O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, fez um comentário nesta segunda-feira, 24, sobre a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e outras 33 pessoas por tentativa de articular um golpe para se manter no poder. Segundo o ministro, a investigação aponta uma "aparente articulação para um golpe de Estado", que ainda precisa ser confirmada "à luz das provas".“E ainda a investigação, com recente denúncia da Procuradoria-Geral da República, de aparente articulação para um golpe de Estado, o que ainda precisa ser julgado à luz das provas que forem apresentadas”, disse Barroso durante o seminário "Defesa da democracia e dos direitos fundamentais", na Escola Superior do Ministério Público, em Brasília. O ministro fez a ressalva de que não estava manifestando opiniões: "Estou relatando fatos, não estou emitindo nenhuma opinião".O avanço do populismo autoritárioDe acordo com Barroso, o mundo hoje está "assistindo a uma onda de populismo autoritário anti-institucional e anti-pluralista que oferece sérios riscos à democracia". Ele citou como exemplos desse movimento "líderes carismáticos" da direita à esquerda em países como Hungria, Venezuela e Bolívia, que, segundo ele, "manipulam os desejos e medos das pessoas".Uma prática comum entre esses "populistas autoritários", segundo Barroso, seria:A divisão da sociedade entre "nós e eles", caracterizando um embate entre "as pessoas puras, decentes e conservadoras" contra "as elites cosmopolitas, liberais e corrompidas".O uso de uma estratégia de comunicação direta por meio das redes sociais.Os ataques às Supremas Cortes e às instituições que, conforme Barroso, têm como "papel limitar o poder político majoritário".Forças Armadas e a tentativa de golpeEm outra declaração que ecoou as conclusões da PGR, Barroso destacou o papel das Forças Armadas para barrar a trama golpista no Brasil – algo que, segundo ele, não aconteceu em outros países.“As cortes por si só não são capazes de resistir ao avanço autoritário. No Brasil, no momento decisivo, as Forças Armadas também não embarcaram na aventura do golpe”, afirmou o ministro.Reunião com advogado de BolsonaroNa tarde desta segunda-feira, o presidente do STF tem uma agenda marcada com o advogado criminalista Celso Vilardi, que defende Jair Bolsonaro no inquérito sobre o plano golpista. A informação consta da agenda oficial do ministro divulgada hoje.