As ações da resseguradora IRB Re (IRBR3) caem forte nesta quarta-feira (26), mesmo após, na véspera, a empresa reportar um lucro líquido de R$ 112,4 milhões no quarto trimestre de 2024 (4T24), um avanço de 196,9% em relação ao mesmo período de 2023. Às 12h40 (horário de Brasília), os ativos caíam 8,45%, a R$ 50,29. O resultado do ano ficou em R$ 372,7 milhões, um crescimento de 226,2% na comparação anual, acima das estimativas do Goldman Sachs e do consenso da Bloomberg. O movimento do mercado levanta o questionamento: por que os papéis recuam após números tão positivos?A resposta está nos detalhes dos balanços e nas avaliações dos analistas. Apesar do crescimento expressivo no lucro líquido, o resultado antes dos impostos caiu 34% em relação ao trimestre anterior. O Goldman Sachs aponta que essa redução foi influenciada por despesas não recorrentes, como reivindicações fiscais e depreciação. Além disso, ajustes ao valor de mercado de títulos e revisões de recebíveis judiciais pressionaram os resultados financeiros.Leia tambémIbovespa Ao Vivo: Bolsa cai após Caged; WEGE3 recua e ABEV3 sobeBolsas dos EUA avançam, enquanto mercado aguarda resultados de NvidiaWEG (WEGE3) cai mais de 7% (de novo) após balanço não animar: oportunidade de compra?Margens desagradaram, mas parte do mercado segue otimista com longo prazo da companhiaOutro fator que pesou foi o aumento das despesas gerais e administrativas (G&A), que subiram para 15,8% da receita, acima da projeção de 9,5% do JPMorgan. A reversão de passivos fiscais e a redução do imposto sobre receitas ajudaram a impulsionar o resultado final, mas elementos negativos, como uma provisão de R$ 63 milhões relacionada a um processo sobre imposto de renda na Argentina e ajustes negativos em recebíveis de resseguros, pesaram sobre o desempenho. O índice combinado ficou em 100%, abaixo dos 104% do trimestre anterior, mas ainda insuficiente para convencer o mercado de uma recuperação consistente.Os resultados financeiros da companhia também vieram abaixo das expectativas. O IRB reportou R$ 109 milhões nessa linha, 34% inferior à estimativa do JPMorgan. O desempenho foi prejudicado por ajustes negativos de R$ 18 milhões em recebíveis de resseguros e perdas com títulos classificados como “Disponíveis para Venda” (AFS). O resultado nessa linha caiu 44,5% em relação ao trimestre anterior e 12% no comparativo anual, ficando 36% abaixo das projeções do BTG. Outro ponto que preocupa o mercado é o crescimento dos prêmios emitidos. O crescimento foi de 7,4% em relação ao ano anterior, mas 16% inferior à projeção do JPMorgan. No mercado doméstico, houve queda de 4% nos prêmios, puxada por uma forte redução no segmento de vida (-58%), que ofuscou os ganhos em P&C (+8%), rural (+87%) e riscos especiais (+115%).No exterior, houve alta de 21%, mas o avanço não foi suficiente para compensar a fraqueza do mercado doméstico. Para os analistas do JPMorgan, o fraco crescimento levanta dúvidas sobre a capacidade do IRB de sustentar sua disciplina de precificação.Os índices operacionais melhoraram. O índice de sinistralidade caiu para 64%, enquanto o índice de aquisição recuou para 18,5%, mas o Goldman Sachs alerta que a elevação de 92% nas despesas administrativas pode indicar um custo operacional mais alto no futuro. Ainda assim, os investidores seguem atentos à capacidade do IRB de manter essa disciplina de precificação sem prejudicar ainda mais o crescimento. A reação negativa das ações também reflete a valorização acumulada nos meses anteriores. O Goldman Sachs lembra que os papéis subiram 29% no ano, contra um avanço de 5% do Ibovespa. Com o lucro antes dos impostos abaixo das expectativas e questões operacionais ainda em aberto, investidores aproveitaram para realizar ganhos.Para o BTG Pactual, a administração da companhia segue focada em garantir rentabilidade antes de expandir a operação, renovando contratos a preços mais elevados e concentrando-se no mercado brasileiro. Riscos e recomendaçãoEntre os fatores que podem impulsionar o desempenho da companhia estão um crescimento maior nos prêmios emitidos, melhora na sinistralidade e um resultado financeiro mais positivo, segundo o Goldman Sachs. Por outro lado, riscos incluem aumento nas despesas operacionais, maior taxa de sinistralidade e impacto negativo de créditos fiscais sobre os lucros antes dos impostos.Os analistas mantêm uma visão cautelosa sobre o papel. O Goldman Sachs recomenda posição neutra, com preço-alvo de R$ 49, abaixo da cotação de R$ 52,11 registrada antes da queda de hoje.O JPMorgan observa que o IRB negocia a 1,9 vez o preço sobre o valor patrimonial ajustado, patamar que pode limitar novas altas se o crescimento dos prêmios não acelerar. Por isso, tem recomendação underweight (abaixo do peso, ou seja, recomendação para reduzir exposição) para os papéis da resseguradora, com preço-alvo de R$ 55. Já o BTG Pactual manteve a recomendação de compra para as ações do IRB, apostando na recuperação da receita e no efeito positivo da taxa Selic elevada. O banco vê a resseguradora bem capitalizada e com operações em trajetória de melhora, embora ressalte que os ganhos na Bolsa desde dezembro podem ter sido exagerados. Com alta de 45% no período, os papéis devem enfrentar volatilidade no curto prazo. Ainda assim, o IRB segue com perspectivas favoráveis, incluindo possíveis aquisições.The post IRB Re (IRBR3): por que ação está caindo tanto mesmo após lucro saltar quase 200%? appeared first on InfoMoney.