A Defensoria Pública da União (DPU) informou que não foi notificada previamente sobre as derrubadas que ocorreram para abertura de via em uma área ocupada por indígenas no Noroeste, nesta quinta-feira (27/2). À frente da operação, a Agência de Desenvolvimento do Distrito Federal (Terracap) argumentou que a área é pública e que parte dos ocupantes da região não são das etnias que protestam contra as remoções.Defensores públicos federais atuaram, nessa manhã, para evitar a derrubada de casas e manter as comunidades no local. Eduardo Nunes de Queiroz acrescentou que a DPU acompanha há anos a situação dos indígenas do Noroeste.“Temos trabalhado para construir um espaço de negociação e solução das demandas territoriais dos indígenas que querem permanecer nessas áreas”, afirmou o defensor público. No entanto, a Terracap comunicou que a Justiça indeferiu o direito de posse para esses ocupantes, o que levou às derrubadas desta quinta-feira (27/2).Assista: Leia também Distrito Federal Terracap abre via em área ocupada por indígenas no Noroeste Distrito Federal Vídeo: rampa malfeita coloca motoristas e pedestres em risco no Noroeste A DPU detalhou que mantinha tratativas com o Executivo local, a Terracap e o Governo Federal. No entanto, a operação não foi notificada à Defensoria Pública, segundo Eduardo. “A abertura de vias em áreas onde estão os indígenas para a venda e construção de projeções vendidas pela Terracap no Setor Noroeste não foi previamente comunicada”, enfatizou.O defensor público afirmou que a instituição tenta impedir o avanço das máquinas em áreas de moradia e de cultos religiosos, com redução de danos por meio da mediação de conflitos entre as forças de segurança e os indígenas.“Temos buscado uma atuação positiva do GDF e da Terracap, de respeito aos indígenas, às crianças e aos idosos que estão aqui. Para que qualquer outra ação seja previamente discutida e negociada, com busca de uma solução que atenda às demandas resguardadas pela Constituição Federal”, completou Eduardo.Retirada de árvores e moradoresA Terracap iniciou, na manhã desta quinta-feira (27/2), a abertura de um trecho viário previsto em projeto aprovado para construção da Quadra 308 do Noroeste. A agência justificou que a área pública em questão é “ocupada irregularmente por indígenas” do povo Fulni-ô.Tratores, policiais militares e equipes da Secretaria de Proteção da Ordem Urbanística do Distrito Federal (DF Legal) atuaram na operação de derrubada, inicialmente com remoção de árvores. A força-tarefa começou por volta das 9h.No comando das ações, o coronel da PMDF Alexandre Sérgio Vicente Ferreira declarou que não houve resistência por parte dos indígenas. No entanto, houve uso de equipamentos como spray de pimenta para evitar reações dos ocupantes.“A demanda nos chegou por meio da Terracap, com necessidade de supressão vegetal e abertura de vias para desenvolvimento urbanístico. Iniciamos a operação sem transtornos, apenas com algumas intercorrências com um grupo aproximado de 30 pessoas que estavam no terreno, mas foi resolvido no diálogo”, disse o militar da Subsecretaria de Operações Integradas.Veja imagens: Obras em área públicaA Terracap detalhou que as ações de limpeza no local permitirão o início de obras de infraestrutura de arruamento e de águas pluviais da quadra 308 do Noroeste. Além disso, um ponto da área pública sob responsabilidade do Distrito Federal coincide com unidade imobiliária de propriedade da agência, segundo ela informou.6 imagensFechar modal.1 de 6Hugo Barreto/Metrópoles@hugobarretophoto2 de 6Hugo Barreto/Metrópoles@hugobarretophoto3 de 6Hugo Barreto/Metrópoles@hugobarretophoto4 de 6Hugo Barreto/Metrópoles@hugobarretophoto5 de 6Hugo Barreto/Metrópoles@hugobarretophoto6 de 6Hugo Barreto/Metrópoles@hugobarretophotoPor meio de nota, a Terracap destacou que muitos ocupantes da Quadra 308 estão em situação irregular e “se intitulam indígenas sem qualquer documentação ou decisão judicial favorável”, bem como “donos/proprietários da área”.Contudo, nenhum deles foi contemplado na decisão da ação civil pública que deu origem ao acordo com a Comunidade Indígena Santuário Sagrado dos Pajés.Em manifesto formal nesse processo, a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) pediu que fossem julgados improcedentes os pedidos formulados pelos ocupantes irregulares, por não haver “amparo jurídico para a pretensão [deles]” e, em decisão liminar, a Justiça indeferiu o pedido de manutenção da posse.