Fávaro critica juros altos e diz que Selic de 15% ao ano é ‘desafio gigante’ para o Plano Safra

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Durante o lançamento do Plano Safra 2025, nesta terça-feira (1º), o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, fez duras críticas à atual taxa Selic de 15% ao ano, fixada pelo Banco Central no mês passado. Em um discurso direto, o ministro classificou o índice como incompreensível, especialmente diante de indicadores econômicos positivos, como inflação controlada, crescimento da economia e queda do desemprego. “Com todo o respeito ao Galípolo e à equipe do Banco Central, mas não consigo compreender. Temos inflação controlada, gastos públicos sob controle, a economia crescendo e, ainda assim, uma Selic de 15%? Eu, que não sou economista, confesso que não entendo”, declarou Fávaro.A fala ocorre em meio ao início do novo ciclo do Plano Safra 2025, que prevê um volume recorde de R$ 516,2 bilhões para financiar o setor agropecuário até junho de 2026. O anúncio foi celebrado pelo governo como um marco de investimento no campo, mas o ministro fez questão de destacar que a alta dos juros impôs enormes desafios à sua elaboração. “Foi um desafio gigante fazer esse plano safra recorde. Confesso que achava muito difícil conseguirmos, especialmente com essa Selic. O governo federal teve que absorver o aumento com equalização de juros — ninguém gosta de pagar juros altos”, afirmou.Fávaro destacou que a alta da Selic impactou diretamente a estrutura de financiamento agrícola, forçando o governo a ampliar os subsídios para manter as taxas de crédito acessíveis ao produtor rural. A taxa, fixada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, subiu de 10,5% para 15% ao ano no período de 12 meses, atingindo o maior patamar em quase duas décadas. A decisão contou com o voto favorável de Gabriel Galípolo, presidente do BC desde janeiro e nome indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).Lula defende presidente do Banco CentralEm meio às críticas públicas, o presidente Lula saiu em defesa de Galípolo. Em declarações recentes, afirmou que o presidente do BC “está fazendo seu papel” e que espera uma reversão gradual da Selic nos próximos meses. “Ele [Galípolo] é um técnico que conhece a realidade do país. Confio que a taxa vai cair no tempo certo”, disse Lula. Siga o canal da Jovem Pan News e receba as principais notícias no seu WhatsApp! WhatsApp O episódio expõe mais uma vez o tensionamento entre o Planalto e o Banco Central em relação à condução da política monetária — um embate que se arrasta desde o início do atual governo e que deve continuar impactando decisões econômicas importantes, especialmente em áreas sensíveis como o crédito rural. A expectativa do setor é de que o governo continue compensando os impactos da Selic por meio de subsídios, garantindo que os recursos anunciados no Plano Safra cheguem efetivamente ao campo com condições de financiamento viáveis. Leia também Lula elogia Haddad e diz que ‘indústria do lobby’ não deixou governo taxar bets Lula diz ter tido uma 'conversa forte' com Macron sobre acordo UE-Mercosul