Mesmo após infartar, protetora pedia ajuda para cuidar de 400 cães

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Deuzenice Matos dedicou sua vida a acolher e proteger animais abandonados e resgatados. Ela tinha especial carinho pelos cães paraplégicos, que dificilmente são adotados. Dos 400 cachorros que abrigava quando morreu, 35 tinham algum tipo de paralisia. Ela faleceu na última sexta-feira (22/2) aos 55 anos.A dedicação da protetora durou até os últimos dias. Mesmo com uma doença grave, ela nunca pedia ajuda para si, mas para os cães que tinha em seu abrigo. Em janeiro, uma das protetoras dos animais mais antigas do Distrito Federal publicou que teve dois infartos em um intervalo de 15 dias. No mesmo post que detalhava a sua doença, Deuzenice só pedia doações de ração e fralda para os animais.4 imagensFechar modal.1 de 4Deuzenice dedicou sua vida a cuidar dos animais Redes sociais 2 de 4Um mês antes de morrer, Deuzenice contou sobre a grave situação cardíacaRedes sociais 3 de 4Deuzenice morreu e deixou 400 cachorrosRedes sociais 4 de 4Post no Facebook Redes sociais Por ironia, a mulher que acolheu 400 cachorros tinha um coração fraco. Deuzenice Matos era cardíaca congestiva, quando o órgão não consegue bombear sangue suficiente para o corpo. A protetora tinha apenas 30% de ejeção do sangue.“Dois infartos em menos de 15 dias. Só eu e Deus sabemos o que é passar por isso”, declarou na publicação feita um mês antes de morrer. “Descobri a doença em 2019, quando também tive um infarto que quase perdi a vida”, completou.“Não quero que ninguém sinta pena de mim nem me ajude em nada! Ajude meus animais com ração e fraldas, pois isso que está me matando aos poucos”.Deuzenice ainda escreveu que muitas pessoas “jogavam” os animais em troca de dar ração, mas que de 250 pessoas, só quatro ainda ajudavam a manter os animais. Os 400 animais consomem cerca de 100 kg de ração por dia.Sem abrigo público no DFA protetora promovia encontros no Parque da Cidade e no Parque de Águas Claras para arrecadar doações e estimular a adoção. Deuzenice morava em uma chácara adaptada para a quantidade de animais que recebia. O Distrito Federal não conta com um abrigo público. Quando um animal é resgatado, ele precisa ir para algum local privado que faça o acolhimento.Enquanto amigos e colaboradores se organizam para arrecadar as doações e manter os animais vivos, a Secretaria Extraordinária de Proteção Animal do Distrito Federal (Sepan) informou que, até o momento, não foi notificada formalmente sobre o falecimento de Deuzenice.“Assim que tomar conhecimento da situação, a Sepan vai reunir as informações necessárias para avaliar de que forma poderá ser prestado apoio aos familiares, bem como aos animais sob seus cuidados”. A secretaria informou que tem projetos de castração de animais e que está empenhada para garantir o bem-estar dos animais.O Metrópoles questionou o deputado distrital Daniel Donizet (MDB), que tem como bandeira a causa animal. Em nota, a assessoria do parlamentar disse que é um caso “extremamente complexo, pois são muitos animais e muitos deles são deficientes”.Ainda assim, o deputado está em contato com Sepan para “buscarem uma forma de acolher esses animais já que os abrigos particulares do DF estão todos lotados”. A assessoria informou que o deputado defende a criação de um abrigo público para casos como esse.A assessoria também informou que nenhum protetor do DF está apto para receber emendas parlamentares e por isso que ele não faz doações do tipo, mas ajuda sempre que possível.Como ajudar?As doações podem ser feitas via pix: 074.640.231-70. Quem estiver interessado em ajudar diretamente, com um lar temporário ou adotando animais deve entrar em contato pelo (61) 99804-0370, tratar com Vinicius Lopes Bastos.