A suspensão das linhas do Plano Safra 24/25 pelo Tesouro Nacional e o subsequente anúncio de uma Medida Provisória (MP) que liberou R$ 4 bilhões em crédito extraordinário, anunciada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, estiveram no foco dos debates do agronegócio na semana passada.Essa questão abre dúvidas sobre a construção do programa para a safra 2025/2026, que deve ser anunciado entre junho e julho. Segundo Felippe Serigati, pesquisador da FGV Agro, o setor enfrentará custos de financiamento mais elevados em 2025.“Para entendermos isso, podemos olhar para o atual patamar da Selic (13,25%) ou a curva de juros futuro. Os papéis associados à dívida brasileira estão operando com uma taxa de juros de 15% com vencimento em dois anos”.VEJA MAIS: duas ações para investir agora e poder ‘surfar’ a alta da Selic e o dólarSegundo ele, esse custo mais elevado deve impactar os investimentos para trocas, aquisições de máquinas e renovações de pastagens.“Se conversarmos com a Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), eles vão estar menos otimistas com relação ao volumes de vendas do setor ao longo do ano. Claro que isso depender de cultura para cultura. Os produtos que sinalizarem uma boa margem, mesmo com um custo de financiamento maior, a conta ainda deve fechar. Mas isso não deve ser regra geral”.A restrição fiscal e os desafios para equalização dos jurosOutro fator que deve impactar o Plano Safra fica por conta da restrição, já que a parcela dos gastos discricionários está ficando cada vez menor, o que pode gerar atrasos, mesmo que esses recursos não sejam classificados como discricionários.“Isso pode resultar em um valor para o Plano Safra que não representa, em termos reais, um grande avanço sem descontar a inflação. A locação de recursos comprometerá o custo do tesouro, ou seja, dos recursos que vão estar associados a alguma equalização dessa taxa de juros, e que não devem crescer na mesma intensidade”.Azul (AZUL4) tem prejuízo de quase R$ 4 bilhões do 4T24; o que fazer com as ações agora? Veja recomendação no Giro do Mercado de hoje: Do outro lado, o custo da construção de menores taxas para o programa também fica mais pesada porque a taxa de juros de referência dos bancos tem crescido.“Existe um terrível problema de cobertor curto, enormes desafios para a confecção do novo Plano Safra, mas não chegar a ser algo inédito. O governo tem dificuldade de sinalizar que vai conseguir lidar Minimamente com essa restrição fiscal, isso pressiona ainda mais as taxas de juros, o que vai retroalimentando esse problema”, explica.