Cessar-fogo em Gaza é uma possibilidade após trégua entre Israel e Irã?

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Após 12 dias de ataques contínuos entre Israel e Irã, que se intensificaram após o bombardeio de instalações nucleares iranianas pelos Estados Unidos, um cessar-fogo mediado pelos EUA foi estabelecido.Mas na Faixa de Gaza, a ofensiva israelense não dá sinais de enfraquecimento, sendo que centenas de pessoas foram mortas por Israel desde o início do conflito com Irã, segundo autoridades locais.Com o Irã dominando as manchetes, os palestinos e as famílias de reféns sumiram das primeiras páginas, em grande parte esquecidos em meio aos golpes devastadores entre dois dos países mais poderosos do Oriente Médio. Trump afirma que ataques dos EUA no Irã podem ajudar acordo em Gaza “Estamos preparados para novas ações”, diz embaixador do Irã à CNN “Campanha contra o Irã não acabou”, diz chefe militar de Israel Desde o início do bombardeio israelense ao Irã, em 13 de junho, mais de 860 pessoas em Gaza morreram por fogo israelense, de acordo com os cálculos da CNN sobre o número diário de mortes divulgados pelo Ministério da Saúde palestino.Na terça-feira (24), sete soldados de Israel foram mortos por uma bomba lançada contra um veículo blindado em Khan Younis, enquanto os confrontos continuam no sul de Gaza.Mas há indícios de que o rápido fim dos combates entre Israel e Irã pode impulsionar um avanço nas negociações sobre Gaza, que estão paralisadas.Trump diz que há progresso sobre GazaO presidente dos EUA, Donald Trump, disse acreditar que ataques americanos às instalações nucleares do Irã poderiam ajudar a levar a um avanço na guerra de Israel contra o Hamas em Gaza e que estava “muito perto” de fechar um acordo sobre o conflito.“Acredito que um grande progresso está sendo feito em Gaza. Por causa do ataque que fizemos, acho que teremos notícias muito boas”, afirmou o presidente a repórteres na cúpula da Otan na quarta-feira (25).O Fórum de Reféns e Famílias Desaparecidas pediu que o cessar-fogo entre Israel e Irã seja expandido para incluir Gaza.“Aqueles que conseguirem um cessar-fogo com o Irã também podem pôr fim à guerra em Gaza”, pontuou o grupo, que pede a libertação dos reféns mantidos pelo Hamas.Cinquenta reféns permanecem em cativeiro no território, dos quais acredita-se que 20 ainda estejam vivos, segundo o governo israelense.“Concluir esta operação decisiva contra o Irã sem aproveitar nosso sucesso para trazer todos os reféns para casa seria um grave fracasso”, alegou o fórum, acrescentando que agora há  uma “janela crítica de oportunidade”.Catar como mediador das negociações entre Israel e HamasO líder da oposição israelense, Yair Lapid, reforçou essa ideia, escrevendo em uma publicação no X: “E agora Gaza. Este é o momento de fechar essa frente também. De trazer os reféns para casa, de pôr fim à guerra. Israel precisa começar a reconstruir”.O Catar, que tem sido um dos principais mediadores nas negociações de cessar-fogo e libertação de reféns entre Israel e o Hamas, afirmou na terça-feira (24) que espera a retomada das negociações indiretas nos próximos dois dias.O primeiro-ministro do país ressaltou que as negociações estão “em andamento”, acrescentando que o Catar e o Egito estão em contato com ambas as partes para tentar encontrar um “meio-termo” em relação à mais recente trégua que havia sido proposta pelos EUA.O acordo pede a libertação de 10 reféns israelenses e dos corpos de outros 18 israelenses capturados nos ataques de 7 de outubro de 2023, como parte de um cessar-fogo de 60 dias.No início deste mês, o Hamas afirmou não ter rejeitado a proposta, mas exige garantias mais fortes ao final da guerra.O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Catar, Majed Al Ansari, destacou que os mediadores no conflito de Gaza estão usando o “impulso” criado pelo cessar-fogo entre Israel e o Irã para reiniciar as negociações, que estavam paralisadas.“Este é o momento para o presidente Trump pressionar por isso e acreditamos que ele seja sincero sobre isso… Estamos dispostos a ajudar”, avaliou Al Ansari à CNN.No domingo, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse a repórteres que “não há dúvida de que nossas principais conquistas no Irã também contribuem para nossos objetivos em Gaza”.O Irã forneceu apoio financeiro e militar ao Hamas e à Jihad Islâmica Palestina no território palestino.Quando questionado pela CNN sobre uma saída da guerra em Gaza, Netanyahu disse: “Vejam, esta guerra pode acabar amanhã. Pode acabar hoje, se o Hamas se render, depor as armas, libertar todos os reféns, acabou. Acaba em um instante. Eles se recusam a fazer isso”.Foco de Israel retorna a GazaO chefe do Estado-Maior das FDI (Forças de Defesa de Israel), tenente-general Eyal Zamir, indicou que o foco das Forças Armadas voltará para Gaza, agora que o cessar-fogo com o Irã está em vigor.“Muitos desafios ainda estão por vir. Precisamos manter o foco, não há tempo para descansar sobre os louros”, ponderou Zamir em um comunicado.“Agora, o foco volta para Gaza — trazer os reféns para casa e desmantelar o regime do Hamas”, concluiu.O Hamas afirmou estar aberto a uma trégua, mas não está disposto a depor as armas. Mas, para os 2,1 milhões de habitantes de Gaza, não houve trégua após mais de 20 meses de morte, violência e desespero.Mais de 55 mil pessoas foram mortas na região desde 7 de outubro de 2023, segundo o Ministério da Saúde palestino, das quais mais de 17 mil são crianças.Enquanto isso, as Nações Unidas alertaram que uma crise de fome provocada pelo homem está se tornando cada vez mais provável no território.Os ataques a civis que tentam obter suprimentos estão aumentando, com mais de 500 pessoas mortas pelos militares israelenses enquanto buscavam ajuda desde 27 de maio, de acordo com o Ministério da Saúde.Em um comunicado divulgado na terça-feira (24), o Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) classificou as ações de Israel como “um provável crime de guerra”.A CNN entrou em contato com as Forças de Defesa de Israel, mas não teve retorno.Philippe Lazzarini, diretor-executivo da UNRWA, a agência da ONU para refugiados palestinos, destacou os temores dos palestinos e de muitas organizações humanitárias que os apoiam em relação à sua situação.“Atrocidades continuam em Gaza enquanto a atenção global se volta para outros lugares”, disse Lazzarini.Israel volta a focar em Gaza para resgate de reféns, diz FDI | CNN 360º