Em meio aos preparativos para a Copa do Mundo Fifa 2030, que terá o Marrocos como um dos países-sede, relatos sobre a morte sistemática de cães de rua em cidades marroquinas têm chamado a atenção de organizações internacionais e defensores dos direitos dos animais. A questão envolve preocupações de saúde pública, legislação deficiente e pressões para melhorar a imagem urbana diante do evento esportivo de grande porte.Moradores de cidades como Ifrane, Casablanca e Marrakech relatam que a presença de cães mortos nas ruas se tornou frequente, especialmente nos últimos anos. Segundo relatos, ações de extermínio de animais de rua aumentaram em ritmo e intensidade, envolvendo métodos como tiroteios noturnos e envenenamento. As autoridades locais justificam parte dessas ações como medidas para conter riscos sanitários, principalmente relacionados à transmissão da raiva.Por que os cães de rua são alvo de extermínio no Marrocos?A principal justificativa apresentada por órgãos públicos marroquinos para a eliminação de cães de rua é o controle de doenças, como a raiva, que ainda representa um desafio de saúde pública no país. Estima-se que cerca de 100 mil pessoas sejam mordidas por cães anualmente, sendo uma parcela significativa composta por crianças. Além disso, o aumento da circulação de turistas esperado para a Copa do Mundo 2030 intensificou a pressão por cidades visualmente mais limpas e seguras.No entanto, especialistas e entidades de proteção animal argumentam que o abate em massa não resolve o problema de forma sustentável. Eles defendem alternativas como o programa Capturar-Esterilizar-Vacinar-Soltar (TNVR), que busca controlar a população canina de maneira ética e eficaz, reduzindo gradualmente os riscos à saúde sem recorrer à eliminação dos animais.Cachorro de rua dormindo. Créditos: depositphotos.com / ekarinaComo as autoridades e a sociedade civil estão reagindo?O debate sobre o tratamento dado aos cães de rua no Marrocos ganhou repercussão internacional, especialmente após denúncias de métodos considerados cruéis, como o uso de estricnina e armas de fogo. Organizações de direitos dos animais, tanto locais quanto estrangeiras, pressionam por mudanças na legislação e na abordagem dos municípios. Em 2025, projetos de lei foram apresentados para proibir o abate indiscriminado e tornar obrigatória a implementação de programas de esterilização e vacinação.Coalizões internacionais enviaram cartas à Fifa solicitando posicionamento e ações concretas.Celebridades e ativistas utilizam redes sociais para chamar atenção ao tema.Algumas cidades começaram a adotar práticas mais humanizadas, mas a falta de uma lei nacional dificulta a padronização das ações.Apesar das iniciativas, relatos de extermínio continuam sendo registrados, inclusive com envolvimento de veículos oficiais e empresas contratadas pelas prefeituras. O temor de represálias leva moradores a pedirem anonimato ao denunciar os fatos, enquanto casos de violência contra pessoas durante operações de captura também foram reportados.Quais são os desafios para a proteção dos cães de rua antes da Copa do Mundo 2030?A proximidade do evento esportivo amplia a visibilidade internacional do tema, mas também aumenta a pressão sobre as autoridades para apresentar soluções rápidas. Entre os principais desafios estão:Vácuo legal: A ausência de uma legislação nacional clara sobre o manejo de animais de rua permite que cada município adote medidas próprias, muitas vezes baseadas em métodos tradicionais de extermínio.Saúde pública: O controle da raiva e de outras zoonoses exige estratégias integradas, como vacinação em massa e campanhas educativas, além do manejo populacional ético.Pressão internacional: A repercussão negativa pode afetar a imagem do país e do evento, levando a cobranças por parte de entidades esportivas e de direitos humanos.Engajamento da sociedade: O envolvimento de ONGs, moradores e voluntários é fundamental para implementar programas de esterilização e adoção, mas enfrenta obstáculos logísticos e financeiros.Com a aproximação da Copa do Mundo 2030, o tema do extermínio de cães de rua no Marrocos permanece em destaque. A busca por soluções éticas e sustentáveis é vista como essencial para equilibrar a saúde pública, o bem-estar animal e a imagem internacional do país. A expectativa é que a mobilização de diferentes setores contribua para mudanças efetivas na legislação e nas práticas adotadas pelas cidades marroquinas.O post Extermínio de cães gera críticas a Marrocos antes da Copa de 2030 apareceu primeiro em Terra Brasil Notícias.