Um novo teste desenvolvido por cientistas do Cancer Research UK Cambridge Institute, em parceria com o Centro Nacional de Pesquisa do Câncer da Espanha (CNIO) e a startup Tailor Bio, pode prever se um tumor será resistente aos tipos mais comuns de quimioterapia, um dos principais tratamentos contra o câncer no mundo.O método funciona analisando alterações na ordem, na estrutura e no número de cópias do DNA do tumor, um padrão conhecido como instabilidade cromossômica. A partir da leitura completa da sequência de DNA, o teste identifica se os cromossomos estão rompidos ou alterados, em comparação com células saudáveis.A ferramenta permite prever a resistência a três quimioterápicos amplamente usados: os tratamentos à base de platina, antraciclina e taxano. A pesquisa foi publicada na revista Nature Genetics nessa segunda-feira (23/6).Como a tecnologia funciona?Apesar de salvar vidas, a quimioterapia também afeta células saudáveis e pode provocar efeitos colaterais severos. Por isso, o novo teste tem como objetivo ajudar médicos a evitar que pacientes recebam tratamentos que não trarão resultado, reduzindo a toxicidade e os impactos físicos do processo.A tecnologia foi projetada para ser integrada à rotina clínica. Ela usa materiais já coletados no diagnóstico e se baseia em métodos consolidados de sequenciamento genético. Leia também Conteúdo especial Novo teste genético do Sabin antecipa risco de câncer e outras doenças Saúde Teste de saliva pode antecipar diagnóstico de câncer de próstata Saúde Câncer de rim: pacientes seguem sem doença 3 anos após vacina em teste Saúde HPV: mulher evita câncer após descobrir lesão em teste de rastreamento A partir dos dados do DNA, os pesquisadores identificam padrões de mutações que estão ligados aos mecanismos que tornam o câncer resistente a certos medicamentos.“Nossa tecnologia dá sentido ao caos genômico observado em muitos tumores tratados com quimioterapia. Ela associa padrões de mutação aos mecanismos que causaram o dano, o que permite prever a resistência à ação das quimioterapias”, explica Geoff Macintyre, coautor do estudo e pesquisador do CNIO, em comunicado.Personalização do tratamentoA ferramenta foi testada com dados de 840 pacientes diagnosticados com diferentes tipos de câncer. A partir das informações genéticas, os cientistas classificaram os pacientes como sensíveis ou resistentes à quimioterapia.Depois, simularam a troca de medicamentos para verificar quanto tempo o câncer levaria para parar de responder ao novo tratamento. Essa abordagem imitou um ensaio clínico, sem que os pacientes precisassem mudar de terapia na prática.10 imagensFechar modal.1 de 10Segundo o Instituto Nacional de Câncer, para cada ano do triénio 2020/2022 serão registrados cerca de 625 mil casos da doença no BrasilScience Photo Library - STEVE GSCHMEISSNER, Getty Images2 de 10Extremamente comum no país, o câncer de pele é caracterizado pelo aparecimento de tumores na pele em formato de manchas ou pintas com formatos irregulares. Relacionada à exposição prolongada ao sol, exposição a câmeras de bronzeamento artificial ou por questões hereditárias, a doença pode ser tratada através de cirurgias, radioterapia e quimioterapiamiriam-doerr/istock3 de 10O câncer de mama é causado pela multiplicação descontrolada de células na mama. Apesar de ser comum em mulheres, a enfermidade também pode acometer homens. Entre os sintomas da doença estão: dor na região da mama, nódulo endurecido, vermelhidão, inchaço e secreção sanguinolenta. O tratamento envolve cirurgia para retirada da mama, quimio, radioterapia e hormonioterapiaSCIENCE PHOTO LIBRARY/Getty Images4 de 10Mais frequente em homens, o câncer de próstata apresenta os seguintes sintomas: sangue na urina, dificuldade em urinar, necessidade de urinar várias vezes ao dia e a demora em começar e terminar de urinar. Cirurgia e radioterapia estão entre os tratamentos da doençaGetty Images5 de 10Embora possa estar relacionado com hipertireoidismo, tabagismo, alterações dos hormônios sexuais e diabetes, por exemplo, o câncer de tireoide ainda não é bem compreendido por especialistas. Apesar disso, tratamentos contra a doença envolvem terapia hormonal, radioterapia, iodo radioativo e quimioterapia, dependendo do caso getty images6 de 10O câncer de pulmão é um dos tipos com maior incidência no Brasil. Relacionado ao uso ou exposição prolongada ao tabagismo, tem como principais sintomas a falta de ar, dores no peito, pneumonia recorrente, bronquite, escarro com sangue e tosse frequente. A doença é tratada com quimioterapia, radioterapia ou/e cirurgiaBSIP / getty images7 de 10No Brasil, o carcinoma epidermoide escamoso tem a maior incidência entre os canceres de estômago. Os tratamentos envolvem cirurgia ou radioterapia e quimioterapiaiStock8 de 10O câncer de estômago é diagnosticado após a identificação de tumores malignos espalhados pelo órgão e que podem aparecer como úlceras. Relacionado à infecções causadas por Helicobacter Pylori, pela presença de úlceras e de gastrite crônica não cuidada, por exemplo, a doença pode causar vômito com sangue ou sangue nas fezes, dor na barriga frequente e azia constanteSmith Collection/Gado/ Getty Images9 de 10O câncer de colo de útero tem como sintomas sangramento vaginal intermitente, dor abdominal relacionada a queixas intestinais ou urinárias e secreção vaginal anormal. O tratamento envolve quimio, radioterapia e cirurgiaScience Photo Library/GettyImages10 de 10O câncer de boca é uma doença que envolve a presença de tumores malignos nos lábios, gengiva, céu da boca, língua, bochechas e ossos. É mais comum em homens com mais de 40 anos e tem como sintomas feridas na cavidade oral, manchas na língua e nódulos no pescoço, por exemplo. O tratamento envolve cirurgia, quimio e radioterapiaPexelsA expectativa dos pesquisadores é que, no futuro, a ferramenta permita personalizar o tratamento desde o diagnóstico, ajudando a escolher os quimioterápicos mais eficazes para cada paciente e evitando terapias que não teriam efeito.“Era importante para nós criar um teste que pudesse ser facilmente adotado na clínica, usando o material que já coletamos durante o diagnóstico”, afirma Ania Piskorz, chefe de Genômica do Cancer Research UK Cambridge Institute.Os cientistas destacam que, embora a quimioterapia seja um pilar fundamental no combate ao câncer, há décadas ela é administrada da mesma forma, sem considerar se o tumor de fato responderá ao medicamento. A nova tecnologia pode mudar esse cenário, tornando o tratamento mais preciso e eficiente.Siga a editoria de Saúde e Ciência no Instagram e fique por dentro de tudo sobre o assunto!