A Riot vive um novo fôlego no mundo dos games atualmente desde que o cenário de League of Legends (LOL) nas Américas adotou um novo formato, com mais dinamismo e flexibilidade nas disputas.A desenvolvedora norte-americana de games celebra sua crescente presença em todos os cantos do continente, com diversas estratégias para fisgar o público. A partir de 2025, o tradicional Campeonato Brasileiro de LOL (CBLOL) será incorporado à League of Legends Championship of The Americas (LTA), uma Liga que unifica equipes da América do Sul, América Central e América do Norte. A reformulação também amplia as oportunidades de conexão entre o mercado e o universo dos e-sports.Em entrevista à EXAME, Diego Martinez, Gerente Geral da Riot Games no Brasil, conta que a companhia vem se beneficiando de um mercado aquecido após a pandemia, com aumento nas métricas de consumo (como horas e receitas) e expansão da audiência no país. Seguindo o mesmo ritmo do mundo inteiro. O jogo está só começando: o impacto da Riot Games na indústria dos e-sportsDe acordo com um levantamento da consultoria Newzoo, o mercado global de jogos eletrônicos registrou crescimento anual de 2,1% e movimentou US$ 187,7 bilhões em 2024. No último ano, houve aumento de 4,5% de jogadores em relação a 2023, com elevação de 4% no consumo de games para PC e 3% para mobile.O setor deve continuar crescendo, com projeção de atingir US$ 213,3 bilhões até 2027. Em 2025, essa tendência será impulsionada por novas tecnologias, novas necessidades de consumo e aumento da presença de marcas não-endêmicas.Para essa nova fase, a Riot Games firmou parcerias estratégicas com marcas globais para fortalecer o cenário competitivo na América do Sul. Além disso, foram introduzidos novos modelos de patrocínio, permitindo que empresas apoiem tanto uma das Conferências (Norte ou Sul) da LTA quanto a Liga como um todo, assegurando ampla visibilidade em toda a região.Heineken, KitKat e Nescafé Dolce Gusto, que já marcaram presença no CBLOL ao lado da Riot Games, agora são as parceiras oficiais da LTA Sul – a conferência que reúne equipes do Brasil e de outros países da América do Sul no cenário competitivo de League of Legends. A Pringles se junta a esse grupo, fazendo sua estreia no universo dos Esports de LOL.Algumas marcas ampliaram seu investimento na modalidade e passaram a patrocinar toda a Liga das Américas (LTA), que engloba tanto a LTA Sul quanto a LTA Norte – conferência que conta com times da América do Norte e Central. Novos anúncios de patrocinadores devem ser divulgados em breve.Com uma base de fãs gigantesca e engajada, os Esports de LOL se consolidam como um espaço estratégico para marcas que desejam se conectar com um público apaixonado por cada detalhe do torneio – dos jogadores e equipes aos casters e bastidores da competição.Saiba mais sobre os planos da Riot para 2025 na entrevista a seguir:Como o cenário competitivo de League of Legends (LOL) evoluiu no Brasil e nas Américas?Sempre olhamos nos e-Sports o potencial de manter a comunidade gamer conectada, por meio de um formato competitivo e boas histórias. É isso que permeia o sucesso de League of Legends (LOL) e Valorant, por exemplo. LOL é um formato que começou de maneira tímida, porque a indústria demorou para criar musculatura, com amplo alcance não apenas no Brasil, mas, agora, em toda a América Latina.A liga deixou de ser uma franquia doméstica e o formato passou a ser 100% subsidiado pela Riot, com mais participantes de diferentes países. No momento, contamos com várias conferências no Norte e Sul e times conveniados, com calendário local e regional, levando às competições internacionais. Isso tudo abre oportunidades para novas histórias de jogadores e jogadoras, que estão superando barreiras como atletas e o desafio de representar um país ou um continente inteiro.Como foi o processo para deixar de ser uma franquia?O objetivo sempre foi garantir uma liga e um produto sustentáveis para todos os players. Os times precisaram reconhecer a importância de um equilíbrio financeiro, onde os investimentos gerassem retorno. Para isso, era essencial contar não apenas com o suporte da Riot, mas também com o envolvimento de parceiros comerciais, considerando que cada equipe tem sua própria estratégia de capitalização.Os times estão ampliando seu alcance, atraindo investidores que reconhecem seu potencial para construir e valorizar ativos. Essa expansão deixou de ser apenas local e agora acontece em escala global.Do lado da Riot, introduzimos novas formas de apoio financeiro. Um exemplo é a destinação de parte da receita gerada pela venda de spins relacionados à Liga para um fundo compartilhado entre os participantes, considerando regras e desempenho. Com isso, surgem novas oportunidades de engajamento e exploração comercial, beneficiando times, atletas e investidores. Esses recursos permitem que as equipes se fortaleçam, elevando a competitividade.Como o modelo de negócios da Riot Games tem influenciado o relacionamento com marcas globais?As marcas atuam conosco como patrocinadoras. Mas, eu gosto de pensar que elas vão muito além desse papel. Elas são parcerias de negócios. É claro que estamos cientes das metas e expectativas dessas empresas. Por isso, oferecemos a elas oportunidades de produtos e conteúdos para podermos crescer e fazer entregas juntos para nossas comunidades.Diversas marcas entraram conosco nas ligas profissionais com exposição de mídia, construindo cenários inclusivos, experiencias imersivas e produtos para estilo de vida. Muitas dessas marcas são consolidadas e estão conosco há anos. O valor delas tem crescido no longo prazo, conforme criam presença e identidade. Os consumidores estão mais exigentes, críticos e atentos a esse tipo de posicionamento.Além disso, passamos aos parceiros a segurança de investir, pois o setor de games não é 'fogo de palha', mas algo sólido e lucrativo. Esse é o cartão de visitas que entregamos para as marcas que querem se aventurar nessa indústria.Em qual posição o Brasil se encontra diante das outras filiais da Riot nas Américas? Ainda existem barreiras de crescimento?Nas ligas de todos os cantos do continente, os resultados são positivos, principalmente em audiência e desenvolvimento de negócios. Mas, devemos considerar que cada região tem suas culturas e um contexto macroeconômico particular. Olhando para o mundo inteiro, o mercado está atento aos investimentos e até onde as marcas conseguem se conectar com os consumidores. Então, aqui no Brasil, mostramos que somos capazes de dar retorno robusto e sólido, não só para nós, mas também para os parceiros. O país virou um mercado atrativo, com uma crescente população gamer, em torno de 80%. E isso vai além do entretenimento, é identidade e conexão sólida. Para um investidor, isso é muito importante.A Riot tem os campeonatos próprios, que estão ficando mais caros e maiores do que os outros. Como você acredita que a empresa vai superar e evoluir o título de maior marca do mercado de campeonatos de e-Sports?Valorizamos a perspectiva de manter a nossa comunidade como parte das nossas decisões. E mais do que isso, queremos que ela veja na Riot o lugar onde ela possa se realizar como gamer. Em nossa estratégia, unimos jogos, entretenimento e esportes. Dentro desses núcleos, que se conectam entre si, oferecemos produtos pensados para serem referências. Um case recente disso é a série de animação "Arcane", na Netflix, que parte de uma história de League of Legends, que trouxe conteúdo não só para quem a assiste, mas também para quem joga o game durante a campanha.Durante essa fase, há mensagens reverberadas com campeonatos e conteúdos que permeiam o competitivo profissional, que está na boca do caster, e ativação com parceiros comerciais. Só aqui no Brasil, tivemos parcerias com marcas sólidas que trouxeram conteúdos e experiências, como Burger King, Kit Kat, Red Bull e Riachuelo. Nos tivemos muitas coisas que construíram essa ponte. A gente quer trazer o e-sports mais forte, evoluindo em seus formatos, mas também que nossas transmissões tragam mais entretenimento para a comunidade.Quais são os planos da Riot para os próximos anos? O que os gamers brasileiros podem esperar?Para 2025, teremos campanhas que tragam mais experiências de imersão, não apenas dentro do jogo, mas fora dele. Esperamos oferecer esse hibridismo, na forma como contamos histórias, do digital para o físico. Inclusive nas transmissões. Em 2024, nós trabalhamos muito em colaboração com streamings para projetos de esportes. Nosso plano é voltar a utilizar esse modelo, fechar novos projetos com influenciadores como interlocutores de nossas mensagens, fortalecer nossos canais com conteúdos criativos focados em lifestyle, e acesso competitivos para determinados grupos, que não necessariamente querem virar jogadores profissionais, mas querem conhecer a Riot.Aqui no Brasil, trabalhamos com nosso programa competitivo universitário Collegiate, no qual traremosmais torneios de comunidades de maneira coesa. Estamos fortalecendo nosso programa público, com regras específicas, onde qualquer um que seja inscrito pode desenvolver seu próprio torneio com nosso apoio.Como você vê o mercado de games no futuro?Organizações e empresas do setor esperam não apenas crescimento da audiência e buscas por torneios, como também mais inovação em conteúdos, com jornadas novas dos players que chegam até essas competições.Também podemos esperar melhor evolução nas plataformas de transmissão para nos conectarmos com novos públicos, especialmente para o mobile. Há exigência por conteúdos mais informativos e personalizados aos consumidores. Ainda vamos trabalhar com cenários competitivos de inclusão, que não é mais tendência, já realidade, pois reforça nosso compromisso com a pluralidade e as futuras gerações.