A ‘super cana’ já tem data para gerar caixa para Eike Batista; Ometto, da Cosan (CSAN3), diz ter abortado projeto

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A “super cana”, projeto tido como a “menina dos olhos de ouro” do empresário Eike Batista, está prestes a se materializar. O plano, que tem mais de 20 anos, recebeu uma promessa de aporte de US$ 500 milhões do grupo de investimentos Brasilinvest, do empresário Mário Garneiro.A BRXe, empresa que detém o projeto, quer desenvolver 70 mil hectares com a planta e três unidades de moagem de cana de 4 milhões de toneladas cada e uma usina de SAF (Susteinable Aviation Fuel). O aporte da Brasilinvest recebeu recursos dos fundos Abu Dhabi Investment Group (ADIG), dos Emirados Árabes, e General Finance, dos Estados Unidos.“A gente lançou um token para captar dinheiro e fazer um outro módulo de 70 mil hectares. A ‘super cana’ tem uma diferença básica em relação à cana convencional. A cana convencional tem como principal objetivo produzir açúcar, enquanto a ‘super cana’, além do objetivo do açúcar, foca na produção da biomassa. A quantidade extra da biomassa nos permite fazer embalagens par substituir o plástico. O projeto deve começar a gerar caixa em 2028“, disse Luis Rubio, CEO da BRXd e sócio de Batista, ao Money TimesSegundo ele, a “super cana” produz de duas a três vezes mais etanol por hectare, e de 10 a 12 vezes mais biomassa por hectare. Rubio explica que há 17 variedades ou clones, com a melhor delas sendo a SC157070.LEIA MAIS: 3 categorias de ações para buscar proteção e retorno no atual cenário econômicoNesta quarta-feira (26), no segundo dia da CEO Conference, realizada pelo BTG Pactual, o CEO da Cosan (CSAN3), Rubens Ometto, disse que a companhia já trabalhou em cima do projeto da super cana e decidiu abortar os planos.A história de Rubio com a “super cana” começou em 2005, através de outra empresa. “Nós, através da Canaviales e junto da Votorantim, realizamos o melhoramento genético da cana convencional. Quando vendemos a Canaviales para Monsanto, montamos outra empresa chamada Vignes. Só que a Vignes teve um problema de liquidez em 2017 e não aguentamos, pedimos recuperação judicial e resultou na falência. O Eike começou a participar do projeto em 2015 e desde então amadurecemos essas variedades, todas pós-Vignes”.A oportunidade no mercado do SAF e as dúvidas para “super cana”Para Rubio, o projeto conta com uma boa construção porque ele foi feito de trás para frente. A ideia da empresa é sair da armadilha do preço do etanol e se aproveitar de um mercado mais maduro, apesar de ainda incipiente.“Uma boa planta de SAF, é uma planta de 500 milhões de toneladas de SAF. Para fazermos 500 milhões de toneladas de SAF, eu preciso de 1 bilhão de litros de etanol, que para isso, eu preciso de 12 milhões de toneladas de ‘super cana’, o que dá os 70 mil hectares. Fomos de trás para frente para construir um projeto integrado”, explica.O CEO da BRXd reforça que a empresa está seguindo uma rota diferente da lógica do setor sucroenergético, que, na prática, costuma deixar para os institutos de pesquisa, como Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) e Instituto Agronômico (IAC) o desenvolvimento das variedades para as usinas plantarem.“O setor não investiu na ‘super cana’ porque ela é nova. As variedades modernas começaram em 2019 e 2020. A expectativa é de começarmos a plantar daqui a dois ou três meses o primeiro viveiro. Por ter uma maior produtividade por hectare, você sequestra mais carbono no ciclo”, diz.Quanto ao token lançado no projeto, haverá um lock-up (travamento) de 80% das moedas até que a companhia comece a lucrar. Ele também não descarta a possibilidade do projeto ser comprado. “Só depois disso que os stakeholders vão poder vender seus tokens. Vamos vender 10% das moedas e teremos outros 10% para fazer liquidez. O que nos anima no mercado sucroenergético é a ‘super cana'”.