O Primeiro Comando da Capital (PCC) se instalou em pelo menos 28 países pelo mundo, inclusive dentro do sistema prisional, identificou uma investigação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público de São Paulo (MPSP). A reportagem teve acesso à lista de nações, que inclui Suriname, Turquia, Líbano e Japão.Surgida em 1993 na Casa de Custódia e Tratamento de Taubaté, no interior de São Paulo, a facção paulista se estendeu para outros estados do país, até atravessar fronteiras e oceanos, se instalando em diferentes continentes pelo mundo.Em setembro de 2023, o Metrópoles revelou em primeira mão que a facção já estava instalada em ao menos 23 países. Agora, as investigações apontam para novas nações que contam com a presença do grupo.Países com tentáculos do PCCDe acordo com o MPSP, o PCC tem membros em todos os países da América do Sul, da Argentina à Venezuela, com predominância no Paraguai, onde estão 699 membros da facção – sendo 341 presos e 353 em liberdade.Na América do Norte, a facção se instalou no México, com três membros, e nos Estados Unidos, com 15, sendo dois dentro do sistema prisional.Na Europa, o PCC está em países como Alemanha, Bélgica, Espanha, França, Holanda, Inglaterra, Itália, Irlanda e Portugal, onde há maior concentração de membros do grupo criminoso – 29 presos e 58 em liberdade.Ainda no continente europeu, os investigadores identificaram um membro em liberdade atuando nos negócios da facção na Sérvia, na região dos Balcãs, e outro integrante na Turquia, nação que possui a maior parte do território na Ásia.No continente asiático, o MPSP identificou um membro, também em liberdade, no Líbano, país do Oriente Médio.Veja as nações com registros de membros do PCCAmérica do SulArgentinaBolíviaChileColômbiaEquadorGuianaGuiana FrancesaParaguaiPeruSurinameUruguaiVenezuelaAmérica do NorteEstados UnidosMéxicoEuropaAlemanhaBélgicaEspanhaFrançaHolandaInglaterraIrlandaItáliaPortugalSérviaSuíçaÁsiaJapãoLíbanoTurquiaDe acordo com os dados, há 2.078 membros do PCC em atividade pelo mundo – 1.092 estão presos, e 986 estão atuando em liberdade. Em 2023, eram 1.545 membros espalhados pelo globo. Leia também São Paulo PCC chega a 28 países e entra em presídios de 4 continentes, diz MPSP Paulo Cappelli Câmara cobra Itamaraty por veto a CV e PCC como “terroristas” São Paulo Líder do PCC será transferido de Brasília para penitenciária de SP São Paulo Quem é Xexênia, criminosa condenada por criptografar “salves” do PCC Suposta presença na ÁfricaNa lista, chama a atenção a ausência de países da África, uma vez que o continente é um dos destinos para a cocaína exportada pelo PCC saindo principalmente do Porto de Santos, no litoral paulista.Investigações anteriores já revelaram que a facção lucra bilhões ao transportar a droga de países como Bolívia, Colômbia e Peru, rumo a nações africanas e europeias, por vias marítimas.Para Ivana David, desembargadora do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), a investigação parece não ter identificado membros da facção detidos em unidades prisionais africanas, o que possibilitaria uma estruturação do grupo dentro do sistema carcerário das nações.“Agora, o PCC está na África sim. Prendemos grandes líderes lá que estavam soltos”, disse ao Metrópoles.Movimentação de líderes mostra até onde vão braços da facçãoMarcos Roberto de Almeida, o Tuta, apontado como número 2 do PCC nas ruas, foi preso pela Polícia Federal (PF) em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, em 16 de maio.Antes disso, ele passou cinco anos foragido, período em que teria passado por países como República Dominicana, Panamá e Porto Rico, na América Central, e Moçambique, na África, de acordo com o promotor Lincoln Gakiya, do Gaeco.A Bolívia, onde o criminoso foi preso, se tornou um “hub” para outros líderes da facção, aponta o MPSP.Conforme Gakyia, as investigações indicam que também estão no país lideranças como André do Rap, Patrick Wellington Salomão, o Forjado, Pedro Luiz da Silva, o Chacal, e Sérgio Luiz de Freitas, o Mijão.A conexão Bolívia-Moçambique já foi usada anteriormente por outros membros da facção paulista.Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho, fugiu da Casa de Detenção em São Paulo e ficou na Bolívia escondido por quase 20 anos. Ele foi detido em Moçambique em 2020 e, atualmente, cumpre pena em uma penitenciária estadual do Ceará.