Petrobras (PETR4) perde espaço para outras pagadoras de dividendos em 2025; veja as ações no radar, segundo analistas

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A época em que um único papel era capaz de garantir retornos de 25% a 30% ao ano em dividendos pode ter ficado para trás. Mas isso não significa que o investidor de renda variável ficou órfão de boas oportunidades. Pelo contrário.No primeiro trimestre de 2025, as empresas listadas na B3 distribuíram R$ 95 bilhões em dividendos, o maior valor para o período desde 2022. Os números mostram que o ciclo de pagamentos segue firme, mesmo em um ambiente de Selic a 15% ao ano.Foi nesse cenário que Bruno Henriques, diretor executivo de Sell Side do BTG Pactual, e Ruy Hungria, analista da Empiricus Research, participaram do painel de Dividendos no evento Onde Investir no 2º semestre, promovido pelo Seu Dinheiro em parceria com o Money Times.LEIA MAIS: Itaú BBA, BB Investimentos, Safra, BTG Pactual e outros bancos selecionaram os ativos mais promissores para ter em carteira – veja quais sãoPetrobras deixa de ser estrela solitária dos dividendosA Petrobras (PETR4), que nos últimos anos liderou os rankings globais de distribuição de dividendos, começa a perder protagonismo. Com o barril de petróleo oscilando entre US$ 65 e US$ 70, a estatal deve manter yields entre 10% e 12% ao ano, mas sem espaço para pagamentos extraordinários, segundo os especialistas.“O investidor que estava acostumado com yields de 20%, 25%, 30% da Petrobras pode esquecer, porque não é isso que vai acontecer”, alertou Hungria.Henriques lembra que o atual patamar de retorno da Petrobras ainda é relevante, mas representa um “novo normal”. E, mais do que isso, há diversas empresas na bolsa hoje oferecendo dividendos equivalentes, com menor risco e mais previsibilidade.O diretor executivo de Sell Side do BTG  reforça ainda que o espaço para dividendos extraordinários hoje é limitado. “A Petrobras já trabalha com uma dívida bruta de cerca de US$ 75 bilhões e uma alavancagem próxima de 1,4 vezes dívida líquida sobre Ebitda, o que restringe a capacidade para pagamentos extraordinários”.Além disso, ambos destacam que, para que esses dividendos extras voltem a acontecer, seria necessário que o preço do petróleo se firmasse em patamares mais elevados, próximos ou acima dos US$ 80 o barril.Até lá, o yield estimado da Petrobras deve se manter em um nível sólido, mas mais moderado, sem expectativa de dividendos extraordinários no curto prazo.A nova geografia dos dividendos: onde estão as oportunidades?Com a petrolífera saindo do centro do palco, o investidor precisa diversificar e pode buscar bons pagadores em setores como energia, saneamento, bancos e até construção civil.Entre os nomes citados no painel, estão:Copel (CPLE6): reestruturada após a privatização, com expectativa de dividend yield de até 10% até 2028;Eletrobras (ELET3): deve entrar no radar a partir de 2026, com maior geração de caixa;Direcional (DIRR3): já pagou 8% só em 2025 e pode distribuir mais até o fim do ano;Itaú Unibanco (ITUB4): destaque do 1º trimestre com R$ 7,9 bilhões em proventos, superando a Petrobras;Marcopolo (POMO4): ainda pouco lembrada, mas com melhora operacional que pode surpreender no 2º semestre.Outros nomes mencionados como potenciais pagadores no futuro incluem Prio (PRIO3) e SLC Agrícola (SLCE3), que estão posicionadas para ciclos mais favoráveis de geração de caixa.Possível taxação de dividendos preocupa, mas não muda o jogoOutro tema da conversa no painel foi a proposta do governo de aumentar a carga tributária sobre investimentos, incluindo a discussão sobre taxação de dividendos e mudanças nas regras dos Juros sobre Capital Próprio (JCP).Para Henriques, ainda que uma mudança desse tipo possa gerar impacto, ela tende a ser compensada por outros fatores. “Se as empresas continuarem entregando geração de caixa e os juros voltarem a cair nos próximos 12 a 24 meses, o efeito da tributação pode ser neutralizado ou até superado”, afirmou.CONFIRA: Qual a carteira recomendada para o seu perfil de investidor? Simule com o Money Times as melhores opções de investimento para vocêHungria acrescentou que a possível taxação deve ser analisada no contexto mais amplo. “Não é como se apenas os dividendos fossem penalizados. A tendência é de aumento de tributação sobre várias classes de ativos. Então o investidor de ações não estará sozinho nessa”.Os convidados ainda lembraram que muitas empresas têm caixa acumulado em balanço e poderiam antecipar pagamentos relevantes de dividendos extraordinários antes de uma eventual mudança nas regras, o que abriria janelas de oportunidade para quem busca rentabilidade no curto prazo.Para eles, o retorno com dividendos deve ser analisado em conjunto com a valorização das ações. Uma empresa que paga dividendos mas não cresce acaba destruindo valor no tempo.“O investidor em dividendos não deve olhar apenas o yield. O ganho de capital é parte fundamental do retorno total. Dividendos são consequência de bons resultados, não o contrário”, disse Hungria.