Como o próprio nome já deixa claro, o filme “Conclave”, que concorre ao Oscar de Melhor Filme em 2025, retrata como se dá a escolha de um novo papa e a mistura de mistério, ritual, tradição e, principalmente, política envolvida neste processo.Embora seja um filme de ficção, baseado no livro de mesmo nome do escritor britânico Robert Harris, alguns detalhes da eleição papal são bem fiéis à realidade.Para escrever o livro, Harris contou com a consultoria do cardeal inglês Cormac Murphy O’Connor, já falecido, que participou dos conclaves de 2005 e 2013. O roteirista do filme, Peter Straughan, e o diretor, Edward Berger, receberam um tour privado pela Capela Sistina, onde ocorre a votação. Leia mais Oscar vem aí! Teste seus conhecimentos sobre "Ainda Estou Aqui" SAG Awards 2025: "Conclave" vence o principal prêmio da noite Diretor de "Conclave" elogia Fernanda Torres: "Quero trabalhar com ela" “Conclave” chegou a causar polêmica em alguns setores da Igreja quando foi lançado, por expor um processo que costuma ocorrer a portas fechadas.O longa mostra o embate entre cardeais progressistas e tradicionalistas e o desafio de escolher um candidato com apelo e credibilidade o suficiente para representar a Igreja Católica nos anos futuros. E, embora esta seja uma consideração política, a teologia católica diz que os eleitores devem ser guiados pelo Espírito Santo na hora de votar.Para evitar a influência de lobbies externos e garantir que os cardeais estejam livres para escolher quem acham ser o melhor homem para o trabalho, os conclaves acontecem em estrita confidencialidade, com os participantes isolados do mundo.O filme acerta em muitos detalhes. Vemos cardeais chegando com suas malas de pernoite ao iniciarem o processo e cenas deles fumando um cigarro antes. Ele também recria os quartos na casa de hóspedes – a Domus Sanctae Marthae – onde os cardeais se hospedam durante o conclave, com refeições comunitárias e o transporte através de um ônibus, que os leva de um lado para outro entre as sessões de votação.Os cardeais são proibidos de falar com qualquer pessoa de fora do processo, que pode levar vários dias, e isso inclui a proibição de ler notícias da mídia ou receber mensagens.Apenas cardeais abaixo dos 80 anos têm direito a votar neste processo. Eles depositam seu voto na Capela Sistina, diante da impressionante visão do “Juízo Final”, de Michelangelo. Sua escolha é escrita em cédulas de papel que são queimadas após serem contadas.As rodadas de votação continuam até que um candidato tenha uma supermaioria de dois terços dos votos. Sabemos que um novo papa foi eleito quando a chaminé acima da Capela Sistina solta fumaça branca ao invés de preta.O filme também mostra o lacramento do quarto do papa falecido e a destruição de seu anel, os juramentos feitos pelos cardeais antes da votação, o uso de produtos químicos para garantir a cor correta da fumaça que sai da chaminé para indicar o resultado – preta para nenhuma decisão e branca para mostrar que um papa foi escolhido –, e a varredura da Capela Sistina em busca de dispositivos de escuta.Há, no entanto, alguns pequenos “erros” no filme de Berger, como a disposição das mesas na Capela Sistina e a forma como os cardeais se dirigem uns aos outros.A parte menos crível, no entanto, é a reviravolta final do filme, uma escolha do roteiro que decidiu seguir a liberdade artística ao invés de dar à história um final mais fiel à realidade.Oscar 2025: confira os indicados à categoria de Melhor FilmeEste conteúdo foi originalmente publicado em “Conclave”: o que é real no filme que mostra eleição do papa? no site CNN Brasil.