As instituições financeiras no Brasil deverão incluir informações financeiras relacionadas à sustentabilidade em seus relatórios anuais consolidados até 2028, seguindo padrões internacionais. A exigência, estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e pelo Banco Central do Brasil (BC) por meio das resoluções CMN 5.185 e BCB 435, busca aumentar a transparência e permitir que investidores avaliem riscos e oportunidades na tomada de decisões.A obrigatoriedade se aplica a instituições que já divulgam demonstrações financeiras anuais de forma consolidada e que seguem o padrão contábil internacional (IASB).Entre essas instituições estão companhias de capital aberto e líderes de conglomerado prudencial dos segmentos S1, S2 ou S3. Para entidades dos segmentos S1 e S2 e companhias abertas, a exigência começa a valer a partir do exercício social de 2026. Para as demais instituições, a adoção obrigatória ocorrerá a partir de 2028.Padrão internacional para os relatóriosOs relatórios deverão ser elaborados conforme os pronunciamentos do International Sustainability Standards Board (ISSB), aprovados pelo Comitê Brasileiro de Pronunciamentos de Sustentabilidade (CBPS) em setembro de 2024. As normas incluem:IFRS S1 – Define requisitos gerais para a divulgação de informações financeiras relacionadas à sustentabilidade e seus impactos nos fluxos de caixa da entidade;IFRS S2 – Foca nos riscos e oportunidades relacionados a questões climáticas.Segundo Uverlan Primo, Chefe Adjunto do Departamento de Regulação do Sistema Financeiro (Denor) do BC:“A convergência aos padrões internacionais de divulgação permite maior comparabilidade das informações entre instituições de diferentes segmentos e nacionalidades, assim como já ocorre com as demonstrações financeiras consolidadas no padrão internacional”.As instituições que já adotam práticas voluntárias de divulgação de informações financeiras relacionadas à sustentabilidade deverão seguir a regulamentação vigente para manter a uniformidade dos dados. Nos casos de relatórios obrigatórios, será necessária asseguração razoável por auditor independente para garantir a confiabilidade das informações.Transparência e impacto nos investimentosA exigência faz parte da agenda de sustentabilidade do Banco Central, que em 2024 realizou uma consulta pública sobre a inclusão de requisitos da Força-Tarefa para Divulgações Financeiras Relativas ao Clima (TCFD) no Relatório de Riscos e Oportunidades Sociais, Ambientais e Climáticos (GRSAC).Ao padronizar e ampliar a divulgação de informações financeiras relacionadas à sustentabilidade, o Banco Central busca fornecer dados mais comparáveis e confiáveis aos investidores. A transparência permitirá que essas informações sejam consideradas na concessão de crédito e na alocação de recursos, incentivando práticas mais alinhadas às questões socioambientais.Leia MaisBNDES amplia prazo do Restaura Amazônia, que destina R$ 450 milhões à recuperação ambientalPesquisa global mostra que 81% da população vê a ciência como essencial para o futuro