É inegável que a pauta eleitoral já avança em Brasília e para o mercado. “Mesmo com a eleição ainda longe, a história mostra que os governos se movimentam desde cedo para tentar ganhar tração em setores da sociedade onde enfrentam resistência”, diz Paulo Gama, analista político da XP.Segundo Gama, medidas como a reforma do Imposto de Renda, novas faixas do programa Minha Casa Minha Vida e uma proposta de gratuidade de tarifas de energia fazem parte dessa tentativa de ampliar o apoio popular. “Essas discussões já estão postas, mas outras ainda podem surgir ao longo do semestre”, acrescentou.Gama e Bárbara Baião, também analista política da XP, participaram do episódio mais recente do programa Stock Pickers, com apresentação de Lucas Collazo.A leitura da dupla de analistas é clara: a movimentação do governo em pautas como reforma tributária, setor elétrico e novas linhas de crédito já mira a corrida presidencial de 2026.Bárbara Baião reforçou que a relação entre Executivo e Congresso é cada vez mais impactada por esses movimentos. “A política não acontece em compartimentos isolados”, disse.Leia mais: Após urgência para Câmara votar o decreto do IOF, governo ganha tempo; veja por quêE também: Sócio da Távola vê “tourada” na Bolsa e preços que nem sempre refletem o real valorSetor elétrico Entre os temas que devem ganhar destaque nos próximos meses, Paulo Gama apontou a reforma do setor elétrico. Segundo ele, ela tende a “esquentar muito”. Embora ainda esteja em fase preliminar, enviada como medida provisória pelo Executivo, a proposta terá forte impacto sobre o mercado — e deve entrar em debate ainda no segundo semestre.Outro ponto de atenção levantado foi a criação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS, que ganhou força após denúncias de desvios em contribuições indevidas. “A CPMI foi oficialmente lida pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre, e é um ponto sensível. O governo tenta controlar o ambiente político para que o impacto seja o menor possível”, afirmou Gama.Ele lembrou que comissões como essa têm dinâmica própria e imprevisível. “Todo mundo repete esse mantra: você sabe como começa, mas não sabe como termina. A oposição vai usar essa vitrine para se contrapor às pautas positivas do governo”, disse.Imposto de Renda Uma das principais apostas do Planalto — a reforma do Imposto de Renda — também carrega riscos. O governo propõe isenção para quem ganha até R$ 5 mil por mês, o que implicaria perda de arrecadação. Para compensar, propôs uma alíquota mínima efetiva para quem ganha acima de R$ 600 mil por ano.Gama alerta para dois desafios nessa equação. “O primeiro ponto é se a compensação aprovada pelo Congresso será suficiente para cobrir a renúncia. O segundo é entender quem vai pagar essa conta. Pode haver impacto em setores específicos, com redirecionamento sobre lucros e dividendos ou sobre JCP e CSLL”, explicou.Essas discussões são cruciais para o mercado, segundo Bárbara Baião, por mexerem diretamente nas expectativas fiscais. “É importante observar se o governo vai conseguir construir maioria para aprovar essas medidas sem distorções, o que impacta diretamente o risco país e a precificação dos ativos”, comentou.Ela lembra que, apesar de parecerem técnicas, essas agendas estão fortemente conectadas ao jogo político. “Aqui em Brasília, tudo está interligado: CPMI, medidas provisórias, decretos como o do IOF. O nosso papel é ajudar o mercado a entender como esses fios se cruzam”, disse.The post Análise XP: Eleições de 2026 já movem Brasília e o mercado com pontos imprevisíveis appeared first on InfoMoney.