Vários senadores republicanos dos Estados Unidos rejeitaram nesta quarta-feira os cortes propostos pelo governo Trump nas estações de mídia pública norte-americanas e na ajuda externa, um sinal de que o pedido de cancelamento de US$ 9,4 bilhões em financiamento pode ser bloqueado pelo Senado.Pelo menos cinco republicanos do Comitê de Dotações do Senado expressaram desconforto com o plano de eliminar o financiamento aprovado pelo Congresso, proposto pelo diretor de orçamento da Casa Branca, Russ Vought.SAIBA MAIS: Fique por dentro dos melhores conteúdos do Money Times sem pagar nada por isso; veja como“Este pacote reflete o firme compromisso do governo Trump em cortar gastos federais desnecessários e antitéticos aos interesses americanos e corrigir nossa trajetória fiscal”, disse Vought ao comitê.A audiência marcou um raro momento de resistência dos republicanos, que detêm as duas casas do Congresso, aos esforços abrangentes de Trump para exercer maior controle sobre os gastos federais — sobre os quais a Constituição dos EUA dá poder ao Congresso.Os cinco que expressaram preocupações incluem Susan Collins, Lisa Murkowski e o ex-principal republicano do Senado, Mitch McConnell, que já se opuseram a algumas prioridades de Trump antes.Collins, do Maine, que é presidente do comitê de dotações, questionou repetidamente os objetivos do governo em cortar a ajuda externa ao reter pacotes de alimentos e vitaminas financiados por esses programas, que foram aprovados no início deste ano pelo presidente norte-americano, Donald Trump, em um pacote de financiamento provisório.McConnell, do Kentucky, disse que o plano do governo para erradicar gastos desnecessários tem sido “desnecessariamente caótico” e argumentou que, em vez de eficiência governamental, ele “criou vácuos para adversários como a China” preencherem lacunas de “soft-power”. O soft-power é entendido como a capacidade de um país influenciar outros sem o uso da força.Vought argumentou que os cortes na ajuda externa, assim como alguns financiamentos para a defesa LGBTQ em Uganda, são justificados porque “não estão de acordo com os interesses americanos”, apesar do país ter uma lei draconiana contra a homossexualidade que inclui a pena de morte para certos atos entre pessoas do mesmo sexo.Proposta passou pela CâmaraA Câmara dos Deputados dos EUA aprovou esse pacote de corte de financiamento mais cedo este mês, mas as mudanças também precisam ser aprovadas pelo Senado nas próximas semanas para entrarem em vigor.“Quero ver mudanças fundamentais no pacote e já estou trabalhando em um substituto”, disse Collins aos repórteres após a audiência.O senador republicano Lindsey Graham, da Carolina do Sul, disse que votará a favor do pacote de cortes, apesar do seu apoio de longa data ao Plano de Emergência do Presidente dos EUA para o Alívio da Aids, porque ele “não está isento do escrutínio”.Alguns republicanos também questionaram o pedido de corte de verbas que atinge o financiamento da televisão pública PBS e das estações de rádio NPR em todo o país, que recebem uma parte de seu recurso de mais de US$1 bilhão destinado pelo Congresso por meio da Corporação para Transmissão Pública.O senador Mike Rounds, um republicano de Dakota do Sul, defendeu as estações de rádio dos nativos norte-americanos de seu Estado, afirmando que elas não “existiriam” sem esse financiamento, uma preocupação compartilhada pela senadora republicana Deb Fischer, de Nebraska, que observou que partes de seu Estado têm um serviço de celular precário.Vought disse que trabalhará com o comitê para lidar com essas preocupações e notou que o financiamento da mídia pública em questão é para daqui a dois anos, permitindo tempo para planejamento.