Bolsonarista relator do IOF na Câmara também foi surpreendido: “surpresa maravilhosa”

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O escolhido pelo presidente da Câmara, Hugo Motta, para relatar a proposta que derrubou as mudanças na taxação do IOF foi o deputado bolsonarista Coronel Chrisóstomo (PL-RO). O próprio relator ficou surpreso com a escolha e disse ao InfoMoney que só soube da missão na manhã de ontem, horas antes da votação no plenário da Câmara.Chrisóstomo afirma que não esperava a quantidade de votos. Foram 383 favoráveis a derrubar a proposta do governo. Segundo ele, os parlamentares estão “ouvindo o clamor da população”. “Não queremos mais pagar imposto, não aguentamos mais, o pão aumentou, o feijão aumentou, o gás aumentou e aí vai.”Leia também: Fala de Haddad, emendas e projeto do IR: o que fez Motta antecipar votação do IOF?De acordo com o deputado, a proximidade da eleição do próximo ano também influenciou a decisão dos colegas. “Nós estamos na véspera de uma campanha. Então, isso também motivou muitos parlamentares a não acompanhar uma decisão do governo. Eles não querem nada que vier do governo em temos de aumentar tributos. Isso foi o principal, ” avalia. Veja a entrevista do deputado Coronel Chrisóstomo, com exclusividade para o InfoMoney.InfoMoney – O senhor foi pego de surpresa com a relatoria, também ficou sabendo de última hora? Coronel Chrisóstomo – Eu digo que tive uma surpresa maravilhosa. Realmente foi uma decisão do presidente Motta de me nomear relator, mas não tínhamos combinado. Isso aí foi uma decisão dele e tem as suas. Fiz o meu trabalho e meu trabalho foi avalizado e aprovado. IM – Que horas o senhor foi comunicado de que seria relator da proposta?CC – Na verdade, nós tratamos à noite. Só que já era tarde, aí em torno de meia-noite. E eu cansado daquele dia, acabei que não vi todas as informações dele, então, eu tive conhecimento na manhã cedo do dia seguinte, já na quarta-feira. Essa foi a verdade. IM – O senhor já estava em Brasília? CC – Eu já estava em Brasília porque já tinha uma reunião com o presidente Hugo Motta. Nós já tínhamos marcado, pré-agendado, uma reunião. Mas esse tema não estava na pauta. Esse tema só surgiu na pauta na noite, tarde da noite de terça-feira. Leia também: Balanço da queda do IOF: Alcolumbre e Motta mais fortes e clima de ressaca no governoIM – E o que aconteceu para que esse tema surgisse tarde da noite de terça-feira? O senhor acredita que motivou o presidente Hugo Motta a tomar essa decisão? 
 
CC – Isso aí todo mundo quer saber, né? Então, pergunta para o Hugo Mota. Acredito que ele fez uma aposta. Eu acho que, vendo o trabalho que eu havia feito em relação ao INSS — eu iniciei todo esse movimento, essa questão dos aposentados do INSS. Fruto do meu trabalho, o Senado também tomou providências. E eu sempre tratando com o Hugo Motta, apresentando para ele as orientações, pedindo a orientação dele, qual o melhor caminho. Algo muito didático dentro do Parlamento. Então, eu acho que ele gostou muito da didática que eu usei, sempre respeitando todos os lados. Nunca deixei de atender a imprensa. E dentro do Parlamento também, não deixando de conversar com as lideranças e sempre ali, lado a lado com o presidente. Então, eu acho que ele gostou disso e disse assim: pô, se eu vou apostar nesse relator. IM – Esperava uma votação tão expressiva do plenário? CC – Com toda sinceridade, não. Eu imaginava que a gente fosse vencer sim. Mas não com 383 votos. Eu não estava contando com tanto apoio dessa forma. Vários parlamentares me procuraram para dizer: estou contigo. Mas isso acontece sempre, né? Aí na hora da votação é outra coisa. Mas neste caso, o “estou contigo” realmente estava. IM – O que que o senhor acha que motivou essa adesão tão grande, inclusive, de parlamentares da base do governo? CC – Sim, foi muito claro, vários parlamentares do PDT, por exemplo, viram me dizer que estavam comigo. Por isso que eu ficava ali: mas será que vão votar comigo mesmo sendo da base? E de fato isso ocorreu. Ninguém, nenhum cidadão está falando bem do governo, nos estados, sobre aumento de impostos. E isso os deputados sabem. Eles estão ouvindo o clamor da população, não queremos mais pagar imposto, não aguentamos mais: o pão aumentou, o feijão aumentou, o gás aumentou e aí vai. Nós estamos na véspera de uma campanha. Então, isso também motivou muitos parlamentares a não acompanhar uma decisão do governo. Eles não querem nada que vier do governo em temos de aumentar tributos. Isso foi o principal. IM – Ainda tem outra proposta do governo, que é a Medida Provisória do ajuste fiscal pra ser votada. O senhor acha que o clima pra essa MP é diferente? CC – Não é diferente. Ninguém vai querer entrar, depois de ter votado aqui, no meu relatório, favorável, como é que ele vai votar favorável na MP? Favorável ao governo? Não vai votar. A conversa aqui está o seguinte: estou decidindo a não votar nada que aumente tributo para o povo. É esse o discurso que está aqui na casa. Não é só nosso, da direita, não. É de todos, todos os que votaram. Cada vez mais o governo fica menor. IM – A medida provisória não trata só de impostos. O senhor acredita que há outros pontos que podem ser aceitos pelos parlamentares?CC – Eu acredito que alguma coisa o Congresso possa ser favorável ao governo. Mas não no todo. Eu acredito que eles vão ter novamente uma derrota. IM – O que o senhor acha que poderia ser negociado para que a MP tivesse aceitação das Casas? CC – Olha, tem tanta coisa a ser estudada, que eu não posso nem pontuar o que de fato é bom ou não. Está tudo em fase inicial ainda. Sem dúvida, é possível ter negociação. A oposição sempre está disposta a discutir, mas eu acho que o momento, na verdade, não está favorável a nada. Eu sugiro que o governo segure porque o momento está ruim pra ele. 
 
IM – A que o senhor atribui este momento ruim para o governo? Já é uma antecipação da disputa presidencial? CC – Eu acho que o momento ruim para governo é mais por ele próprio mesmo. Mas o governo que é responsável pelos próprios atos. É consequência de como ele está tratando a economia no país. É simples. Em casa, quando eu começo a ficar apertado, eu digo para mulher: olha, vamos jantar pouco fora, entendeu? Cinema, vamos dar uma diminuída, entendeu? Passeio sem o objetivo certo, vamos evitar; viagens de vez em quando, é assim que se faz. É hora de o governo fazer o dever de casa e olhar também para o montante de bagagem que ele tem. Bagagem que eu quero dizer o seguinte: quantos ministérios ele tem para carregar? São necessários tantos ministérios? Tem vários ministérios que o povo não sabe nem o nome, muito menos o nome do ministro.IM – Ao mesmo tempo em que estão todos falando em corte de gastos, o Congresso aprova também um aumento no numero de deputados. Não é contraditório? CC – Se eu olhar apenas para o aumento de parlamentares, eu diria para você que todos seriam contra. Eu fui contra e sou contra aumento de parlamentares aqui na Câmara. Eu votei contra, mas tem duas coisas a analisar. Quem pediu para aumentar, segundo o IBGE, as pessoas não estão erradas. Elas não estão erradas. Se a minha população aumentou, se a minha população aumentou, eu tenho mais gente do que aquele outro estado? Poxa, por que ele tem mais do que eu? Então pensando assim, eles não estão errados. Como há um breque embaixo, e aí como é que faz? Não pode diminuir de 8 para 7, porque é lei. E aí sim, acaba aumentando o número de parlamentares. Então, pensando desta forma, eu vejo que quem pediu não está errado. Mas mesmo assim eu votei contrário. Porque aí sim é o dever de casa. A hora é de cortar gastos, de segurar o excesso. Isso vale para todo mundo, inclusive, para o Congresso.The post Bolsonarista relator do IOF na Câmara também foi surpreendido: “surpresa maravilhosa” appeared first on InfoMoney.