A disparada dos juros foi o principal fator que inviabilizou o investimento da Cosan (CSAN3) na Vale (VALE3) forçando a empresa a encerrar sua posição.Segundo Rubens Ometto, fundador e sócio controlador da Cosan, a decisão de investir na mineradora foi baseada em um cenário de juros entre 8% e 8,5%, mas com tempo a operação se tornou insustentável.“Quando fizemos o investimento, contávamos com um determinado patamar de juros. Mas os juros não têm sábado, domingo, feriado, eles continuam correndo. Isso impactou a operação e nos levou a sair da Vale”, afirmou.LEIA MAIS: 3 categorias de ações para buscar proteção e retorno no atual cenário econômicoEm janeiro, a companhia confirmou a venda de sua fatia de 4,05% na Vale, por cerca de R$ 9 bilhões, zerando sua posição na mineradora. O movimento ocorreu em meio a um momento em que a holding tenta reduzir sua alavancagem.A fala veio durante um painel com empresários de diversos ramos no BTG CEO Conference 2025 nesta quarta-feira (26).No bate-papo, estavam presentes também, Carlos Sanchez, presidente do conselho Grupo NC, Ricardo Faria, presidente do conselho da Granja Faria e Rubens Menin, fundador da MRV e Banco Inter. A conversa foi mediada por André Esteves, presidente do conselho e sócio do BTG Pactual.Com o redirecionamento da estratégia, o executivo afirmou que a Cosan reforçou seus investimentos em energia renovável e gás natural. A companhia já aplicou R$ 9 bilhões na construção de seis usinas e aposta em projetos inovadores, como o hidrogênio verde, desenvolvido em parceria com a Shell e a Escola Politécnica da USP.“O hidrogênio que estamos produzindo vem do etanol de segunda geração, uma tecnologia que aumenta a produção de etanol sem necessidade de expandir o plantio de cana”, explicou Ometto.O empresário também comentou sobre a chamada “super cana” anunciada por Eike Batista, que supostamente teria produtividade superior à média do mercado. Ometto afirmou, porém, que já estudou tecnologias semelhantes, mas que, na prática, os resultados não se confirmaram.“Conheço os técnicos que estão trabalhando com ele, muitos vieram de empresas que já tentaram desenvolver esse conceito. No final, ficamos no PowerPoint. O etanol de segunda geração, sim, é uma inovação real. Ele permite aumentar em até 40% a produção sem precisar expandir o plantio. E se eletrificarmos as usinas, podemos dobrar a produtividade sem nenhum investimento adicional em novas lavouras”, explicou.A ‘super cana’ já tem data para gerar caixa para Eike BatistaA Cosan também avança no setor de gás natural, com distribuição em sete estados e ampliação da infraestrutura no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Para Ometto, o desafio não está na oferta, mas na conscientização do consumidor.“O Brasil tem muito gás, mas precisa ensinar e catequizar o consumidor a usar essa energia”, destacou. A empresa também inaugurou uma usina de regaseificação em Cubatão, permitindo reverter o fluxo de gás e ampliar a oferta no mercado.No setor ferroviário, a Rumo, controlada pela empresa, está expandindo sua malha com mais 700 km de ferrovia, ligando o norte do Mato Grosso a Lucas do Rio Verde. “Nossos projetos são concretos. Estamos pagando caro por isso, mas estamos fazendo”, disse Ometto.Apesar dos desafios, o empresário segue confiante no futuro. “Apostamos na transição energética, mas sabemos que o caminho exige investimentos de longo prazo e muita resiliência”, pontuou.Balanço da Weg (WEGE3) e outros destaques no mercado hoje; veja o que mexe com o Ibovespa no Giro do Mercado desta quarta-feira (26):