. A versão, no entanto, é rebatida por vídeos e relatos que mostram multidões sendo alvejadas enquanto tentam se alimentar.