A regulamentação das apostas online no Brasil abriu caminho para um debate mais amplo sobre a legalização de outras modalidades de jogos de azar. Leonardo Baptista, CEO da Pay4fun, empresa de meio de pagamentos, afirma que a formalização do mercado online é um passo essencial para destravar a pauta dos cassinos físicos no Congresso."Tudo que está acontecendo com o online é um grande teste. O governo está vendo que o mercado de apostas já gerou empregos, movimentação econômica e arrecadação. Então, por que não replicar isso em uma escala muito maior para o mercado físico?", afirma Baptista.Hoje, a empresa atende as principais casas de apostas do mundo, como a Bet365, Betano e PokerStars. No 1º semestre de 2024, a Pay4Fun movimentou R$ 2,6 bilhões, um aumento de 121% em relação aos R$ 1,2 bilhão transacionados no mesmo período do ano anterior.Baptista acredita que a discussão sobre os cassinos deve avançar nos próximos meses e que há chances concretas de aprovação."A tendência é que até o final deste ano, com todo esse movimento no online, a regulamentação dos cassinos ande. Se não ainda em 2025, no começo de 2026", diz.O PL 442/91, que trata da legalização dos cassinos, bingos e jogo do bicho, já foi aprovado na Câmara em 2022, mas aguarda votação no Senado, sob a relatoria do senador Irajá (PSD-TO).O projeto original tramita no Congresso há 33 anos. A proposta enfrenta resistência de setores conservadores do Congresso, mas tem apoio de parlamentares que defendem sua capacidade de geração de empregos e arrecadação tributária. Em entrevista à EXAME no ano passado, Irajá afirmou que o PL será um "divisor de águas" para o turismo do país, com potencial de movimentar mais de R$ 100 bilhões em novos negócios."Tecnologia para cassinos físicos está pronta"Enquanto o debate avança no Legislativo, a Pay4fun já desenvolveu uma tecnologia para facilitar a operação dos cassinos físicos quando eles forem regulamentados. A empresa criou um sistema para video lottery terminals (VLTs), que elimina o uso de dinheiro em espécie e reduz riscos como lavagem de dinheiro."Já temos uma solução pronta, 100% funcional. Com ela, você faz um Pix para jogar na máquina, e caso queira parar, o valor volta para a mesma conta. Não há intermediação e não há circulação de dinheiro físico", afirma Baptista.Atualmente, a empresa já opera essa tecnologia em estados onde há loterias estaduais, como Paraíba e Tocantins. A expectativa é expandir a solução para cassinos físicos assim que a regulamentação for aprovada.Impacto da regulamentação e entrada de novos empresasSobre as bets, Baptista afirma que o primeiro mês da regulamentação trouxe um impacto de queda no volume de apostas."Nos primeiros 20 dias, praticamente no primeiro mês, o mercado sofreu um impacto muito grande", afirma Baptista.A exigência de novos procedimentos para cadastro e validação de identidade afastou parte dos usuários, resultando em uma queda de 30% a 50% no volume de apostas em janeiro, segundo o executivo."O usuário que antes só colocava o CPF e fazia um Pix para jogar, agora precisa passar por todo um processo de cadastro, envio de documentos, reconhecimento facial e prova de vida", diz.Apesar do choque inicial, o executivo ressalta que o mercado se recuperou rapidamente e, já em fevereiro, os números voltaram a níveis estáveis na comparação com 2024.Em relação ao crescimento do setor nos próximos anos e à chegada de grandes players internacionais ao Brasil após a regulamentação das apostas esportivas, Baptista diz que já era esperado a entrada de grupos americanos, citando exemplos como BetMGM, em parceria com a Globo, e a Red Rock Resorts, que se associou à Big Brasil."O mercado de apostas no Brasil está em expansão. Em 2023, movimentou entre R$ 150 e R$ 160 bilhões, e em 2024 deve chegar a R$ 180 ou R$ 200 bilhões. A expectativa é um crescimento de 10% a 20% em 2025", afirma.