Apesar de os estudos estarem em fase inicial, o transtorno já é considerado um problema de saúde pública e compromete o bem-estar físico, emocional e social dos jovens Nomofobia é o nome que se dá ao sentir medo ou ansiedade de ficar longe do celular. O termo combina as palavras “no mobile phone” e “phobia” e descreve o medo irracional de estar longe do smartphone — seja por falta de sinal, bateria ou até por esquecimento do aparelho em casa. Com o avanço das tecnologias e a dependência crescente dos dispositivos móveis, esse problema vem ganhando espaço em estudos científicos e se tornou uma preocupação de saúde mental, especialmente entre jovens e adolescentes.Além do desconforto momentâneo, a nomofobia está associada a quadros de ansiedade, estresse, irritação e até dificuldades de concentração. A condição, considerada uma fobia situacional contemporânea, pode afetar o rendimento escolar, os relacionamentos interpessoais e até o bem-estar emocional. O TechTudo conversou com especialistas e eles apontam que, com pequenas mudanças de hábito e ajuda profissional, é possível retomar o controle sobre o uso do celular. Entenda um pouco mais sobre a nomofobia nas linhas a seguir. 🔎 Celular está deixando seu cérebro mais lento? Entenda o 'brain rot'🔔 Canal do TechTudo no WhatsApp: acompanhe as principais notícias, tutoriais e reviewsUso excessivo do celular durante o trabalho ou estudo pode configurar dependênciaReprodução/Unsplash📝 Vale a pena comprar um iPhone? Comente no Fórum do TechTudo! O que é nomofobia? Entenda o medo de ficar longe do celularO TechTudo preparou esta lista com sete dicas essenciais sobre nomofobia, o medo de estar longe do celular. A seguir, confira os tópicos que serão abordados na matéria.O que é nomofobia?Quais são os sintomas da nomofobia?Quem é mais afetado?O uso excessivo do celular pode causar dependência?Como identificar se você tem nomofobia?O que dizem os especialistas?Dicas práticas para aliviar o problema1. O que é nomofobia?Nomofobia é o medo intenso e irracional de ficar sem o celular ou sem acesso à internet. A palavra vem do inglês “no mobile phone phobia” e é usada para descrever o desconforto gerado quando alguém se vê desconectado — seja por falta de sinal, bateria, estar sem o aparelho por perto ou até por não conseguir utilizá-lo como gostaria. Com o crescimento da dependência digital, o termo tem ganhado cada vez mais relevância no vocabulário médico e psicológico.Imagem ilustrativa de uma pessoa checando as redes sociais na hoa de dormir, sem fazer a higienização adequada do sonoReprodução/cottonbro studioDe acordo com uma revisão sistemática publicada em bases como Scopus e Web of Science, a nomofobia está associada a diversas alterações físicas, mentais e comportamentais. Ela é mais comum em adolescentes e universitários, populações que utilizam os dispositivos móveis como principais formas de comunicação, lazer e organização da rotina. Em casos mais graves, o problema pode evoluir para quadros de pânico, depressão e compulsão digital.2. Quais são os sintomas da nomofobia?Os sinais mais comuns da nomofobia envolvem reações físicas e emocionais intensas quando a pessoa se vê sem acesso ao celular. “Ansiedade ao ficar sem celular ou quando ele está com pouca bateria, sensações como taquicardia, falta de ar, irritabilidade, desespero são comuns neste cenário”, explica a psicoterapeuta junguiana Karina Stryjer. Esses sintomas podem se manifestar em situações simples, como esquecer o aparelho em casa ou ficar offline por alguns minutos.Imagem ilustrativa de um senhor perdido na floresta utilizando o celularReprodução/Ron LachAlém dos sintomas físicos, também são observados comportamentos compulsivos, como checar o celular constantemente mesmo sem notificações ou usar o aparelho em momentos inadequados, como durante conversas, refeições ou até ao dirigir. Com o tempo, essas atitudes afetam a concentração, a produtividade e o convívio social, levando ao isolamento e à piora da saúde mental. Veja também: Celular está deixando seu cérebro mais lento? Entenda o 'brain rot'.3. Quem é mais afetado?Estudos mostram que a nomofobia atinge com mais frequência adolescentes e jovens adultos, principalmente universitários e estudantes de áreas como medicina e enfermagem. Esse público passa boa parte do dia conectado e costuma usar o celular para estudar, interagir e se entreter. Imagem ilustrativa de uma criança usando o celular para jogarReprodução/Tima MiroshnichenkoÉ comum que o tempo gasto nas telas impeça a realização de outras atividades importantes, como esportes ou o contato com a natureza”, observa a Dra. Karina.Além dos jovens, pessoas emocionalmente dependentes, com baixa autoestima ou histórico de ansiedade também estão mais suscetíveis à nomofobia. O problema, no entanto, pode atingir qualquer faixa etária, especialmente em uma sociedade hiperconectada, onde o celular se tornou extensão da memória, da agenda e até das relações sociais.4. O uso excessivo do celular pode causar dependência?Sim, de acordo com especialistas, o uso abusivo do celular estimula um ciclo de recompensa semelhante ao de vícios em substâncias químicas. Segundo a Dra. Karina Stryjer:Na hora que a criança ou o adolescente se afasta da tela, eles sofrem de abstinência, que é uma ansiedade, uma disforia, uma irritação muito grande que só melhora quando voltam a ter contato com as telas. Isso se parece muito com a síndrome de abstinência de drogas.”Imagem ilustrativa onde o usuário se vê preso ao celular e não consegue se desconectarReprodução/cottonbro studioEsse comportamento é reforçado pelas gratificações imediatas oferecidas por redes sociais, jogos e notificações. Estar conectado passa a ser uma necessidade constante, e qualquer tempo desconectado é percebido como ameaça ou perda. Por isso, a nomofobia é considerada uma dependência digital, reconhecida pela Organização Mundial da Saúde como um transtorno que pode comprometer o bem-estar físico, emocional e social.5. Como identificar se você tem nomofobia?Alguns sinais ajudam a identificar quando o uso do celular deixou de ser saudável. Se você se sente angustiado ao ficar sem sinal ou bateria, verifica o celular mesmo sem ter notificações, tem dificuldade de se concentrar em reuniões ou conversas sem checar a tela, pode estar sofrendo de nomofobia. Imagem de uma pessoa utilizando o celular ao mesmo tempo em que faz uma refeiçãoReprodução/Thirdman“Há pessoas que usam o celular até em momentos inadequados, como ao dirigir ou durante conversas importantes, o que demonstra o grau de dependência”, alerta a Dra. Karina.Outro ponto de atenção é quando o uso do celular começa a prejudicar outras áreas da vida, como o sono, o desempenho acadêmico ou os relacionamentos. Crianças e adolescentes também podem apresentar mudanças comportamentais, como irritação, isolamento e dificuldades de socialização quando estão longe das telas, o que pode indicar o início de um quadro de nomofobia.6. O que dizem os especialistas?A boa notícia é que a nomofobia tem tratamento. “O primeiro passo é tomar consciência sobre o uso excessivo e inadequado do celular e a dependência patológica do mesmo”, afirma a Dra. Karina Stryjer. A especialista recomenda procurar apoio psicológico, especialmente com profissionais da área da saúde mental que possam orientar a mudança de hábitos e comportamentos.O tratamento em saúde mental e a busca por bem-estar também são mostrados no documentárioReprodução/The Movie DatabaseDiversos estudos também reforçam que a nomofobia está em fase inicial de pesquisa, mas já é considerada um problema de saúde pública. O Nomophobia Questionnaire (NMP-Q), criado por Yildrim e Correia, é a ferramenta mais utilizada para diagnosticar o distúrbio em diferentes países. O desafio atual é construir estratégias de prevenção e orientação, principalmente para públicos mais vulneráveis, como adolescentes e universitários.7. Dicas práticas para aliviar o problemaA adoção de mudanças simples na rotina, pode contribuir com a prevenção ou o alivio dos sintomas da nomofobia. Uma boa estratégia, é estabelecer horários fixos para checar redes sociais. Ativar o modo “foco” ou “bem-estar digital” , presentes em dispositivos Android e iOS (iPhone) também pode reduzir o sentimento de dependência do aparelho. Além disso, criar zonas livres de celular em casa — como a mesa de jantar, banheiro e o quarto — são medidas eficazes para reduzir o uso compulsivo. Detox digital funciona? Veja os benefícios de ficar longe do celular.A leitura é uma atividade que pode ser feita em qualquer lugarReprodução/PixabayPara complementar, fazer um detox digital gradual, com metas realistas e reduzir aos poucos o tempo de tela, pode ser uma boa medida. Outras alternativas incluem ativar despertadores para programar uma pausa sem celular, ligar para um amigo ou dar uma volta na praça, orienta a Dra. Karina. Alinhando essas dicas à prática de atividades offline, como: leitura, esportes, meditação e mindfulness, os usuários poderão reequilibrar o uso da tecnologia com o bem-estar mental.Dicas para prevenir:Estabeleça horários fixos para checar redes sociais e mensagens;Ative recursos como “tempo de uso”, “bem-estar digital” ou “modo foco” no celular;Crie zonas livres de celular em casa, como durante as refeições, no quarto e no banheiro;Evite usar o celular como despertador ou companhia para dormir;Incentive atividades offline, como: leitura, esportes, passeios e conversas presenciais;Estimule momentos de silêncio e tédio criativo, sem estímulos digitais;Ensine crianças e adolescentes a usarem o celular de forma equilibrada desde cedo;Pratique o exemplo: reduza o uso de telas perto de outras pessoas, principalmente crianças.Para aliviar os sintomas:Programe pausas conscientes ao longo do dia, longe do celular;Use alarmes ou lembretes para momentos sem tela — caminhar, tomar um café, respirar;Faça um “detox digital” progressivo: comece com 15 minutos offline e aumente gradualmente;Pratique mindfulness, meditação ou exercícios de respiração para controlar a ansiedade;Mantenha o celular fora do alcance em momentos de foco ou descanso;Busque apoio psicológico se sentir angústia, irritabilidade ou sintomas físicos ao se desconectar;Anote pensamentos e emoções quando estiver sem o celular para identificar padrões de dependência;Substitua o hábito de checar o celular por outra atividade prazerosa e imediata, como ouvir música ou ligar para alguém.Com informações de National Library of Medicine e UFMG.Mais do TechTudoVeja também: Golpe do Instagram sequestra contas de usuários; veja como se protegerGolpe do Instagram sequestra contas de usuários; veja como se proteger