Após hiato, Braza lança novo disco com exaltação às raízes e renovação da banda

Wait 5 sec.

Depois de um longo respiro, chegou a hora do mergulho. É assim que a banda Braza lançou o quarto disco de estúdio, Baile Cítrico Utrópico Solar, no último dia 6, antes de duas apresentações no Sesc Guarulhos darem início à nova turnê após um ano e meio sem shows. Pode até não parecer, mas, desde os primeiros ensaios, já são 10 anos de banda. A entrada do grupo carioca formado por Danilo Cutrim (guitarra), Vitor Isensee (teclado), Pedro Lobo (baixo) e Nicolas Christ (bateria) na segunda década foi com um verdadeiro presente: o disco que mais se aprofunda nas identidades musicais do quarteto. “É um momento de renovação de votos”, conta Danilo, em entrevista exclusiva à Jovem Pan News.Mais visceral do que nunca, o novo trabalho da banda amplia as influências do reggae, do rap e do ragga. Dançante e vibrante — como em um verdadeiro baile —, o álbum tem 10 faixas inéditas, incluindo os singles Magnética e Vai Dar Bom – este último, feito em parceria com o grupo Ponto de Equilíbrio.Desta vez, porém, o Baile Cítrico Utrópico Solar se diferencia de outros discos da banda por uma característica marcante: a perenidade. A produção começou em 2023, em três períodos de imersão feitos pelo grupo em meio à rotina de shows, mas só foi finalizada dois anos mais tarde, após o hiato para que Danilo, Vitor e Nicolas saíssem em turnê com a antiga banda, o Forfun.A pausa foi longa, mas proveitosa. O último show como Braza havia sido no festival Lollapalooza, em março de 2024. O da retomada, exatos 446 dias depois. Sem deixar a peteca cair, o grupo mostra que acertou na criação das músicas que resistiram ao hiato. “Deu certo porque estamos mais maduros e menos ansiosos. Cada composição tem seu tempo”, explica Danilo. Para Isensee, o acaso também ajuda a explicar o sucesso. “Ao mesmo tempo que a música pode amadurecer, ela pode ficar datada. Até nas letras, tem coisas que eu falo que são da época. Neste caso, nós demos sorte de que dois anos depois elas ainda fazem sentido”, diz.Além da pausa, os últimos anos também serviram para que os músicos explorassem a própria individualidade em trabalhos solos, cada qual voltado a um gênero mais específico. Tudo isso acabou se somando na hora da produção do novo disco, com notas da MPB, que remetem a Azul (2023), de Danilo; batidas de rap que recordam Vida E Nada Mais (2019), de Vitor; ou os graves típicos do dub em qualquer um dos lançamentos de Pedro.“O que nós vivemos paralelamente, fora do casamento, a gente acaba incorporando na banda”, fala Cutrim. “Na hora que a gente se senta para compor, cada um traz as suas referências. Invariavelmente, vamos mostrar um vídeo de alguém que influencia… tudo isso vai para o caldeirão”, conta Vitor.Só quem fica de fora nos projetos solos é o baterista Nicolas — ao menos no âmbito musical. “Meus projetos paralelos são lavar a louça, cuidar das orquídeas, do cachorro…”, brinca, antes de ser exaltado pelos colegas como “gerente geral” da banda.Mesmo assim, música não é uma fórmula exata — e ainda bem que não é. A troca de informações e estilos é comemorada por Pedro. “Nem sempre a música mais brasileira vai vir do Danilo, ou o mais rap do Vitor, ou o mais reggae meu. Mesmo com esses gostos particulares, tudo se mistura”, finaliza.Cheios de experiência… e com vontade de maisNa amálgama de ritmos que marca a trajetória do Braza, a geografia é uma grande aliada. Ao escutar as músicas do grupo, é fácil viajar pelo mapa-múndi sem sair do lugar: os quatro álbuns, somados ao EP Liquidificador, levam o ouvinte a um passeio pelo Rio de Janeiro, com escalas na Jamaica, Angola, Cuba e Califórnia sem precisar sair do lugar.Tudo isso já era perceptível desde o início, em 2016, e ficou ainda mais reforçado após o hiato — embora nomes como o da jovem cantora Koffee, o experiente Shaggy, a rainha do dancehall Spice e o grupo neozelandês House of Shem saltem mais aos ouvidos no trabalho mais recente. Nicolas explica que o período afastado foi de estudos e pesquisas e se traduziu em cumplicidade e coletividade, com músicas mais coesas. Paradoxalmente, estar separado fez o grupo querer ficar ainda mais junto.“Depois de 10 anos, é saudável dar um passo para o lado e enxergar a coisa de fora. Agora, tem um sentimento muito grande de renovação, de renascimento”, elabora Vitor — que ainda usa Tiranizar, de Caetano Veloso, como metáfora: me prenda, e você me perdeu. Me deixe solto e eu sou todo seu.A nova fase da banda é apenas mais um capítulo em uma história de músicos que estão há 25 anos na cena. Se o Baile Cítrico Utrópico Solar demonstra maturidade sonora no estúdio, o quarteto também se prova cada vez mais afiado nos palcos — ao menos nos dois shows de estreia da turnê. Sempre buscando inovar nas apresentações, o Braza é elétrico do começo ao fim. Alternando entre faixas mais aceleradas, daquelas que fazem o público abrir as tradicionais rodas punk, e outras mais lentas, como as que fazem casais dançarem abraçados, os cariocas mantêm a energia do público sempre no topo com extrema naturalidade.A experiência fica completa com versões estendidas de certas músicas, além de medleys e homenagens a artistas considerados inspirações para os trabalhos. Não é incomum, por exemplo, que os shows tenham espaço para nomes como Charlie Brown Jr., Chico Science & Nação Zumbi ou os também cariocas do Planet Hemp. Tudo isso acoplado a uma iluminação característica e efeitos visuais que complementam o clima de “baile” proposto.Se o que já costumava ser bom ficou ainda melhor, parte se deve à turnê do Forfun, que incluiu shows para dezenas de milhares de pessoas no Allianz Parque, Marina da Glória e a mítica Apoteose. Os músicos explicam que as passagens por palcos maiores permitiram certos avanços técnicos que ajudam a refinar a qualidade do som, como no caso do uso de fones. Siga o canal da Jovem Pan Entretenimento e receba as principais notícias no seu WhatsApp! WhatsApp Agora, com a nova turnê prestes a começar oficialmente, a expectativa é grande. Em São Paulo, o Braza chega em 1º de agosto, na Audio, com promessa de casa cheia e quase duas horas de música. Outras datas já foram marcadas para outros estados, incluindo Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Os ingressos seguem disponíveis para todas as apresentações e podem ser encontrados pela internet ou nas redes sociais da banda. Leia também St Vincent e Laufey movem o público em boa edição do Popload Festival Sem previsão de retorno, Forfun encerra turnê no Rio de Janeiro neste sábado