As ressalvas da bancada ruralista para o novo Plano Safra; ‘Veremos novas recuperações judiciais. Os juros não cabem na conta’

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A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), a chamada banca ruralista, disse que o Plano Safra 2025/2026 terá um custo para o Tesouro de R$ 13,5 bilhões, destinados para equalização dos juros dos financiamentos, montante esse 17,5% menor que a safra 24/25.De acordo com o presidente da FPA, o deputado Pedro Lupion (PP – PR), o valor para investimentos caiu 5,14%, passando para R$ 101,5 bilhões, evidenciando, segundo ele, a maior cautela para investimentos de longo prazo.“Ou seja, com os juros anunciados, não vamos ver produtor indo atrás de crédito para investimento. Além disso, a taxa Selic em 15% aumentou significativamente os custos de equalização de juros pelo Tesouro, o que pressiona o orçamento para subvenção, o que traz instabilidade. No ano passado, o Plano Safra cobriu apenas 40% das necessidades do setor”, disse em coletiva de imprensa.Ibovespa dispara mais de 15% no semestre com investimentos gringos e desaceleração do dólar.Veja a análise completa no Giro do Mercado desta terça-feira (1º).Lupion também salientou as elevadas cargas tributária sobre os insumos, equipamentos e operações, que se referiu como uma das maiores do mundo.“As renúncias fiscais são essenciais para manter a competitividade do setor. Fora isso, as últimas iniciativas do Governo, como a tributação das LCA e LCI, e seu impacto negativo no crédito, que responde por 43% do financiamento da safra. A irresponsabilidade do governo vai elevar o custo do produtor em mais de R$ 58 bilhões em juros”.Segundo ele, a taxação faz com que ocorra uma fuga de investidores. “A exigência de aplicação dos recursos captados com LCA deve aumentar de 50% para 60%, o que significa que os bancos vão ter de redirecionar uma parcela maior do que arrecadam para financiamento. Mudança que pode injetar cerca de R$ 164 bilhões adicionais ao setor, sem custos diretos ao Tesouro”.‘Veremos mais recuperações judiciais’Na coletiva sobre o Plano Safra, o deputado federal e ex-presidente da FPA, Sérgio Souza (MDB – PR), disse que a perspectiva de futuro do agronegócio é “preocupante”.“Há uma preocupação dentro do mercado financeiro sobre investir no setor. A dúvida que fica é: com taxação das LCA, esse é o melhor investimento? Será que o investidor não vai buscar outros produtos? Será que o agro conseguirá pagar um juro de 13,5%? Não consegue. Estamos percebendo um aumento de custo de produção e quem paga essa conta é o produtor e consumidor. Essa insegurança no crédito vai aumentar o custo”.Outra questão mencionada são os menores preços para commodities, enquanto os custos cresceram de forma expressiva. “A commodity, soja e milho, não vale mais o preço que tinha há 4 anos, e o custo está o dobro. Vamos ver mais recuperações judiciais e quebras. Não temos recursos para o seguro rural em meio aos riscos climáticos”.O seguro ruralO deputado federal, Alceu Moreira, presidente da Frente Parlamentar Mista do Biodiesel (FPBio), disse que não houve surpresas no anúncio do Plano Safra. Segundo ele, o Governo de Lula quebrou.“O Brasil está no vermelho e eles não tem nenhum cálculo para capacidade mobilizadora do agronegócio. O que mais esperávamos era o seguro rural, principalmente nós que estamos no Rio Grande do Sul. Em 2024, pedimos R$ 3 bilhões e nos deram R$ 1,16 bilhão, e desse valor entregue, eles cortaram 40%. Com os preços de hoje para commodities, não conseguimos operar com valor de juros. Esse sistema de financiamento faliu”.