Interessante, inevitável: 2 fatores que guiam otimismo de bancões com ações do Brasil

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Os últimos dias foram marcados por uma elevação do temor fiscal e de sinais de crise política no Brasil com a derrubada dos 3 decretos presidenciais que ajustaram o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Somando-se a isso, o cenário geopolítico motivou a aversão a risco do mercado.Porém, para o mercado brasileiro, os principais agentes de mercado estão de olho no cenário mais à frente, após uma alta de cerca de 14% até o fechamento da última sexta. Mais precisamente, para dois pontos: olhando para um horizonte mais próximo (mas ainda nem tanto), a expectativa por um corte de juros e, mais à frente, para as eleições de 2026.Essas são as principais teses para grandes bancos e casas de análise seguirem otimistas com o Brasil não só olhando 2026, mas também olhando para o segundo semestre, uma vez que a é expectativa é de que as mudanças de regime(s) sejam precificadas ao longo dos próximos meses. Conforme destacou Raphael “Rafi” Figueredo, estrategista de ações da XP, em relatório de estratégia, “o mercado aponta para uma janela histórica de oportunidades na Bolsa, onde setores como instituições financeiras e varejo despontam com força. Ignorar esse movimento é perder a chance de surfar a onda certa do ciclo econômico, pois o custo de permanecer superexposto na renda fixa pode ser uma armadilha que limita ganhos e potencializa o custo de oportunidade”, avalia.De acordo com o estrategista, recente mudança no regime de juros e inflação no Brasil, identificada pelo modelo quantitativo da XP em 7 de maio, abre uma nova fase de “ambiente historicamente mais favorável a bolsa, com 62,5% de probabilidade de retornos positivos para o Ibovespa, segundo os ciclos anteriores”.Leia tambémIbovespa Ao Vivo: Confira o que movimenta Bolsa, Dólar e Juros nesta segundaÍndices futuros dos EUA avançam e podem renovar recordesJá nas últimas semanas, o Bradesco BBI reiterou sua recomendação de compra (overweight) para ações brasileiras, destacando que o atual ciclo de alta na Bolsa compartilha diversos elementos com bull markets (mercado em alta) anteriores. Segundo o banco, a combinação de entrada robusta de capital estrangeiro, rotação setorial e compressão expressiva do prêmio de risco reforça a confiança na continuidade do rali.A expectativa é de que os principais catalisadores — os citados corte de juros e o ciclo eleitoral de 2026 — comecem a ser precificados ao longo do segundo semestre de 2025, sustentando o apetite por risco no mercado local.A casa define um bull market como o momento em que a média móvel de 50 dias ultrapassa a de 200 dias, considerando esse cruzamento como o início do ciclo. O fim ocorre com o movimento oposto. A partir desse modelo, o BBI divide os ciclos em cinco fases distintas, avaliando indicadores como desempenho por setor, prêmio de risco, juros reais, volatilidade, fluxo estrangeiro e volume médio negociado.De acordo com o BBI, o mercado está atualmente na fase 2 do ciclo, que historicamente apresenta os melhores retornos, com média de 35% a 49%. Essa fase também é caracterizada por queda acentuada na volatilidade, forte entrada de capital estrangeiro (com exceção de um ciclo), e RSI próximo de 80 — o que sugere sobrecompra. Entre os destaques setoriais do Ibovespa estão consumo discricionário, staples e comunicação; já nas small caps, os melhores desempenhos vêm de comunicação, imóveis e setor financeiro.Na análise do BBI, o final de um ciclo de alta tende a ocorrer quando o prêmio de risco e os juros de longo prazo sobem juntos, elevando o custo de capital em cerca de 340 pontos-base. Esse momento também costuma ser acompanhado por piora na amplitude do mercado e saída líquida de capital estrangeiro, com retorno médio negativo de aproximadamente 20%.No ciclo atual, o BBI destaca a entrada líquida de R$ 9 bilhões em capital estrangeiro já na primeira fase — o segundo maior volume da série histórica — e ressalta que, embora a compressão de prêmio de risco tenha sido tímida na largada (-35 pontos-base, ou bps), ela foi compensada pela queda acentuada na segunda fase (-343 bps). O retorno acumulado até o momento é de 14%, com liderança setorial de tecnologia na fase inicial, e de consumo discricionário, comunicação e industriais na segunda fase. Por outro lado, energia, staples e comunicação apresentam desempenho abaixo da média em alguns segmentos.Os cenários para o IbovespaO Morgan Stanley, no fim de maio, ressaltou otimismo com a América Latina, o que inclui o Brasil. O banco americano passou a ter exposição overweight (exposição acima da média) em ações brasileiras na região. Além disso, instituiu uma projeção para o Ibovespa para meados de 2026 em moeda local de 189 mil pontos (valorização de 38% em relação ao fechamento da última sexta). Os estrategistas adicionaram exposição a serviços financeiros, empresas estatais, serviços públicos e concessões.Para a equipe, o Brasil poderia se beneficiar de uma mudança na política interna, e os incentivos para elevar exposição ao mercado estão aumentando agora que: 1) nos aproximamos das eleições (18 meses de distância), 2) sinais de fraqueza nos índices de aprovação do governo atual, 3) cenário de pico de alta das taxas de juros, indicando quedas à frente e 4) dólar potencialmente mais fraco e taxas globais mais baixas, o que poderia beneficiar o Brasil por meio do canal financeiro.Na última semana, em relatório revisando as suas projeções para a América Latina na segunda metade de 2025, o JPMorgan manteve exposição overweight (acima da média do mercado), ressaltando que o “Brasil é uma das histórias mais interessantes nos mercados emergentes” atualmente.Apesar das taxas de juros reais de 9%, o crescimento continua surpreendendo positivamente, enquanto a inflação está em declínio, impulsionada por uma taxa de câmbio mais forte. Para os estrategistas do banco, o país está protegido da situação tarifária e poderia até se beneficiar com o aumento da produção agrícola e das importações de produtos manufaturados mais baratos.Leia também:Ações: JGP vê melhora da alocação daqui para frente, depois de um período difícilAtmos vê “combinação poderosa” em ações Brasil: “Pode não dar para absorver demanda”Para os estrategistas, o Brasil é atualmente uma história de momentum e fluxo. E quando isso acontece, as empresas de grande capitalização tendem a apresentar desempenho superior. “O setor financeiro é uma das nossas principais preferências, pois possui uma variedade de ações que devem se encaixar bem na carteira de um investidor, considerando que 1) as taxas devem cair até o final do ano, 2) o potencial de crescimento dos lucros do setor e 3) o setor geralmente é um ponto de entrada quando os mercados melhoram. Entre os títulos nacionais, nossas recomendações encontram abrigo no cenário cíclico de flexibilização”, avalia a equipe de estratégia.O banco vê também espaço para o setor imobiliário apresentar desempenho superior, apesar do rali no primeiro semestre. Dentro do setor discricionário, que não é o preferido, acredita que há um excesso de ações no mercado (overhang, pressionando o preço dos ativos para baixo) e que a queda não deve ser significativa, considerando que a alavancagem e os custos devem se beneficiar do cenário macro. O setor de serviços públicos (utilities) é um setor com muita procura, pressionando os preços para cima, mas os retornos (TIR) ​​e o pagamento de dividendos continuam atraentes.O JPMorgan traça três cenários para o Ibovespa ao fim de 2025: um base, um otimista (bull) e um pessimista (bear). O cenário-base é 145 mil pontos (potencial de alta de 7% frente o fechamento de quarta), o bull é 155 mil (upside de 15%) e o bear é 130 mil pontos (queda de 4%).Os fatores juros + eleições, especialmente o último, estabelecem um potencial piso para o Brasil em um cenário de baixa, apontam. “Com a aproximação de 2026, acreditamos ser fundamental estarmos posicionados no Brasil”. O banco tem overweight em ações domésticas e underweight em commodities, preferindo instituições financeiras, serviços públicos e proxies de títulos clássicos (ou ações que se comportam como títulos).Também na última semana, o UBS elevou a exposição para o Brasil entre os emergentes  de neutra para overweight, enquanto Tailândia e Polônia foram cortadas para neutra. O UBS ressaltou ainda que o mercado está mais otimista com a Coreia do Sul, mas a equipe segue neutra; já a China segue como um país com “overweight-chave”.Para justificarem a elevação para o Brasil, o UBS ressalta que os ativos do país estão baratos em termos de múltiplos de preço sobre lucro (P/L) há algum tempo. No entanto, quase toda essa visão de mercado mais barato nas avaliações pode ser explicada por taxas de juros mais altas.O banco apontou ter evitado tornar sua visão positiva para o Brasil até que houvesse maior conforto de que o ciclo de taxas de juros está mudando. Alguns desenvolvimentos recentes ajudam. Os estrategistas esperam que os cortes de juros comecem a partir de abril de 2026, com um ritmo mais acelerado do que o esperado pelo consenso de mercado.Além disso, após conversas com investidores, a avaliação geral do mercado é de que uma mudança para a centro-direita no poder poderia ajudar a retomar a prudência fiscal — algo que os mercados de títulos (e, consequentemente, as ações) poderiam gostar.Entre os catalisadores de curto prazo, o UBS aponta que: 1) a economia brasileira é razoavelmente imune a riscos tarifários, com menos de 5% do índice de receita vindo dos EUA e mais de 70% de origem doméstica; 2) o Brasil é um dos mercados mais sensíveis ao preço do petróleo e, geralmente, tem desempenho superior em ambientes de alta de preços do petróleo.Ações no portfólioNeste cenário, em seu portfolio de ações brasileiras dentro de América Latina, o Brazil Model Portfolio, o Morgan adicionou as ações da B3 (B3SA3) após terem elevado recentemente o ativo para overweight, pois prevê que os investidores devam migrar da renda fixa para ações, à medida que as taxas de juros no Brasil caiam.Por outro lado, excluíram Porto (PSSA3) após o forte desempenho acumulado no ano e porque gostariam de abrir espaço para ações mais sensíveis à taxa de juros, como B3. Suzano (SUZB3) também foi removida pelo mesmo motivo.O banco ainda possui exposição em XP Inc. (negociada na Nasdaq, BDR: XPBR31), BTG Pactual (BPAC11), ADR (recibo de ações negociado na Bolsa de Nova York) do Bradesco (B3: BBDC4), ADR do Itaú (ITUB4), Mercado Livre (BDR: MELI34), ativo da Sabesp (SBSP3), Motiva (MOTV3), Nubank (BDR: ROXO34), Iguatemi (IGTI11), ADR da Embraer (EMBR3), Banco do Brasil (BBAS3), Eletrobras ON (ELET3), JBS (JBSS3), SLC (SLCE3), Rumo (RAIL3), PRIO (PRIO3), ADR da Vale (VALE3), Gerdau (GGBR4), Usiminas (USIM5), Suzano (SUZB3) e ADR ON da Petrobras (PETR3).Já o JPMorgan destacou as seguintes ações em seu portfólio: Embraer (ADR: ERJ), Hypera (HYPE3), Marcopolo (POMO4), Multiplan (MULT3), Nubank (NY: NU), PRIO (PRIO3), RD Saúde (RADL3), Sabesp (SBSP3), São Martinho (SMTO3), Stone (NY: STNE), Suzano (SUZB3), Tenda (TEND3), Vale ON (ADR: VALE) e Yduqs (YDUQ3).The post Interessante, inevitável: 2 fatores que guiam otimismo de bancões com ações do Brasil appeared first on InfoMoney.