O petróleo Brent, que chegou a US$ 75 por barril após tensões no Oriente Médio, deve voltar a recuar nos próximos meses, segundo novas projeções do Goldman Sachs para o setor petrolífero na América Latina. A estimativa da equipe de commodities do banco aponta para um preço médio de US$ 56 por barril neste ano, chegando a US$ 55 em 2026.Mesmo com o aumento do prêmio de risco geopolítico, o Goldman também considera o avanço da oferta global fora do mercado de xisto dos Estados Unidos. Esse movimento tende a pressionar os preços, conforme os analistas.Na análise financeira, o banco construiu modelos simplificados de fluxo de caixa descontado (DCF, na sigla em inglês) para medir a sensibilidade das petroleiras latino-americanas ao preço do barril. Segundo os cálculos, uma queda de US$ 10 por barril, a partir de 2026, pode reduzir, em média, 28% do valor justo das empresas de exploração e produção (E&P) cobertas pela instituição.Entre os nomes avaliados, a brasileira Brava Energia (BRAV3) surge como a mais sensível às oscilações do petróleo. O banco estima que, para cada US$ 10 de queda na cotação do barril, o fluxo de caixa livre (FCF, na sigla em inglês) da companhia recua cerca de 13 pontos percentuais, enquanto o valor justo das ações cai pela metade. O alto grau de alavancagem e a concentração total no segmento de exploração (upstream), dizem os analistas, explicam a vulnerabilidade da Brava.No lado oposto, a colombiana Ecopetrol tem a menor exposição ao preço do petróleo. A diversificação com ativos de transporte (midstream), refino (downstream), geração de energia e gás natural, avaliam os estrategistas, oferece uma proteção adicional contra a volatilidade da commodity.A argentina Vista Energy aparece como a segunda mais sensível em termos de valor justo, reflexo da forte dependência da produção de petróleo em Vaca Muerta, sem participação relevante nos segmentos de gás ou refino. Por outro lado, apresenta uma das menores exposições sob a ótica do fluxo de caixa, beneficiada por baixa alavancagem e margens elevadas.Entre as brasileiras, a PRIO (PRIO3) apresenta uma sensibilidade intermediária. Os analistas dizem que, embora seu fluxo de caixa livre em 2026 dependa fortemente do preço do barril, o valor justo da empresa não sofre na mesma proporção, devido à alta eficiência operacional.A recente aquisição de participação no campo Peregrino, no entanto, pode aumentar sua exposição, já que os custos operacionais desse ativo são mais altos e o desconto em relação ao Brent é maior quando comparado aos ativos atuais da companhia.Recomendação e pontos de atençãoO Goldman também atualizou suas projeções para a Petrobras (PETR4). Com base na curva futura de preços, que indica média de US$ 72 por barril neste ano e US$ 69 em 2026, o banco projeta que a estatal brasileira entregue um dividend yield (dividendo em relação ao preço da ação) de aproximadamente 11% ao ano em 2025 e 2026. A recomendação para as ações PETR3, PETR4, PBR e PBR_A permanece em compra, com preço-alvo de R$ 43,80, R$ 39,90, US$ 15,50 e US$ 14,10, respectivamente.A análise, porém, alerta para dois pontos de atenção no caso da Petrobras: uma possível revisão na política de remuneração dos acionistas, que atualmente permite pagamento de dividendos acima do fluxo de caixa caso o preço do petróleo fique abaixo dos níveis atuais, e o risco de interferência governamental, sobretudo nas discussões sobre royalties e leilões de novos campos.A Vista teve o preço-alvo ajustado para US$ 62,20, ante US$ 62, com expectativa de crescimento anual de 13% na produção até 2030, abaixo dos 16% previstos anteriormente. O banco diz que a companhia pode priorizar o equilíbrio financeiro após a aquisição dos ativos da Petronas na Argentina, o que poderia levar a uma desaceleração no ritmo de perfuração de poços.Para a PRIO, o Goldman elevou o preço-alvo de R$ 49,90 para R$ 57,30. A companhia ainda aguarda a entrada em operação do campo Wahoo, prevista para o primeiro trimestre de 2026, que deve ser o próximo evento relevante no papel. A incerteza sobre o cronograma do projeto levou o banco a rebaixar a recomendação para neutra.A PetroRecôncavo (RECV3) teve o preço-alvo ajustado de R$ 16,50 para R$ 18,50. A revisão considerou a alta dos preços futuros do petróleo e uma leve redução nas projeções de produção para 2025. O banco também revisou o custo médio ponderado de capital (Wacc, na sigla em inglês) da companhia para 14,5%, em função da elevação dos juros livres de risco no Brasil.A YPF, da Argentina, teve seu preço-alvo ajustado de US$ 41,60 para US$ 44,50, mantendo a recomendação neutra. A atualização levou em conta os preços mais altos na curva futura de petróleo, embora o banco tenha reduzido o múltiplo Ev/Ebitda (valor da empresa sobre lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) esperado para 2028 de 3,9 vezes para 3,6 vezes, refletindo maior incerteza sobre os fundamentos da commodity no médio prazo.A Ecopetrol também teve o preço-alvo revisado, passando de COP 1.447,20 para COP 1.630,70 na bolsa colombiana, e de US$ 6,80 para US$ 7,70 na bolsa de Nova York, mantendo recomendação neutra. A companhia, aponta o banco, se beneficia de sua diversificação, que a torna menos dependente do comportamento dos preços do petróleo.A Brava Energia, por sua vez, permanece como única recomendação de venda na cobertura do banco, com preço-alvo elevado de R$ 15,80 para R$ 18, após a atualização dos modelos para incorporar a curva futura de preços mais alta. Mesmo com a revisão, os analistas avaliam que o modelo de negócios da companhia apresenta riscos elevados, tanto pela concentração total em upstream quanto pela alavancagem financeira superior aos pares.The post Alta continua? Goldman projeta petróleo a US$ 55 em 2026 e revisa petroleiras latinas appeared first on InfoMoney.