A trajetória do dólar em 2025 pode repetir padrões observados em 2017, segundo análise do Morgan Stanley. Naquele ano, três fatores principais enfraqueceram a moeda americana: a demora na implementação de tarifas pelos Estados Unidos, o crescimento global acima do esperado e a fraca performance de partidos eurocéticos. Agora, os mesmos elementos voltam ao radar dos investidores, junto com a política fiscal e a atuação dos bancos centrais.Os analistas observam que a política comercial dos EUA tem sido uma variável determinante para o comportamento do dólar. Desde a posse do novo governo de Donald Trump, em janeiro deste ano, tarifas sobre importações da China, aço e alumínio foram anunciadas, mas a moeda americana perdeu força.A explicação, conforme o banco, está nas expectativas do mercado, que já precificava aumentos tarifários ainda mais agressivos. Em 2024, moedas como o peso mexicano e o euro sofreram desvalorização diante da possibilidade de medidas protecionistas mais rígidas. Agora, o mercado cambial aguarda os desdobramentos dessas políticas.Leia tambémIbovespa Ao Vivo: Bolsa sobe com bancos, acima dos 126 mil pontos; VALE3 caiBolsas dos EUA operam mistas em meio a preocupações contínuas sobre guerra comercialMarcopolo (POMO4): por que ações estão caindo mesmo com resultado recorde de 2024?Lucro líquido subiu a R$ 319 mi no 4º trimestre, mas retração da margem afetou percepção sobre companhiaA administração americana tem usado tarifas como ferramenta de negociação, buscando concessões de curto prazo de parceiros comerciais e, ao mesmo tempo, protegendo setores estratégicos. Há expectativa de novas tarifas sobre produtos europeus e chineses, mas com aumentos graduais. O Morgan Stanley diz que o euro pode ser pressionado por essa dinâmica, enquanto o yuan chinês pode sofrer ajustes caso o Banco Popular da China decida permitir certa desvalorização para compensar os efeitos das tarifas.No México, a incerteza quanto à renovação do United States-Mexico-Canada Agreement (USMCA) afeta a percepção de risco. Os estrategistas avaliam que o mercado não espera tarifas expressivas sobre importações mexicanas este ano, mas a retórica protecionista deve continuar presente nas negociações. No Canadá, os investidores não veem grandes mudanças tarifárias, o que pode manter o impacto no dólar mais controlado.A política fiscal dos EUA também entra na equação. A extensão da Lei de Cortes de Impostos e Empregos (TCJA) ainda não está garantida, e o aumento do déficit fiscal pode influenciar o comportamento da moeda americana. Estima-se um crescimento do déficit em cerca de US$ 3 trilhões nos próximos dez anos, o que pode reduzir o apelo do dólar como ativo seguro. A ausência de sinais claros sobre mudanças tributárias limita o potencial de valorização da moeda no curto prazo, pontuam os analistas. “Assim como ocorreu no final de 2016 e início de 2017, os déficits fiscais aumentaram substancialmente em torno da eleição de Donald Trump. Em 2016, as expectativas de déficit para o ano-calendário de 2018 aumentaram cerca de 0,5% do PIB entre a eleição de novembro e março de 2017, à medida que os mercados precificavam um aumento nos gastos. Uma dinâmica semelhante tem sido observada nos últimos meses: as expectativas de déficit para 2026 se ampliaram desde o verão de 2024, conforme Donald Trump ganhou força nas pesquisas eleitorais”, escrevem os estrategistas.Os bancos centrais seguem desempenhando um papel fundamental. O Federal Reserve, por exemplo, tem adotado uma postura cautelosa, e qualquer sinal de desaceleração no ritmo de aperto monetário pode pressionar ainda mais o dólar. Na Europa, o Banco Central Europeu também influencia essa dinâmica, principalmente se houver ajustes na política de balanço patrimonial.A expectativa do mercado para o restante deste ano, de acordo com o Morgan Stanley, é de que a política comercial e a trajetória dos déficits fiscais sejam elementos que limitem a valorização do dólar. Se as tarifas forem aplicadas de forma menos agressiva do que o esperado, o prêmio de risco embutido na moeda pode se dissipar ao longo do ano. The post O dólar pode repetir 2017? O que o Morgan Stanley prevê para a moeda em 2025 appeared first on InfoMoney.