PetroRecôncavo e Brava fecham novo contrato: quem ganha e quem perde com acordo?

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A PetroRecôncavo (RECV3) e a Brava Energia (BRAV3) anunciaram, na terça-feira (25), a assinatura de um aditivo ao contrato de venda de petróleo extraído da bacia Potiguar. O novo acordo estende a parceria entre as empresas por mais 24 meses e traz mudanças nos critérios de precificação e volume comercializado.Entre as alterações, está o aumento dos descontos aplicados ao preço do petróleo vendido e a introdução de uma parcela de preço variável, atrelada à oscilação dos spreads de querosene de aviação (QAV) e óleo diesel marítimo (MGO). No mercado de petróleo e derivados, “spreads” representam a diferença entre o preço dos produtos refinados e o custo do petróleo bruto usado para produzi-los, sendo influenciados por fatores como oferta e demanda, custos logísticos e variações no mercado global de energia.Além disso, o acordo estabelece um volume mínimo de compra e venda correspondente a 45% da produção da PetroRecôncavo na região. No entanto, esse compromisso dependerá do cumprimento de critérios de desempenho por parte da Brava, garantindo uma relação comercial com maior previsibilidade para ambas as companhias.Com as novas condições, a PetroRecôncavo enfrenta um ambiente menos favorável em termos comerciais, já que os descontos fixos aplicados ao Brent aumentam em 25% para o transporte dutoviário e 32% para o modal rodoviário. O Brent é um dos principais tipos de petróleo de referência no mercado global, usado como base para precificar o petróleo produzido em diversas regiões do mundo. Na prática, os analistas dizem que isso significa uma redução no preço efetivo recebido pela empresa pela venda de seu petróleo.Leia tambémPetrobras divulga 4T24 nesta quarta: veja projeções para números e dividendosAnalistas projetam anúncio de pagamento entre US$ 2,4 a US$ 2,6 bilhões em dividendos Ibovespa Ao Vivo: Bolsa cai após Caged e luta para manter os 125 milBolsas dos EUA passam a recuar, à espera dos resultados de NvidiaO Goldman Sachs estima que essa mudança deve resultar em um desconto adicional de cerca de US$ 2 por barril, o que pode afetar o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) da companhia no curto prazo. O Itaú BBA também avalia que a piora nas condições comerciais pode pressionar os resultados da empresa.Outro fator de risco para a PetroRecôncavo é a nova estrutura de precificação, que adiciona uma parcela de preço baseada na flutuação dos spreads do QAV e MGO. Essa mudança transfere parte da volatilidade dos produtos refinados para a empresa, o que pode aumentar a imprevisibilidade das receitas.Como a produção da PetroRecôncavo na bacia Potiguar representa cerca de 30% do total da companhia, essa nova dinâmica pode trazer mais oscilações nos resultados financeiros. O Itaú BBA diz que ainda há pouca visibilidade sobre os efeitos compensatórios desse modelo de preços.Apesar desses pontos negativos, a empresa garante a venda de pelo menos 45% de sua produção na bacia Potiguar por meio do contrato com a Brava. Esse compromisso reduz riscos relacionados ao escoamento do petróleo e melhora a previsibilidade de parte da receita, segundo os estrategistas.No entanto, o Goldman Sachs pondera que ainda resta a incerteza sobre o destino dos 55% restantes do volume produzido, que precisarão ser vendidos em outras condições de mercado. Caso a PetroRecôncavo consiga negociar esses volumes com descontos menores, pode haver uma compensação parcial para a perda nas margens dos barris vendidos à Brava.Para a Brava Energia, o novo contrato tende a ser positivo, dizem os analistas. A empresa assegura o suprimento de petróleo para sua refinaria Clara Camarão e reduz a exposição à volatilidade dos spreads de refino. Além disso, a ampliação do desconto fixo no preço de aquisição do petróleo reduz seus custos de produção, o que pode fortalecer suas margens operacionais.A Brava também se comprometeu a viabilizar a recepção de caminhões bi-trem e fornecer um armazenamento mínimo de 9 mil m³ para a PetroRecôncavo a partir do quarto trimestre de 2025, o que pode gerar eficiências logísticas para ambas as partes.No mercado financeiro, as casas de análise divergem nas recomendações. O Goldman Sachs manteve a classificação neutra para ambas as empresas, com preço-alvo de R$ 23,80 para RECV3 e R$ 27,40 para BRAV3, citando os riscos e incertezas atrelados ao novo contrato. Já o Itaú BBA reiterou sua avaliação positiva para a PetroRecôncavo, com recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado) e preço justo estimado em R$ 32 para o final de 2025. A instituição vê valor na maior flexibilidade operacional que o contrato pode trazer, embora reconheça que as condições comerciais ficaram menos atrativas.The post PetroRecôncavo e Brava fecham novo contrato: quem ganha e quem perde com acordo? appeared first on InfoMoney.