Petz e Cobasi: o fator que pode estender a análise da fusão no Cade

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A novela da fusão entre Petz e Cobasi ganhou mais um episódio capaz de prolongar a análise da transação.Terceira maior varejista do segmento pet, a Petlove entrou oficialmente com o pedido como terceira interessada na análise da operação pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômico (Cade).Presente na Lei de Defesa da Concorrência e no regulamento interno do Cade, a figura do “terceiro interessado” permite que empresas e entidades potencialmente impactadas por uma transação se manifestem, contribuindo para a análise do órgão.A habilitação ainda depende de aprovação da Superintendência Geral, que está responsável pela avaliação do ato de concentração. Caso seja habilitada, a companhia pode apelar da decisão da SG e levar o caso ao Tribunal do Cade.O pedido da Petlove não chega a ser uma surpresa, mas faz com que seja mais improvável a tese de que o órgão aprovaria o casamento das duas líderes de mercado ainda no primeiro trimestre do ano e sem restrições — como foi aventado por notícias que circularam em janeiro.O terceiro interessado tem o poder de apelar da decisão da Superintendência, o que pode estender a previsão de 50 dias para uma decisão para algo entre 120 e até 150 dias, segundo um advogado com experiência em direito antitruste ouvido pelo INSIGHT. O caso tem chamado atenção não só de concorrentes e fornecedores do setor de varejo pet, mas também de advogados acostumados com os trâmites da autarquia ouvidos pelo INSIGHT.Um dos pontos de estranhamento tem a ver com o fato de que foram cerca de dois meses para Petz e Cobasi responderem ao pedido do Cade de informações complementares. O edital só foi finalmente publicado no último dia 5, cerca de seis meses após as companhias anunciarem na imprensa a intenção de casar as operações.  A SG antecipou-se à publicação do edital e, ainda em janeiro enviou cerca de 300 questionários a empresas concorrentes e fornecedoras das duas varejistas.  A lista de perguntas da autarquia foi extensa. Para concorrentes, foram cerca de 120 perguntas. Para fornecedores, 99 questões -- com perguntas destinadas a segmentos diferentes, como saúde ou alimentar, e que iam desde o preço praticado em cada região do país até os principais clientes do respondente.Parte da defesa de Petz e Cobasi para a aprovação da fusão está no argumento de que o setor de varejo pet é bastante pulverizado. Em seu edital, a companhia lista mais de 7 mil concorrentes, incluindo desde grandes redes, até marketplaces generalistas e petshops de bairro.Segundo a Petlove, essa definição de mercado sob a ótica do produto engloba estabelecimentos que são muito distintos do modelo de superstore da Petz e da Cobasi. No caso das petshops de bairro, por exemplo, a média de SKUs (itens vendidos) é de 785 unidades. Enquanto o sortimento chega a 12 mil e 15 mil itens na Cobasi e na Petz, respectivamenhte.Por isso, segundo a Petlove, a operação pode gerar distorções no mercado, com a combinação das empresas criando um "monopólio" em várias regiões e reduzindo a competição.A Petlove também usa o e-commerce para exemplificar seu argumento. O faturamento em 2024 desse canal com artigos pet em 2024 foi da ordem de R$ 4,8 bilhões, valor inferior aos R$ 7 bilhões do que seria o faturamento da empresa combinada."Essa mudança no cenário competitivo poderia afetar os preços, a variedade de produtos e a inovação, prejudicando consumidores e outros concorrentes", diz a companhia.O pedido da Petlove ainda deve ser analisado pela Superintendência. Em janeiro, a SG aprovou o pedido da Panduratta, dona da Bauducco e da Visconti, para ser terceira interessada na análise da compra da Wickbold pela mexicana Bimbo, dona dos pães Pullman.