Os agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) aprovaram indicativo de greve e deliberaram que vão entrar na Justiça como uma Ação Civil Pública pedindo o afastamento de Luiz Fernando Corrêa do cargo de diretor-geral da Agência. Ainda não há uma data para quando vai ocorrer a primeira paralisação.O gesto é um protesto contra a permanência de Luiz Fernando Côrrea à frente do comando do órgão, após ele ser indiciado pela Polícia Federal (PF) por obstrução de justiça no inquérito conhecido como Abin Paralela.Conforme noticiou a coluna, a assembleia dos agentes da Abin foi convocada pela União dos Profissionais de Inteligência de Estado (Intelis) para discutir as ações. As deliberações foram votadas na segunda-feira (23/6) pela categoria, e tiveram o resultado divulgado nesta terça-feira (24/06).“Em decisão histórica, a votação relativa à Assembleia aberta ontem teve ampla participação e resultou, por expressiva maioria, na aprovação tanto da impetração da ação civil pública quanto do indicativo de greve. Os associados optaram por dar um basta à degradação geral da ABIN e manifestaram claramente sua vontade de reação e defesa da nossa instituição. A Diretoria Executiva iniciará imediatamente as ações necessárias, incluindo o estabelecimento do comitê de crise para conduzir este momento crítico”, informou a Intelis em nota encaminhada aos servidores associados.Quem é o diretor-geral da Abin?Delegado da PF, Luiz Fernando Corrêa foi indicado ao cargo máximo da Agência pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2023. Ele teve ao menos sete atuações que o incriminam na investigação sobre a Abin Paralela.A PF indiciou o diretor-geral da Abin por impedir ou embaraçar a investigação de infração penal que envolva organização criminosa pela participação ativa na “estratégia conjunta”, por prevaricação e por coação no curso do processo diante do assédio moral e da intimidação cometidos contra ex-corregedora e servidores.Diretor-geral da Abin, Luiz Fernando Corrêa, foi indiciado pela PF no inquérito da Abin Paralela Leia também Tácio Lorran Abin Paralela: veja 7 provas que incriminam diretor escolhido por Lula Tácio Lorran Abin: servidores preveem greve e ir à Justiça após PF indiciar diretor Paulo Cappelli Servidores da Abin cobram saída do chefe da agência após indiciamento Paulo Cappelli Por que Lula deve afastar o atual chefe da Abin Sem citar nomes, a Intelis usou seu perfil nas redes sociais na segunda-feira para criticar a permanência de alguns diretores da Abin que foram indiciados pela PF. Eles chamaram a publicação de denúncia.“Delegados indiciados por obstrução de justiça e acusados de assédio e misoginia contra Corregedora e Ouvidora foram vistos trabalhando hoje normalmente em posições de comando de um órgão de Estado, em um governo dito progressista!!”, protestou a entidade de classe. URGENTE!!!Delegados indiciados por obstrução de justiça e acusados de assédio e misoginia contra Corregedora e Ouvidora foram vistos trabalhando hoje normalmente em posições de comando de um órgão de Estado, em um governo dito progressista!!#DENÚNCIA— Intelis – Profissionais da ABIN (@Intelis_ABIN) June 23, 2025 Veja as evidências apresentadas no inquérito contra Luiz Fernando Corrêa sobre a Abin Paralela:Minimizar o escândalo do uso clandestino do software espião FirstMile;Articular proteção ao então secretário de Planejamento e diretor de Operações de Inteligência, Paulo Maurício Fortunato Pinto, considerado pela organização criminosa como um dos principais responsáveis pela degradação da Abin;Participar de reuniões estratégicas da Abin, inclusive com Paulo Maurício, antes de chefiar a agência, tendo presença registrada por 47 dias de fevereiro a maio de 2023;Participar da reunião “Estratégia da Direção Geral”, avaliada como crucial para embaraçar a apuração federal, junto a outros servidores investigados. Coube a Corrêa conduzir a estratégia;Declaração pública de que o FirstMile era um “brinquedo de criança” em 2 de outubro de 2023;Encontro com o deputado federal e ex-diretor da Abin, Alexandre Ramagem, também indiciado, em 16 de junho de 2013 fora da agenda oficial sobre a “Operação Rio 06” e sobre “evitar murmurinho” num momento considerado sensível da investigação e perto de indicações para a CPMI do 8 de janeiro. A atitude reforçou a suspeita de alinhamento entre os dois;Ordem – posteriormente abortada – para movimentar a estação de trabalho do ex-diretor adjunto, também investigado, Victor Felismino Carneiro em 8 de fevereiro de 2024 diante da deflagração da operação Tempus Veritatis.