Falta de infraestrutura básica pode comprometer o projeto de reconhecimento facial

Wait 5 sec.

A Prefeitura de Manaus anunciou recentemente a intenção de implantar um sistema de reconhecimento facial para reforçar a segurança pública. No entanto, especialistas alertam que a cidade não possui a estrutura necessária para que essa tecnologia funcione de maneira eficiente, levantando questionamentos sobre a viabilidade do projeto.No entanto, para que um sistema de reconhecimento facial funcione de maneira eficaz, é necessário um conjunto de equipamentos e infraestrutura que garantam a captação, transmissão, armazenamento e processamento de imagens em tempo real. Em cidades que já utilizam essa tecnologia, como São Paulo e Rio de Janeiro, o reconhecimento facial depende de redes de fibra óptica, servidores de alta capacidade e bancos de dados biométricos integrados a órgãos de segurança pública.No caso de Manaus, a situação é diferente. A cidade não conta com um banco de dados biométrico próprio e o acesso a informações faciais da população está limitado a sistemas do Detran e da carteira de identidade nacional, ambos protegidos por regulamentações da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Sem um banco de imagens próprio e atualizado, a eficiência do sistema pode ser severamente comprometida.Além disso, a falta de uma infraestrutura de internet robusta é um dos principais entraves. O reconhecimento facial exige transmissão contínua de imagens em alta resolução (4K ou superior), algo que só pode ser viabilizado com redes 5G ou fibra óptica de alta velocidade. Atualmente, muitas áreas de Manaus sofrem com instabilidade na conexão, o que pode gerar falhas no funcionamento do sistema e atrasos na identificação de suspeitos.Alto custo de implementação e manutençãoOutro fator crítico é o custo elevado da operação. Consultorias especializadas apontam que um projeto desse porte exigiria a instalação de pelo menos 5.000 câmeras de alta tecnologia, com inteligência artificial embarcada e visão noturna. Além do investimento inicial, a manutenção do sistema teria um custo anual de R$ 111 milhões, valor que inclui despesas com atualização de software, armazenamento de dados e energia elétrica para o funcionamento dos servidores.O maior gasto previsto seria a operação do data center, estimada em R$ 48 milhões por ano, seguida da atualização dos equipamentos (R$ 30 milhões anuais) e dos contratos de internet e conectividade (R$ 21 milhões por ano). A capacitação de equipes técnicas, necessária para garantir a operação do sistema, teria um custo de R$ 12 milhões anuais.Solução eficaz de reconhecimento facial ou aposta precipitada?Apesar de prometer reforçar a segurança pública, a implantação do reconhecimento facial em Manaus levanta dúvidas sobre sua real eficácia diante dos desafios técnicos e financeiros. Especialistas afirmam que, sem um planejamento detalhado que resolva os problemas estruturais, o sistema corre o risco de se tornar ineficaz e gerar um alto custo sem os resultados esperados.Antes de investir em um projeto dessa magnitude, a cidade precisaria resolver falhas básicas, como a ausência de um banco de dados biométrico, a fragilidade da rede de comunicação e a falta de infraestrutura tecnológica compatível com as exigências do reconhecimento facial. Sem essas soluções, o projeto pode acabar se tornando mais um exemplo de investimento milionário sem retorno para a população.Leia Mais:Alta nos preços dos alimentos sufoca brasileiros e reduz aprovação de Lula, diz CNTConcessão da BR-364 pode impulsionar agronegócio no Sul do AM, mas pedágio entra na conta