Sete urnas funerárias de cerâmica, sendo duas de grandes dimensões, foram encontradas sob as raízes de uma árvore caída em área de várzea no município de Fonte Boa, no interior do Amazonas. A área integra o sítio arqueológico Lago do Cochila, localizado na região do Médio Solimões. O sítio é uma das ilhas artificiais construídas por povos indígenas há séculos, a partir do uso de terra e fragmentos cerâmicos para elevar zonas alagáveis e mantê-las habitáveis durante as cheias do rio.A escavação foi realizada por arqueólogos do Instituto Mamirauá em parceria com moradores da comunidade São Lázaro do Arumandubinha. O trabalho foi feito em local de difícil acesso, com logística planejada e participação direta da população local. A atuação conjunta entre pesquisadores e comunidade aplicou uma metodologia considerada inovadora por unir conhecimento científico e saber tradicional.DescobertaSegundo o arqueólogo Márcio Amaral, as ilhas artificiais são exemplos notáveis de engenharia indígena ancestral. “Essas estruturas foram erguidas em áreas de várzea mais altas, com material trazido de outros pontos e misturado intencionalmente com fragmentos cerâmicos”, explica. A descoberta evidencia não só a complexidade técnica dessas comunidades, mas também sua capacidade de manejar o território e sustentar uma população densa por gerações, um legado que segue sendo desvendado peça por peça na terra e na memória amazônica.Leia mais: Sem acordo sobre comando, PSDB e Podemos desistem de fusãoMundo levará 123 anos para alcançar paridade de gênero e Brasil perde posições no ranking