ViaMobilidade investirá R$ 1 bilhão nas linhas 8 e 9 para reduzir intervalos e reformar estações

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A ViaMobilidade anunciou nesta sexta-feira, 21, um novo aporte de R$ 1,03 bilhão em investimentos para as Linhas 8 e 9 em 2025 para reduzir o tempo de viagem e reformar estações. A informação foi anunciada com exclusividade à EXAME pelo diretor das linhas, André Costa. A reportagem visitou o centro de operações da empresa."A ideia é que esse investimento represente uma consolidação das melhorias que já estamos fazendo há três anos nas linhas", afirma o diretor. O aporte faz parte do plano da plataforma, que prevê um total de R$ 1,57 bilhão em investimentos no setor em 2025.Entre as prioridades está a implementação do Sistema Europeu de Controle de Trens (ETCS), tecnologia de sinalização que permitirá a redução dos intervalos entre composições no futuro.A empresa já reservou R$ 77 milhões para esta melhoria, mas negocia com o governo a inclusão desse instrumento no contrato de concessão -- as novas concessões já preveem a implementação do ETCS."O atual sistema não permite alcançar a máxima eficiência operacional na redução dos intervalos entre trens. Hoje, tenho uma limitação técnica, mas que queremos evoluir para reduzir o tempo", diz.Segundo Costa, com o sistema novo, o tempo médio de intervalo entre os trens cairá de quatro minutos e meio para três minutos nos horários de pico.O plano prevê ainda a revitalização e a reforma de 15 estações e a instalação de mais 2 mil câmeras de segurança, totalizando 4 mil até o fim de 2025. Entre as principais obras, está a modernização da estação Lapa, com entrega prevista para março.“Sabemos que reformas geram incômodos temporários, mas são essenciais para melhorar a experiência dos passageiros”, diz Costa.O diretor revelou ainda que a ViaMobilidade também tem monitorado os impactos climáticos na operação dos trens. Segundo Costa, a chuva extrema que atingiu São Paulo recentemente causou uma paralisação de 50 minutos entre Lapa e Barra Funda, enquanto a linha 7-Rubi e a linha 1-Azul do Metrô tiveram impacto na operação por mais de um dia.Para o executivo, esse dado é resultado do investimento em sistemas de drenagem e adotou um monitoramento climático avançado em parceria com a empresa Climatempo.Costa afirma que o aumento de investimentos, que já chegam a R$ 4,1 bilhões, resultou no crescimento da satisfação dos passageiros. A última pesquisa realizada pela empresa mostrou um aumento de 12 pontos percentuais, representando um avanço proporcional de 30%[/grifar] em relação ao levantamento anterior.“Isso mostra que os investimentos e estratégias de operação estão trazendo resultados positivos”, avalia Costa.Segundo o diretor, a linha 9 já opera com 100% de trens novos, enquanto a linha 8 tem cerca de metade da frota renovada, e já realizou a troca de mais de 60 km de trilhos.Busca de respostas rápidas para as falhasPara reduzir o impacto de falhas, a concessionária investiu em treinamento e simulações de emergências, como ciberataques e eventos climáticos extremos.“Hoje, sabemos exatamente o que fazer para restabelecer o serviço no menor tempo possível”, afirma Costa.Após um número alto de falhas em 2022, que chegou a mais de 50 na linha Diamante e 70 na Esmeralda, quase o dobro que as das linhas da CPTM, segundo levantamento da TV Globo, as ocorrências caíram em 2023, em meio a uma ação cível do Ministério Público e 50 multas do governo do estado, que chegaram a R$ 20 milhões.Segundo executivo, um dos avanços tecnológicos adotados que reduziu os problemas é um sistema de monitoramento da rede aérea, que usa inteligência artificial para identificar possíveis falhas antes que se tornem problemas operacionais. Além disso, a empresa adquiriu 50 novos veículos auxiliares, incluindo um carro de ultrassom para detectar irregularidades nos trilhos.“Quando assumimos, havia 66 pontos de interferência na via permanente. Hoje, todos foram resolvidos, permitindo viagens mais rápidas e eficientes”, disse o executivo.Sobre a superlotação nos trens, especialmente nos horários de pico, Costa afirma que o transporte público naturalmente terá alta densidade, mas que um fator que pressiona a linha 9 é a conexão direta com as linhas 4-Amarela e 5-Lilás do metrô, que despejam milhares de passageiros na operação.“Um trem de metrô transporta cerca de 1.700 pessoas a cada dois minutos, enquanto um trem da linha 9 leva 2.100 passageiros a cada quatro minutos e meio. A matemática não fecha”, afirma.As soluções, segundo o executivo, passam pela otimização da circulação dos trens, com ajustes nos tempos de intervalo e mudanças na estratégia de embarque e desembarque. Além disso, ele vê que com a inauguração de novas linhas e a expansão das já existentes os passageiros terão mais opções.“Hoje, nosso sistema ferroviário está subdimensionado para a população de São Paulo. Precisamos de mais investimentos, como os projetos de expansão das linhas 11, 12, 13 e a futura linha 20”, afirma.Ele também destacou a importância de modelos internacionais, como os pedágios urbanos de Londres e Nova York, que destinam arrecadação ao transporte público.“O mundo todo já percebeu que investir em trilhos é a melhor solução para deslocamentos eficientes em áreas metropolitanas densas”, diz.Com a chegada de 50 mil novos passageiros, ViaMobilidade promete ampliar frota de trensCom a inauguração da estação Varginha prevista para maio, a estimativa é que 50 mil novos passageiros passem a utilizar a linha 9 diariamente. Para absorver essa demanda, a ViaMobilidade prevê a inclusão de até três novos trens na operação. Hoje, a empresa tem 55 trens, com 45 em operação diariamente.“O desafio será manter a eficiência, pois aumentar o número de trens nem sempre significa reduzir o tempo de espera. Precisamos analisar a operação para garantir fluidez e evitar gargalos”, afirma Costa.A empresa desenvolve um estudo de ciência comportamental, inspirado em modelos de Singapura e Colômbia, para incentivar maior engajamento dos usuários com o sistema.“Queremos trabalhar com a população para melhorar a experiência e criar espaços sociais dentro das estações”, diz.