O boletim da Santa Sé sobre o estado de saúde do Papa Francisco, divulgado na tarde desta segunda-feira, 24, informou que o Pontífice teve uma "leve melhora" em seu quadro clínico, sem apresentar novas crises respiratórias. No entanto, ele ainda permanece em "estado crítico" e segue fazendo oxigenoterapia, tratamento indicado para pacientes com baixos níveis de oxigênio no corpo.O Pontífice, de 88 anos, foi internado há dez dias para tratar uma pneumonia bilateral e precisou iniciar o procedimento de oxigenoterapia neste fim de semana devido a uma crise asmática. Diante do quadro delicado, o Vaticano convocou orações noturnas pela recuperação do líder da Igreja Católica, a serem iniciadas ainda nesta segunda-feira.Vaticano informa melhora nos exames“A oxigenoterapia continua, embora com fluxo e percentual de oxigênio ligeiramente reduzidos”, informou o Vaticano, acrescentando que alguns dos exames laboratoriais do Papa apresentaram sinais de melhora.Sobre a insuficiência renal leve, identificada no domingo, a Santa Sé afirmou que a situação "não é preocupante", mas segue sendo monitorada.“Os médicos, tendo em vista a complexidade do quadro clínico, ainda não estão divulgando o prognóstico com cautela. Pela manhã, ele recebeu a Eucaristia e, à tarde, retomou suas atividades profissionais”, disse a Santa Sé.À noite, o Papa telefonou para o pároco da Paróquia de Gaza para expressar sua proximidade paterna. “O Papa Francisco agradeceu a todo o povo de Deus que se reuniu para rezar por sua saúde nos últimos dias”, acrescentou o boletim.No comunicado da manhã, o Vaticano já havia informado que o Pontífice passou a noite de forma tranquila, sem novas crises respiratórias. “A noite transcorreu bem, o Papa dormiu e está descansando”, afirmou a Santa Sé.Riscos e preocupações médicasNo fim de semana, o Papa sofreu uma piora em seu quadro clínico, com crises respiratórias que levaram ao início do tratamento com almofadas nasais de oxigênio. Além disso, os exames indicaram insuficiência renal leve, plaquetopenia (diminuição do número de plaquetas no sangue) e anemia.A preocupação dos médicos se dá especialmente pela idade avançada de Francisco e pelas doenças preexistentes que fragilizam seu organismo. O principal risco no momento é o desenvolvimento de sepse, uma infecção generalizada que pode surgir como complicação da pneumonia. Até agora, porém, não há indícios dessa condição.Em mensagem escrita para a oração do Angelus dominical, Francisco afirmou que segue o tratamento "com confiança". “Da minha parte, continuo com confiança na minha hospitalização (...) seguindo com os tratamentos necessários; e o descanso também é parte da terapia!”, declarou o Papa no texto escrito nos últimos dias, segundo uma fonte do Vaticano.Diante da gravidade da situação, o Vaticano organizou orações noturnas na Praça de São Pedro, com início às 21h do horário local (17h de Brasília). A primeira será conduzida pelo cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano.O anúncio dessas vigílias evoca as orações à luz de velas que precederam a morte do Papa João Paulo II, em 2005.Histórico de problemas de saúdeO Papa Francisco foi internado no dia 14 de fevereiro, após apresentar problemas respiratórios recorrentes. Ele foi diagnosticado com uma infecção polibacteriana e, posteriormente, com uma pneumonia nos dois pulmões, o que exigiu um tratamento intensivo.Nos últimos quatro anos, o Pontífice foi internado quatro vezes. Em março de 2023, ele enfrentou uma pneumonia grave, que exigiu hospitalização de urgência.Nos anos seguintes, sua saúde se deteriorou, com acidentes domésticos e problemas nos joelhos e quadris, o que o levou a utilizar cadeira de rodas. Além disso, sua aparência tem sido descrita como cada vez mais cansada.Apesar das dificuldades, em 2024, Francisco realizou uma viagem de 12 dias por quatro países da Ásia e Oceania, a maior de seu papado em duração e distância. Ele também tinha uma agenda intensa para o Ano do Jubileu da Igreja Católica, mas seus próximos eventos foram cancelados devido à internação.Especulações sobre renúnciaDiante da fragilidade do Papa, surgiram especulações sobre uma possível renúncia. Em 2022, Francisco revelou que, logo após sua eleição, escreveu uma carta de renúncia, caso problemas de saúde o impedissem de governar a Igreja.“Assinei a renúncia e disse a ele: ‘Em caso de impedimento médico ou algo assim, aqui está minha renúncia. Você a tem’”, contou o Papa ao jornal espanhol ABC, na época.No entanto, ele também já declarou que deseja permanecer à frente da Igreja enquanto sua saúde permitir, ressaltando que "governa com a cabeça e não com as pernas".